História

Temas de Historiografia Contemporânea II - As redes de sociabilidades: Do Antigo Regime à cena revolucionária (objetos e instrumentos de investigação)

Natureza do curso
Difusão
Objetivo

Apresentar aos participantes algumas considerações sobre temas da historiografia contemporânea, seus métodos, práticas e fontes, proporcionando informações e material que lhes permitam atualizar seus conhecimentos como docentes, pesquisadores, ou como formação geral. Para isso, neste curso, será trabalhado o conceito de redes de sociabilidades, que vem ganhando cada vez mais espaço nos estudos historiográficos, permitindo abordar de maneira mais rica a complexidade das relações sociais estabelecidas num determinado momento histórico. Desta perspectiva de análise, discutiremos o próprio conceito, incluindo sua origem, desenvolvimento e aplicações mais freqüentes na historiografia. Em seguida, localizaremos as redes de sociabilidades que caracterizaram sociedades do Antigo Regime em França e no Império Português, como contextos exemplares para a abordagem teórica-metodológica em questão.

Programa

- Aula Inaugural: Prof. Dra. Sara Albieri 

- Aula 1: Itinerários franceses: das redes intelectuais à abordagem das sociabilidades surgidas da Revolução Francesa – Profa. Priscila Gomes Correa 
O meio intelectual constitui um núcleo central para a compreensão da noção de redes de sociabilidades, pois aí se consolidam os mais diversos laços que se atam em torno da redação de revistas, editoras, centros universitários e de pesquisa entre outros, abarcando a complexa relação entre itinerários, gerações e sociabilidades diversas. A partir disso, nesta aula, o conceito ganhará forma sob a abordagem de pesquisadores preocupados com os percursos de intelectuais, políticos e artistas, acompanhando a aplicação contemporânea do termo a contextos históricos diversos, com ênfase nas redes de sociabilidades tecidas sob a cena revolucionária francesa, mais especificamente nas reuniões da Assembléia Nacional, no verão de 1789. Trata-se de um exemplo inaugural para o entendimento do funcionamento de diversas redes, suas tensões, conflitos e consenso, uma vez que apresentam desdobramentos até os dias de hoje. 

- Oficina 1: Propostas e práticas revolucionárias: o cotidiano das redes de sociabilidades sob a Revolução – Profa. Priscila Gomes Correa 
Nesta oficina será abordada a configuração das redes de sociabilidades tecidas a partir do 1789 na França, com base em diversas fontes documentais, tais como discursos, projetos administrativos, tratados filosóficos e iconografia produzida no período. A noção de rede permitirá ao aluno a percepção da complexidade que envolve a produção dessas fontes, que aparecem como indício para a compreensão da formação de sociabilidades diversas e fundadoras do mundo contemporâneo. 

Aula 2: O uso do conceito de redes de sociabilidades e as novas perspectivas de análise nos estudos sobre o Antigo Regime Português – Profa. Ana Paula Medicci 
O objetivo da aula é apresentar o modo como o conceito de “redes” foi introduzido e trabalhado nos estudos sobre os impérios ibéricos nas últimas duas décadas, enfocando as contribuições que essa nova perspectiva teórico-metodológica trouxe para os estudos históricos baseados em análises de relações familiares, clientelares, de negócios e mesmo administrativas, nas quais a atuação de indivíduos e dos grupos nos quais estavam inseridos se tornam centrais para o entendimento das complexas estruturas políticas, sócio-culturais e econômicas das sociedades às quais pertenciam. Por outro lado, o uso do conceito de “redes” aliado ao do conceito de “Império” na bibliografia recente sobre a América Portuguesa ampliou a compreensão das circunstâncias que permearam o processo de colonização luso-americana e das dinâmicas sociais que favoreciam a manutenção de laços entre as diversas partes que compunham o Império Luso. 

Oficina 2: São Paulo setecentista: interesses locais e redes imperiais - Profa. Ana Paula Medicci 
Propõe-se a aplicação do conceito de “rede” para o estudo da sociedade paulista de fins do século XVIII e início do XIX para demonstrar como administradores, magistrados, eclesiásticos e negociantes aí radicados estabeleciam interesses baseados em “redes de reciprocidade” e de trocas de favores que ligavam membros de grupos de poder de diferentes regiões imperiais. Para isso, analisaremos a correspondência trocada entre agentes administrativos e membros de grupos de poder locais, ordens régias, queixas enviadas aos órgãos de governo central, inventários e documentação de tribunais régios que permitam reconstruir as redes de interesse que ligavam política e negócios na São Paulo Colonial. 

Aula 3: Re-configuração das redes de sociabilidades após a Revolução Francesa – Profas. Ana Paula Medicci e Priscila Gomes Correa 
Nesta aula, retomando o traçado das redes de sociabilidades tecidas a partir do processo revolucionário francês, abordaremos suas transformações sob as diferentes fases da Revolução, com destaque para as continuidades e rupturas de práticas sociais e de poder do Antigo Regime ao Império Napoleônico, constituindo movimentos de composição e recomposição de redes próprias aos novos contextos. A ação dos grupos que compunham tais redes apresentou imediatos desdobramentos sobre o contexto atlântico, repercutindo até mesmo sobre as Américas Espanhola e Portuguesa. Desta perspectiva, o ano de 1808 aponta para um processo mais amplo de recomposição das redes de sociabilidades em duas vias: uma relativa aos laços políticos ligados ao Império Napoleônico, em oposição declarada à Inglaterra, e outra luso-americana que envolvia não só administradores e políticos recém imigrados, mas também os diversos setores sociais, num processo que influiu diretamente no cotidiano de populações urbanas e rurais. 

Programa Detalhado
Carga horária
18.00h
Vagas

Máximo: 50 alunos.
Mínimo: 25 alunos.

Certificado/Critério de Aprovação
Para fazer jus ao certificado de extensão o aluno precisa ter o mínimo de 85% de frequência.
Coordenação
Profª. Drª. Sara Albieri, da FFLCH/USP.
Ministrante(s)

Profs. Ana Paula Medicci, Priscila Gomes Correa e Sara Albieri.

Promoção
Departamento de História, da FFLCH/USP.
Detalhes

 Matrícula On-Line : efetuar a matrícula ON-LINE (Sistema Apolo).

             

Documentos e Perspectivas do Trabalho Historiográfico

Valor

Gratuito.

Natureza do curso
Difusão
Objetivo

Discutir com os alunos as atuais perspectivas de trabalho historiográfico.

Programa

1. O conceito de documento histórico. Registro x Documento. 
2. Fontes escritas e de cultura material. Aproximação e conceituação. 
3. A tipologia da documentação escrita e os caminhos para seu estudo. (2 aulas) 
4. Transcrições e traduções de textos. Textos em línguas mortas e/ou arcaicas (inglês e Frances medievais, italiano renascentista, português arcaico, entre outros). (2 aulas) 
5. Arquivos e Arquivologia. Os fundos documentais. Os suportes. 
6. A cultura material: a arqueologia, a cultura visual, a historia da arte, a história urbana, etc. (3 aulas) 
7. O conceito de patrimônio histórico, patrimônio cultural e a gestão do bem público. 
8. Museus, museologia e museografia. A voz dos objetos. 
9. Imagem, comunicação e marketing. 
10. Conclusões possíveis: a formação e o papel do historiador. 

- M.Bloch, 1936, /Apologie pour l?Histoire, le métier d?historien/. On line gratuito em http : //www.uqac.ca/Classiques_des_sciences_sociales/[1]
- Ciro Flammarion Cardoso e Ricardo Vainfas, 2007, /Os Domínios da História/, Campus, R. Janeiro.

Programa Detalhado
Carga horária
21.00h
Vagas

Máximo: 100 alunos.
Mínimo: 30 alunos.

Certificado/Critério de Aprovação
Para fazer jus ao certificado de extensão o aluno precisa ter o mínimo de 85% de frequência.
Coordenação
Profa. Dra. Marlene Suano, da FFLCH/USP.
Ministrante(s)

Profs. Ds. Ana Maria de Almeida Camargo, Elias Thome Saliba, Marlene Suano e Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses, da FFLCH/USP; e, Solange Ferraz de Lima e Vânia Carneiro de Carvalho, do MP/USP.

Promoção
Departamento de História, da FFLCH/USP.
Detalhes

Início e fim da matrícula (enquanto houver vaga):
19.09 a 29.09.11 - 25.08 a 02.09.11 (alterado em 25.08.11)

Matrícula On-line ou Presencial:
• Matrícula ON-LINE
• Matrícula Presencial (Veja ao lado Procedimentos Matrícula Presencial)

Desistência: 
O aluno desistente deverá comparecer à Secretaria ou ligar no telefone 3091-4645, no prazo de 2 dias antes do início do curso. Assim, caso haja Lista de Espera, poderemos preencher as vagas.

Detalhes

Início e fim da matrícula (enquanto houver vaga):
19.09 a 29.09.11 - 25.08 a 02.09.11 (alterado em 25.08.11)

Matrícula On-line ou Presencial:
• Matrícula ON-LINE
• Matrícula Presencial (Veja ao lado Procedimentos Matrícula Presencial)

Desistência: 
O aluno desistente deverá comparecer à Secretaria ou ligar no telefone 3091-4645, no prazo de 2 dias antes do início do curso. Assim, caso haja Lista de Espera, poderemos preencher as vagas.

Ensino de História: Saberes e Práticas

Natureza do curso
Difusão
Níveis Oferecidos

VAGAS ESGOTADAS!!

Objetivo

O Curso Ensino de História: Saberes e Práticas visa apresentar aos participantes algumas considerações sobre temas relacionados ao ensino de História na Educação Básica, tendo em vista o aprimoramento da formação dos docentes de História neste nível de ensino. Em função disso o público-alvo são os professores da disciplina, bem como estudantes de cursos de licenciatura em História.

Programa

O curso abordará questões relativas ao ensino de História na Educação Básica enfocando três temas: 

• 01/10/2011: Atividades lúdicas no ensino de História, a ser ministrado pelo professor Dr. José Antonio Vasconcelos do departamento de História, FFLCH/USP, que apresentará aos participantes um repertório de técnicas e dinâmicas de ensino que podem ser utilizadas para o trabalho de diversos conteúdos do currículo de História no ensino fundamental e médio. 

• 08/10/2011: O ensino de História e a questão indígena, a ser ministrado pela professora Dra. Antonia Terra de Calazans Fernandes do departamento de História, FFLCH/USP, que aprofundará reflexões a respeito da questão indígena, para atender a Lei nº 11.465/08, que estabeleceu a obrigatoriedade da temática da história e da cultura dos povos indígenas na escola. Por conta dessa demanda, a proposta é realizar estudos das relações entre os fundamentos da produção historiográfica e os da história ensinada, identificando e analisando representações, aprofundando temas históricos, e buscando alternativas de estudos escolares e materiais didáticos. 

• 22/10/2011: Rir da História, a ser ministrado pelo professor Dr. Marcos Antonio da Silva do departamento de História, FFLCH/USP, discutindo o uso de filmes históricos em sala de aula a partir do filme Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (direção de Carla Camurati, Brasil, 1994).

Programa Detalhado
Carga horária
24.00h
Vagas

Máximo: 45 alunos.
Mínimo: 15 alunos.

Detalhes

► 19 a 23.09.11
Matrícula SOMENTE para professores de História da rede pública de ensino, até o total de 15 vagas.
Apresentar declaração da escola comprovando ser professor de História.

 Matrícula On-Line 
                  1ª etapa: efetuar a matrícula ON-LINE (Sistema Apolo)
                  2ª etapa: encaminhar o documento comprobatório até 3 dias após a MATRICULA. Após essa data, quem não enviar o comprovante terá a matrícula cancelada.
                  (O documento pode ser entregue na Secretaria (SCE) ou através do link disponível na data estipulada).   
                  ENCAMINHE AQUI O DOCUMENTO COMPROBATÓRIO.

Matrícula Presencial 
Veja  ao lado Procedimentos Matrícula Presencial.


26 a 29.09.11 (caso sobre vaga)
Matrícula para público em geral (Professores de História da Educação Básica, alunos de graduação e demais interessados).

Matrícula  ON-LINE (Sistema Apolo) ou                

Matrícula Presencial 
Veja  ao lado Procedimentos Matrícula Presencial.


Desistência: O aluno desistente deverá comparecer à Secretaria ou ligar no telefone 3091-4645, no prazo de 2 dias antes do início do curso. Assim, caso haja Lista de Espera, poderemos preencher as vagas.

Temas da Historiografia Contemporânea: dos discursos às práticas culturais: investigando a repercussão da experiência revolucionária da França no Império Português

DIFUSÃO

PÚBLICO-ALVO
Estudantes, professores da rede pública e privada de ensino e interessados em geral. 

REALIZAÇÃO
Período: 12.08 a 02.09.2010
Horário: 3ª e 5ª feira, 9 às 12:00
Valor: Gratuito.
Carga Horária: 20 horas.
Vagas: 40 (mínimo de 10 inscritos).
Local: Prédio da História e Geografia - Av. Professor Lineu Prestes, 338 – sala 16.

CERTIFICADO
Para fazer jus ao certificado do curso o aluno precisa ter 85% de presença.

COORDENAÇÃO
Profa. Dra. Sara Albieri, da FFLCH-USP.

MINISTRANTES
Profs. Ana Paula Medicci, Patricia Ferreira dos Santos e Priscila Gomes Correa, pós-graduandas da FFLCH/USP.

PROMOÇÃO
Departamento de História, da FFLCH/USP.

MATRÍCULA

PERÍODO ON-LINE: 02 a 10.08.2010, das 00 (1º dia) às 00:59 (último dia), através do sistema APOLO

PERÍODO PRESENCIAL: 02 a 10.08.2010.

LOCAL
Rua do Lago, 717 – sala 126 – Cidade Universitária – SP.
Atendimento das 9 às 11:30 e das 13 às 16:30.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
- RG (data de expedição) e CPF;
- endereço e telefone. 

OBSERVAÇÕES
1. Não efetuaremos matrículas fora do prazo estipulado;
2. Não efetuaremos matrícula por telefone e e-mail;
3. As matrículas serão feitas por ordem de chegada.

OBJETIVO
Apresentar aos participantes algumas considerações sobre temas da historiografia contemporânea, seus métodos, práticas e fontes, proporcionando informações e material que lhes permitam atualizar seus conhecimentos como docentes, pesquisadores, ou como formação geral. Para isso, a partir do estudo de discursos, imagens e ícones produzidos na segunda metade do século XVIII, especialmente após a Revolução Francesa (1789), relacionados aos ideais iluministas e liberais então veiculados no meio ilustrado europeu e em seus domínios ultramarinos, pretende-se analisar a formulação e recepção do ideário da França revolucionária em distintas regiões do Império Português, a fim de compreender a forma e circunstâncias de sua transmissão e recepção em meio às transformações advindas da Revolução Francesa, e diante do quadro de crise do Antigo Regime na Península Ibérica. Assim, busca-se fornecer um panorama do ideário e simbologia que caracterizaram a Revolução Francesa num encadeamento de ordem comparativa com o contexto político nos domínios de Portugal na América do século XVIII.

PROGRAMAÇÃO:

- Aula Inaugural: Prof. Dra. Sara Albieri

- Aula 1: Discursos revolucionários: dos primeiros debates à efervescência cultural do ano II da Revolução Francesa – Profa. Priscila Gomes Correa

Sabe-se que a história da Revolução Francesa não se restringiu ao campo da escrita, mas também ao âmbito da ação e da memória vivida; daí seu caráter polêmico: das definições apriorísticas, às referencias analógicas, juízos de valor e profissões de fé. Diante disso, nessa aula apresentaremos um panorama acerca dos discursos surgidos da Revolução Francesa, os principais debates e questionamentos diante das novas circunstâncias esboçadas pelos ideais do 1789. Teria sido a Revolução fatal ou um acidente, um todo ou partes coincidentes, um mito inscrito na mentalidade coletiva ou uma modalidade de ação efetiva? São questões que acompanharam os debates entre revolucionários, conservadores, liberais ou democratas, sobretudo com a radicalização crescente que levou à Republica Jacobina e à revolução cultural do Ano II.

- Oficina 1: Revolução cultural: símbolos para uma nova maneira de viver e de pensar – Profa. Priscila Gomes Correa

Apesar de breve, a revolução cultural esboçada ao longo do Ano II da Revolução Francesa marcaria duravelmente a história contemporânea, antecipando problemas recentes. Diante disso, nessa oficina desenvolveremos em parceria com os alunos a análise de documentos, sobretudo iconográficos, e práticas culturais que expressavam os principais símbolos revolucionários criados ou apropriados pelo novo regime surgido em 1789, mas cujos valores e princípios tiveram seu ápice cultural no Ano II, com um raro compromisso entre intelectuais e militantes por uma participação popular.

Aula 2: O século XVIII português e o desenvolvimento do Reformismo Ilustrado – Profa. Ana Paula Medicci

Nessa aula pretende-se dar um panorama geral sobre a situação política e econômica portuguesa no período pombalino, analisando especialmente o papel dos chamados “estrangeirados” na reformulação da Universidade de Coimbra (1772) e na fundação da Academia de Ciências de Lisboa, bem como sua atuação conjunta à Coroa Portuguesa nas tentativas de implantação do “reformismo ilustrado”, cujo objetivo seria desenvolver econômica e cientificamente as possessões européias e ultramarinas lusas e, ao mesmo tempo, impedir que a vaga revolucionária que varria a Europa naquele momento atingisse a Coroa Portuguesa.

Oficina 2: Memórias ilustradas: práticas e discursos políticos no Império Português - Profa. Ana Paula Medicci

Análise conjunta de “Memórias” elaboradas por ilustrados luso-brasileiros entre o final do século XVIII e início do XIX, oferecidas aos administradores locais e à Coroa portuguesa, com vistas a propor soluções para os problemas sociais e econômicos enfrentados nas diversas partes do Império Serão trabalhados textos de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, José Bonifácio de Andrada e Silva, Antônio Veloso de Oliveira, entre outros, nos quais são abordadas questões como a do desenvolvimento agrícola e comercial das possessões portuguesas, da integração das populações indígenas e mestiças tidas como “vadias”à sociedade considerada “civilizada” e demais propostas com vistas a garantir o desenvolvimento e a manutenção da unidade imperial

Aula 3: O meio eclesiástico no século XVIII e os desafios perante as novas idéias e políticas ilustradas – Profa. Patrícia Ferreira dos Santos

Será apresentado um panorama da organização eclesiástica estabelecida nas partes do Brasil, com organograma institucional, introdução ao vocabulário técnico – jurisdição, liturgia e cerimonial – e regulamentação – direito canônico, concílios, regimentos e constituições. Abordaremos as relações da Igreja com o Estado, e a importância da comunicação e da circulação eficaz de informações para garantir a eficácia da dominação por ambas as instituições. Procuraremos demonstrar a importância das cartas pastorais como recurso de informação e discurso admoestador e deliberador sobre as práticas, costumes e idéias, condenando as chamadas «novidades» neste plano. A evangelização teria, ainda, implicações com a administração judiciária. As visitas pastorais, seus ritos, e uma rica simbologia serviram ao intento de, mediante a ameaça das luzes e os conceitos que enunciava – entre outros, autonomia, universalidade e laicização - reafirmar os ritos tridentinos. Ao mesmo tempo, observaremos a condenação, sob Pombal a esta resistência de alguns bispos brasileiros em implantar o catecismo de Montpellier.

Oficina 3 - Evangelização: palavra e imagem – Profa. Patrícia Ferreira dos Santos.

Os alunos serão instigados a interpretar as pistas dos discursos veiculado em imagens (barrocas) produzidas no século XVIII, e descrições de rituais católicos e entrada triunfal de bispo nas suas dioceses. Analisando a teatralização do poder, se buscará discutir a retórica da imagem e a sua importância na afirmação de um discurso oficial em prol da manutenção da ordem metropolitana nos espaços conquistados.

Linguagens cruzadas: alternativas para os debates contemporâneos da cultura brasileira

DIFUSÃO

PÚBLICO-ALVO
Estudantes, professores da rede pública e privada de ensino e interessados em geral.

REALIZAÇÃO
Período: 19.10 a 23.11.2010
Feriado: 02.11.2010
Horário 3ª feira,  19:30 às 22:30.
Carga horária: 15 horas.
Vagas: 40 (mínimo de 20 inscritos).
Valor: Gratuito
Local: Sala de Reuniões da Casa de Cultura Japonesa. Av. Prof. Lineu Prestes, 159, Cidade Universitária. São Paulo – SP.

CERTIFICADO
Para fazer jus ao certificado de extensão o aluno precisa ter o mínimo de 85% de presença.

COORDENAÇÃO
Prof. Dr. Elias Thome Saliba, da FFLCH/USP.

MINISTRANTES
Profs. Ana Karicia Machado Dourado, André Domingues, Carmen Lucia de Azevedo, Cristina Eira Velha, Luiz Filipe Correia, Priscila Gomes Correa, Said Tuma, Sonia Teller e Thiago Lima Nicodemo.

PROMOÇÃO
Departamento de História, da FFLCH/USP.

MATRÍCULA 

PERÍODO ON-LINE: 01.10 a 15.10.2010, das 00 (1º dia) às 00:59 (último dia), através do sistema APOLO.

PERÍODO PRESENCIAL: 01.10 a 15.10.2010 (enquanto houver vaga).

LOCAL
Rua do Lago, 717 – sala 126 – Cidade Universitária – SP.
Atendimento das 9 às 11:30 e das 13 às 16:30.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS: RG e CPF.

OBSERVAÇÕES
1. Não efetuaremos matrículas fora do prazo estipulado;
2. Não efetuaremos matrícula por telefone e e-mail;
3. As matrículas serão feitas por ordem de chegada.

OBJETIVO
O objetivo deste curso consiste em promover o diálogo interdisciplinar na abordagem de temas específicos da cultura brasileira, partindo de estudos históricos, através da observação particular de diversas linguagens artísticas, narrativas e concepções históricas, como a música, a literatura, o cinema e a historiografia.
A partir daí, pretende-se desenvolver reflexões e debates sobre a diversidade dos contextos de criação cultural, práticas sociais e representações históricas, no âmbito da história social e cultural, buscando ampliar as possibilidades de compreensão da realidade cultural brasileira contemporânea.

PROGRAMA
Aula I:

• Literatura, cinema e memória: Macunaíma e seus criadores - Mário de Andrade, Grande Otelo, Joaquim Pedro de Andrade

Ministrantes: Ana Karicia Machado Dourado e Carmen Lucia de Azevedo

Objetivos:

A brasilidade bem brasileira de Macunaíma de repente ganhava um rosto, um corpo e todo um gestual. Desde 1969, quando Grande Otelo corporificou o personagem na tela, no filme de Joaquim Pedro – transposição do livro de Mário de Andrade publicado em 1928 –, o que era virtualidade na obra literária, na rapsódia do “herói de nossa gente” criado por Mário, ficou, talvez irremediavelmente, impregnado da persona cinematográfica de Otelo.
Há uma encruzilhada aí: de desejos, de linguagens, de histórias, de memórias, de representações. Do encontro entre três artistas e seus processos criativos, do encontro entre a plasticidade de diferentes linguagens e a experiência histórica de cada um deles, foi possível fixar uma imagem iconificada do brasileiro. É esse nó criativo, implicado na relação entre determinadas formas estéticas e as dinâmicas sócio-históricas singulares, que nos interessa retomar discutindo o filme, o livro, a performance e seus criadores.
Não deixa de ser desconcertante saber que, apesar de publicamente consagrado pela criação de Macunaíma, Grande Otelo orgulhava-se mais de ter desempenhado o negrinho do pastoreio em filme de 1973 cujo enredo baseava-se em lenda gaúcha. A partir de algumas declarações de Grande Otelo, discutiremos tanto a predileção do ator quanto o estranhamento que pode surgir em nós diante da sua preferência.

Bibliografia:
ANDRADE, Mário. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Estabelecimento de texto Telê Ancona Lopez, Tatina Longo Figueiredo. Rio de Janeiro: Agir, 2008.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi. São Paulo: Hucitec, Brasília: Editora da Unb, 1993.
BENJAMIN, Walter. “Paris, capital do século XIX”. In: Walter Benjamin: sociologia. Trad. Flávio R. Kothe. São Paulo: Editora Ática, 1991.
CANDIDO, Antônio. “Dialética da malandragem: caracterização das Memórias de um Sargento de Milícias”. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros. São Paulo: 1970, nº 8.
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Portugal: Difel, 2002.
GOMES, Paulo Emílio Sales. Cinema, trajetória no subdesenvolvimento. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
SALIBA, Elias Thomé. “A dimensão cômica da vida privada na República”. In: SEVCENKO, Nicolau (org.). História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
______. Raízes do riso: a representação humorística na história brasileira, da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia da Letras, 2002.
______. “Representações do cômico no cinema e na história: anotações pertinentes e digressões impertinentes”. In: Estudos de História. Franca: v.4, n.2, 1997, p. 35-55.
SCHWARCZ, Lílian K. M. “O Complexo de Zé Carioca: notas sobre uma identidade mestiça e malandra”. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, nº 29, out. de 1995, p. 49-63.
SCHWARZ, Roberto. “Nacional por subtração”. In: Que horas são? São Paulo, Companhia das Letras, 1987.
XAVIER, Ismail. Alegorias do subdesenvolvimento: cinema novo, tropicalismo, cinema marginal. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.

Aula II: 

• Pestana, Levy e Radiohead: uma reflexão sobre música para além dos limites entre o erudito e o popular

Ministrantes: Luiz Filipe Correia e Said Tuma

Objetivos:
Nos últimos anos, o adensamento das pesquisas envolvendo música tem possibilitado repensar inúmeras questões e problemas que estavam presentes, de modo geral, nas obras mais tradicionais cobrindo este tema, como as histórias da música, obras escritas por críticos de música, ensaios, manifestos, entre outras. Uma vez construída dentro de uma perspectiva interdisciplinar, essa nova produção tem se beneficiado da contribuição de outras áreas do saber, fato que também tem ajudado a relativizar questões envolvendo esse complexo objeto de estudos que é a música.
Um exemplo dessas possíveis contribuições ao trabalho do historiador, apenas para ilustrar com um único caso, poderia ser vislumbrado nos trabalhos do professor de estética Enrico Fubini que, refletindo sobre as peculiaridades da música, nos ajuda a atenuar as linhas divisórias que cindiram o pensamento musical a partir, por exemplo, de critérios de autenticidade, da divisão entre erudito e popular, entre outros.
Desde Pestana, personagem de Machado de Assis, inúmeros foram os musicistas, compositores, grupos de música, que tiveram suas trajetórias compreendidas com dificuldade pelas perspectivas mais tradicionais, as quais não conseguiam entender a natureza híbrida desses atores sociais. No caso de Alexandre Levy, torna-se muito difícil compreender a singularidade das suas aspirações musicais considerando-o, meramente, como compositor erudito e de gêneros europeus, desprezando, com isto, a grande contribuição da música popular urbana como fonte de inspiração de suas obras com expectativas de reconhecimento nacional.
No caso da banda inglesa Radiohead podemos dizer que ocorre um processo de certa maneira inverso ao de Levy, pois o grupo surgiu dentro do universo da música popular urbana, num contexto de explosão de grupos pop na Inglaterra, o Britpop. Porém ao longo da carreira a banda incorporou outros elementos musicais e acabou sendo vista pela crítica como um grupo de vanguarda.
Nesta aula, gostaríamos de refletir um pouco sobre a necessidade de pensarmos a música para além das fronteiras entre o erudito e o popular, e de todas as implicações que essa divisão acarreta. Sem a intenção de elaborar um levantamento exaustivo de toda produção que envolve esse novo posicionamento, gostaríamos de tomar como motivação, além do emblemático personagem machadiano, nossos objetos de estudo, ou seja, o compositor paulistano Alexandre Levy e a banda inglesa Radiohead. Isto porque, nesta nova perspectiva, esses personagens podem dividir, sem constrangimentos, as páginas de uma mesma história da música.
Esperamos com isto, que esta reflexão possa enriquecer de algum modo o repertório dos participantes, sobretudo se ela propiciar uma ampliação de suas possibilidades de escuta. A partir de uma nova sensibilidade, acalentada por essas novas perspectivas historiográficas, acreditamos tornar possível também uma visão menos marcada ideologicamente dos vários repertórios musicais, e com isto, estimular a curiosidade do público por novas experiências sonoras, desde que este se permita, assim como os palestrantes, revisitar aquelas idéias tradicionais que tem marcado, às vezes de modo apaixonado, nossas opiniões sobre música.

Bibliografia:
FISCHERMAN, Diego. Efecto Beethoven. Complejidad y valor en la música de tradición popular. 1. ed. 1ª reimp. Buenos Aires: Paidós, 2004.
FRITH, Simon, Hacia una estética de la música popular. In: CRUCES, Francisco et allí (orgs.) Las culturas musicales. Lecturas en etnomusicologia, Madrid, Ed. Trotta, 2001.
FRITH, Simon, Une Histoire des recherches sur les musiques populaires au Royaume-Uni, In Reseaux, Communication. Technologie, vol.141/142, Lavoisier, 2007, p. 47-63.
FUBINI, Enrico. Estetica della musica. Bologna: Il Mulino, 2003. (Lessico dell’estetica)
GONZALEZ, Juan Pablo. “Musicología popular en América Latina: síntesis de sus logros, problemas y desafíos”. Revista Musical Chilena, Santiago, v. 55, n. 195, jan. 2001. Disponível em . Acesso em 23 jul. 2010.
MACHADO, Cacá. O enigma do homem célebre. Ambição e vocação de Ernesto Nazareth. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2007.
MORAES, José Geraldo Vinci de; SALIBA, Elias Thomé. “O historiador, o luthier e a música”. In:______. História e música no Brasil. São Paulo: Alameda, 2010. p. 9-32.
ROSS, Alex. O resto é ruído: escutando o século XX. Trad. Claudio Carina, Ivan Weisz. Rev. téc. Marcos Branda Lacerda. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo. Uma exploração pioneira pela história passada e pelo atual estado do mais negligenciado aspecto do nosso ambiente: a paisagem sonora. Trad. Marisa Trench Fonterrada. São Paulo: Editora da Unesp, 2001.
TUMA, Said. “Por uma musicologia crítica”. In:______. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008, p. 17-28.
WISNIK, José Miguel Soares. “Machado Maxixe: O caso Pestana”. Teresa revista de literatura brasileira, São Paulo: Editora 34, n. 4/5, 2003, p. 13-79.
______. "Entre o erudito e o popular", Revista de História, Dossiê História e Música, FFLCH/USP, n. 157, São Paulo, 2° semestre de 2007, p. 55-72.

Aula III:

• Chico Buarque e Sérgio Buarque de Holanda: experiência e referências na música, literatura, cotidiano e história

Ministrantes: Priscila Gomes Correa e Thiago Lima Nicodemo

Objetivos:
A aula pretenderá tratar do impacto da obra do historiador brasileiro Sergio Buarque de Holanda em seu filho, Chico Buarque, tendo como ponto de partida a análise da obra de Chico, enfocando a música e a literatura (os romances Estorvo, Benjamin, Budapeste e Leite Derramado, com ênfase nos dois últimos). Em ambas procuraremos refletir sobre as implicações de sua arte no diagnóstico dos dilemas brasileiros, e por extensão nas referências à obra de Sergio Buarque de Holanda.

Bibliografia:

ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre a música brasileira. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1972.
BOSI, Alfredo (org.) Cultura Brasileira: Temas e situações, São Paulo, Ática, 1987.
CANDIDO, Antonio. O discurso e a cidade. São Paulo, Duas Cidades, 1993.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Petrópolis, Vozes, vols. 1 e 2, 1997.
FERNANDES, R. (org.). Chico Buarque do Brasil. Rio de Janeiro, Garamond, 2004.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. RJ: José Olympio Editora, 1994.
MENESES, Adélia Bezerra de. Desenho Mágico: poesia e política em Chico Buarque. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
MORAES, José Geraldo Vinci de. História e Música: canção popular e conhecimento histórico. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.20, n.39, 2000.
NAPOLITANO, Marcos. A síncope das idéias. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2007.
PÉCAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil: entre o povo e a nação. São Paulo, Ática, 1989.
SANT’ANNA, Afonso Romano de. Musica popular e moderna poesia brasileira. Rio de Janeiro, Vozes, 1980.
SCHWARZ, Roberto. O pai de família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
TATIT, Luiz. O século da canção. Cotia, Ateliê Editorial, 2004.
TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. São Paulo: Ed. 34, 1998.
WISNIK, José Miguel Soares. Sem Receita. São Paulo: Publifolha, 2004.

Aula IV:

• Do midiático ao popular, do popular ao midiático

Ministrantes: André Domingues e Sonia Teller

Objetivos:
O curso se iniciará com um exercício de compreensão da obra de Dorival Caymmi, questionando a imagem folclorizante que tantas vezes recebeu dos meios de comunicação, das iniciativas governamentais, da crítica especializada e da intelectualidade de seu tempo. O objetivo é perceber como, embora envolvido desde muito cedo com o ambiente “moderno” do rádio, do cinema e do mercado fonográfico, o artista teve sua produção atrelada aos traços mais “típicos” da sua terra, num movimento que revela fortes contradições da cultura brasileira.
Na segunda metade, o curso pretende abordar a vida da cirandeira Lia de Itamaracá, que, da pobreza, como empregada doméstica, merendeira e mestre da ciranda, se destaca como líder da comunidade onde vive e como artista renomada internacionalmente. Vislumbramos a possibilidade de aprofundamento da análise quando, recorrendo à busca de apoios oficiais e à mídia para viabilizar sua atividade cultural, a cirandeira coloca-se no enfrentamento da crescente tensão entre a espetacularização e o jogo da não-representação das práticas da cultura que divulga.

Bibliografia:

ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo. SP: Martins Fontes, 1993.
AYALA, Maria Inês Novaes & AYALA, Marcos. Côcos, alegria e devoção. Natal: Edufan, 2000.
CAYMMI, Stella. Dorival Caymmi: o mar e o tempo. São Paulo: Ed. 34, 2000.
______. O portador inesperado: a obra de Dorival Caymmi (1938-1958). Dissertação de mestrado, Departamento de Letras, PUC-RJ, 2006.
CONTIER, Arnaldo. “Modernismos e Brasilidade: música, utopia e tradição”. In: NOVAES, Adauto (org.). Tempo e História. SP: Ed. Companhia das Letras/Secretaria Municipal da Cultura, 1992, p. 259-287.
DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. SP: Perspectiva, 1971.
DOMINGUES, André. Caymmi sem folclore. SP: Ed. Barcarolla, 2009.
FELICIO, Vera Lucia G. A procura da lucidez em Artaud. Tese de doutoramento, FFLCH/USP, São Paulo, 1980.
______. “O tempo presente e o proceso teatral”. In: Discurso, n. 19, Revista do Departamento de Filosofia da USP, São Paulo, 1992.
FISCHERMAN, Diego. Efecto Beethoven: complejidad y valor en la música de tradición popular. Barcelona-Buenos Aires-México: Ed. Paidós, 2005.
FOOT HARDMAN, Francisco. “Antigos Modernistas”. In: NOVAES, Adauto (org.). Tempo e História. SP: Ed. Companhia das Letras/Secretaria Municipal da Cultura, 1992, p. 289-305.
GARCIA, Walter. Melancolias, mercadorias: Dorival Caymmi, Chico Buarque, o pregão de rua e a canção popular-comercial no Brasil. Tese de doutoramento, Teoria Literária, FFLCH/USP, 2006.
GINZBURG, Carlo. Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância. SP: Companhia das Letras, 2001.
GONZÁLEZ, Juan Pablo. “Musicología Popular en América Latina: síntesis de sus logros, problemas y desafíos”. In: Revista Musical Chilena, año LV, enero-junio, n° 195. Santiago: 2001, p. 38-64.
LENHARO, Alcir. Cantores do Rádio: A trajetória de Nora Ney e Jorge Goulart e o meio artístico de seu tempo. Campinas: Edunicamp, 1988.
MACHADO, Cacá. O Enigma do Homem Célebre: ambição e vocação em Ernesto Nazaré. São Paulo: Instituto Moreira Sales, 2007.
MONTEIRO, Marianna. Espetáculo e devoção: burlesco e teologia política nas danças populares brasileiras. Tese de doutoramento, FFLCH/USP, São Paulo, 2002.
MORAES, Eduardo Jardim de. A brasilidade modernista: sua dimensão filosófica. Rio de Janeiro, Graal, 1978.
MORAES, José Geraldo Vinci de. “História e Música: canção popular e conhecimento histórico” In: Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 20, n° 39, 2000, p. 203-221.
RISÉRIO, Antonio. Caymmi: uma utopia de lugar. Salvador: Ed. Perspectiva, 1993.
SALIBA, Elias Thomé. Raízes do riso: a representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 2002.
SANDRONI, Carlos. “Adeus à MPB” In: CAVALCANTI, Berenice; STARLING, Heloísa Maria Murgel; EISENBERG, José (orgs.). Decantando a República vol. 1: Inventário histórico e político da moderna canção popular moderna brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004, p. 23-35.
______. Feitiço Decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora-Ed. UFRJ, 2001.
SANT´ANNA, Afonso Romano de. Música popular e moderna poesia brasileira. 4ª edição. São Paulo: Ed. Landmark, 2004.
SQUEFF, Enio; WISNIK, José Miguel. O Nacional e o popular na cultura brasileira: música. 2ª edição. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1983.
SZENDY, Peter. Escucha: una historia del oído melómano. Barcelona-Buenos Aires-México: Ed. Paidós, 2001.
TATIT, Luiz. O cancionista: composição de canções no Brasil. 2ª edição. São Paulo: Edusp, 2002.
______. As festas no Brasil colonial. SP: Ed. 34, 2000.
______. Os sons dos negros no Brasil. SP: Arte Editora, 1988.
TOTA, Antonio Pedro. Samba da legitimidade. Dissertação de mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 1980.
VIANNA, Hermano. O Mistério do samba. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed/ Ed. UFRJ, 2004.
WISNIK, José Miguel. “Machado Maxixe: o caso Pestana”. In: Teresa – Revista de Literatura Brasileira, n° 4-5. São Paulo: FFLCH-USP, 2004

Aula V:

• Investigações sobre a linguagem e prática musicais no estudo da cultura brasileira

Ministrantes: Cristina Eira Velha e Said Tuma

Objetivos:
Nesta aula pretende-se discutir sobre as possibilidades e perspectivas da abordagem da expressão musical como ferramenta para o estudo da história, tendo como foco a reflexão sobre o lugar da música no processo de construção da cultura brasileira ao longo do século XX. Com isso, uma questão fundamental a ser analisada será a presença do nacionalismo que permeia a criação musical e a produção intelectual sobre a música brasileira, destacando-se no contexto da produção historiográfica que tem a música como objeto e projeto cultural.
Enfim, tendo em vista esta chave de leitura da música no interior dos projetos modernistas de construção da identidade cultural brasileira, de afirmação da nossa “brasilidade”, será possível perceber, em um âmbito teórico e metodológico, o quanto a produção musical está marcada pelas concepções sociais e culturais do seu tempo e lugar. E, assim, entender a música como uma linguagem constitutiva de significações sociais e representações simbólicas, interligadas de forma indissociável com as experiências histórico-culturais concretas, numa relação de construções, homologias, (res)significações e representações, que permitem iluminar e desvendar zonas obscuras na história.

Bibliografia:
ALMEIDA, Renato. História da música brasileira. RJ: F. Briguiet & Comp. Editores, 1942.
ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre a música brasileira. SP: Martins, 3ª ed., 1972.
______. Danças dramáticas do Brasil. SP: Livraria Martins Editora, 1959.
______. Pequena história da música. SP: Martins Ed., BH: Ed. Itatiaia, 1980.
______. Dicionário musical brasileiro. Brasília: Ministério da Cultura; São Paulo: IEB/USP/Edusp; Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1989.
BASTOS, Rafael José de Menezes. "Esboço de uma teoria da música: para além de uma Antropologia sem Música e de uma Musicologia sem Homem", In: Anuário Antropológico/93, Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1995, pp. 9-73.
BLACKING, John. “Música, cultura e experiência”, trad. de Tiago de Oliveira Pinto, de: Music, culture and experience. Cap. 8. Chicago/London: The University of Chicago Press, ca. 1970.
CHIMÉNES, Miriam. “Musicologia e história. Fronteira ou ‘terra de ninguém’ entre duas disciplinas?” In: Revista de História, n. 157, Dossiê História e Música, São Paulo, 2° semestre de 2007, p. 15-29.
CONTIER, Arnaldo. “Música no Brasil: história e interdisciplinaridade, algumas interpretações (1926-1980). In: História em debate: problemas, temas e perspectivas. Anais do XVI° Simpósio da ANPUH, RJ, 22 jul., 1991.
______. “Modernismos e brasilidade: música, utopia e tradição”. In: Novaes, Adauto (org.). Tempo e História. SP: Companhia das Letras/Secretaria Municipal da Cultura, 1992, p. 259-287.
______. “O ensaio sobre a música brasileira: estudo dos matizes ideológicos do vocábulário social e técnico-estético (Mário de Andrade, 1928)”. Revista Música, São Paulo: ECA/USP, v.6, n.1/2, mai/Nov, 1995, p. 75-121.
FOOT HARDMAN, F. “Antigos Modernistas” In NOVAES, Adauto (org.). Tempo e História. São Paulo, Ed. Companhia das Letras-Secretaria Municipal de Cultura, 1992, p. 289-305.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. SP: Cia das Letras, 1989.
MORAES, José Geraldo Vinci de. “Os sons na oficina da História”. In: Revista de História, São Paulo: Humanitas, n. 157, 2º semestre de 2007, p. 7-13.
______. “História e Música: canção popular e conhecimento histórico”. In Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 20, n° 39, 2000, p. 203-221.
MORAES, José Geraldo Vinci de; SALIBA, Elias Thomé. “O historiador, o luthier e a música”. In:______. História e música no Brasil. São Paulo: Alameda, 2010. p. 9-32.
NETTL, Bruno. "Música e essa totalidade complexa". Tradução de Jacqueline Bacha, Paulo C. B. Sancer e Paulo G. de Lima, São Paulo, 2001.
PINTO, Tiago de Oliveira. "Som e música: questões de uma Antropologia Sonora" Revista de Antropologia. vol.44, n°1, São Paulo, FFLCH/USP, 2001, p. 221-306.
______. “Cem Anos de Etnomusicologia e a ‘Era Fonográfica’ da disciplina no Brasil”, Etnomusicologia: lugares e caminhos, fronteiras e diálogos. Anais do II Encontro Nacional da ABET. Salvador, nov. 2004, p. 103-124.
ROMERO, Silvio. Cantos populares do Brasil. BH: Ed. Itatiaia; SP: Edusp, 1985.
SANDRONI, Carlos. As gravações da Missão de Pesquisas Folclóricas no Nordeste 1938. Projeto da Vitae: Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social. SP, 1997.
SQUEFF, Enio; WISNIK, José Miguel. O Nacional e o Popular na Cultura Brasileira: música, SP: Brasiliense, 1983.
SOUZA, José Geraldo de. "Os precursores das Pesquisas Etnomusicais no Brasil". Boletim da Sociedade Brasileira de Musicologia, n° 1, ano I, São Paulo, 1983, p. 53-67.
SOUZA, Marina de Mello e. “Os missionários da nacionalidade”. Papéis Avulsos. 36:4, Rio de Janeiro, CIEC, 1991.
TRAVASSOS, Elisabeth. Os mandarins milagrosos. Arte e etnografia em Mário de Andrade e Béla Bartók. Rio de Janeiro: Jorge Zahar & Funarte 16, 1997.
TUMA, Said. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008.
VELHA, Cristina Eira. Significações sociais, culturais e simbólicas na trajetória da Banda de Pífanos de Caruaru e a problemática histórica do estudo da cultura de tradição oral no Brasil (1924-2006). Dissertação de mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 2009.

Diálogos entre música e história: consonâncias, dissonâncias e ressonâncias nos estudos sobre música brasileira

DIFUSÃO

PÚBLICO-ALVO
Estudantes, professores da rede pública e privada de ensino e interessados em geral.

REALIZAÇÃO
Período: 04.10 a 29.11.2010
Feriado: 15.11.10
Horário: 2ª feira, 14 às 16:30.
Carga horária: 20 horas.
Vagas: 40 (mínimo de 4 inscritos).
Valor: Gratuito.
Local: Prédio de Letras, Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 - sala 211.

CERTIFICADO
Para fazer jus ao certificado de extensão o aluno precisa ter o mínimo de 85% de presença.

COORDENAÇÃO
Prof. Dr. José Geraldo Vinci de Moraes, da FFLCH/USP.

MINISTRANTES
Profs. Said Tuma e Cristina Eira Velha, pós-graduado da FFLCH/USP.

PROMOÇÃO
Departamento de História, da FFLCH/USP.

MATRÍCULA
ON-LINE: 20 a 30.09.2010, das 00 (1º dia) às 00:59 (último dia), através do sistema APOLO.
PRESENCIAL: 20 a 30.09.2010 (enquanto houver vaga).

LOCAL
Rua do Lago, 717 – sala 126 – Cidade Universitária – SP.
Atendimento das 9 às 11:30 e das 13 às 16:30.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
RG e CPF.

OBSERVAÇÕES
1. Não efetuaremos matrículas fora do prazo estipulado;
2. Não efetuaremos matrícula por telefone e e-mail;
3. As matrículas serão feitas por ordem de chegada.

OBJETIVO
Apresentar instrumentos para o estudo da música no interior das ciências humanas, especialmente a história, abordando diversas possibilidades de diálogos interdisciplinares entre música, história e as demais áreas das ciências humanas, como a antropologia e a sociologia.

Tendo como ponto de partida a música como linguagem artística que tem uma inserção cultural e social, a qual é inerente à sua forma de expressão estética, pretende-se discutir sobre o papel da música na sociedade e como esta pode ser uma fonte importante para o conhecimento histórico. Desta forma, o curso será dedicado a trabalhar perspectivas metodológicas da abordagem da música como ferramenta para o estudo da história, na compreensão e aprofundamento dos fenômenos históricos e processos sociais.

Para isso, terá como foco a história da música brasileira a partir do final do século XIX e ao longo do século XX, buscando refletir sobre o processo de formação da cultura brasileira a partir do estudo da linguagem musical. Através de aulas estruturadas a partir de temáticas fundamentais no estudo da música brasileira a partir do período republicano, atingir a sensibilidade dos alunos para a importância de se abarcar para além da forma musical, atentando para a sua dimensão de obra humana, produto de uma cultura e sociedade, como prática social ligada ao seu tempo e lugar, expressão dinâmica e complexa das experiências históricas, políticas, econômicas, sociais e culturais.

Ao longo das aulas, serão propostos exercícios de escuta musical, através de exemplos musicais referentes aos conteúdos trabalhados, com registros fonográficos selecionados pelos professores.

PROGRAMA
Aulas I e II:

• Introdução: Possibilidades e dificuldades do diálogo entre música e história

Ministrantes: Prof. Said Tuma (Aula I) e Profa. Cristina Eira (Aula II)

Apesar das transformações historiográficas ocorridas nos anos 70/80 e de certo adensamento na produção acadêmica envolvendo o saber histórico e musical nos últimos dez anos, a música enquanto objeto de estudos para os historiadores ainda se mostra um campo a ser explorado. De outra parte, em relação aos músicos e musicólogos, a situação indica ainda mais questões a serem resolvidas. Na verdade, se pensarmos na “história da música”, veremos que ela representa um saber ainda muito marcado por uma perspectiva auto-referente e alheio às possibilidades da interdisciplinaridade já bastante reconhecidas em outras áreas. A exemplo das chamadas “histórias da música brasileira”, é impossível não identificar nelas, invariavelmente, o mesmo enfoque, ou seja, na obra e na biografia dos grandes compositores. Por estas razões, acreditamos ser muito oportuno participar e, se possível, ajudar a promover este debate.

Em nosso entender, uma compreensão ampla da música deve reconhecer que ela não pode existir em um vácuo social. Ela surge, inevitavelmente, a partir dos cruzamentos de inúmeras forças, tensões e agentes sociais, e se transforma pela constante interação destes elementos que interferem e determinam a sua produção, difusão e circulação.

Desta forma, observaremos alguns trabalhos, sobretudo de historiadores e musicólogos, que permitem situar o problema das relações entre história e música, oferecendo novas saídas e alternativas para se trabalhar com o tema. Perspectivas oferecidas na interface da história com as “musicologias”, como a musicologia histórica, musicologia sistemática, sociologia da música, etnografia musical e etnomusicologia, serão abordadas nas suas particularidades e possibilidades que oferecem de contribuir para o aprofundamento de questões históricas.

Bibliografia:

BASTOS, Rafael José de Menezes. "Esboço de uma teoria da música: para além de uma Antropologia sem Música e de uma Musicologia sem Homem", Anuário Antropológico/93, Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1995, p. 9-73.

BLACKING, John. “Música, cultura e experiência”, trad. de Tiago de Oliveira Pinto, de: Music, culture and experience. Cap. 8. Chicago/London: The University of Chicago Press, ca. 1970.

CHIMÈNES, Myriam. “Musicologia e história. Fronteira ou ‘terra de ninguém’ entre duas disciplinas?”. Revista de história. São Paulo: Humanitas, n. 157, p. 15-29, 2007.

CONTIER, Arnaldo. “Música no Brasil: história e interdisciplinaridade, algumas interpretações (1926-1980). In: História em debate: problemas, temas e perspectivas. Anais do XVI° Simpósio da ANPUH, Rio de Janeiro, 22 jul., 1991.

GONZÁLEZ, Juan Pablo. “Los estudios de musica popular y la renovación de la musicología en América Latina: ¿La gallina o el huevo?” Revista trancultural de música. S.l.: s.n., n. 12, 2008, p. 1-12.

IKEDA, Alberto. “Musicologia ou musicografia?: algumas reflexões sobre a pesquisa em música”. In: SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE MUSICOLOGIA, 1, Anais... Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1998, p. 63-8.

KERMAN, Joseph. Musicologia. SP: Martins Fontes, 1987.

LUCAS, Maria Elizabeth. “Perspectivas da pesquisa musicológica na América Latina: o caso brasileiro”. In: SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE MUSICOLOGIA, 1, Anais... Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1998, p. 69-74.

MORAES, José Geraldo Vinci de. “História e música: canção popular e conhecimento histórico”. Revista Brasileira de História. São Paulo: s.n., v. 20, n. 39, 2000, p. 203-221.

______. “Sons e música na oficina da história”. Revista de História. São Paulo: Humanitas, n.157, 2007, p. 7-13.

______; SALIBA, Elias Thomé (Orgs.). “O historiador, o luthier e a música”. In:______. História e música no Brasil. São Paulo: Alameda, 2010. p. 9-32.

NETTL, Bruno. "Música e essa totalidade complexa". Trad. de Jacqueline Bacha, Paulo C. B. Sancer e Paulo G. de Lima, São Paulo, 2001. The study of Ethnomusicology. Cap.10, Urbana: University of Illinois Press, c.1983.

PEREIRA, Avelino Romero. “O herói e a lenda: Alberto Nepomuceno e as histórias da música brasileira”. In:______. Música, sociedade e política: Nepomuceno e a República musical. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2007. p. 21-37.

PINTO, Tiago de Oliveira. "Som e música: questões de uma Antropologia Sonora" Revista de Antropologia. SP: FFLCH/USP – Depto. de Antropologia, vol.44, n°1, 2001, p. 221-306.

______. “Cem Anos de Etnomusicologia e a ‘Era Fonográfica’ da disciplina no Brasil”, Etnomusicologia: lugares e caminhos, fronteiras e diálogos. Anais do II Encontro Nacional da ABET. Salvador, nov. 2004, p. 103-124.

SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo: uma exploração pioneira pela história passada e pelo atual estado do mais negligenciado aspecto do nosso ambiente, a paisagem sonora. SP: Ed. Unesp, 2001.

______. O ouvido pensante. Trad. Marisa Trench de O. Fonterrada, et. alli. São Paulo: Ed. Unesp, 1991.

SAID, Edward. “Introdução”. In:______. Elaborações musicais. Trad. Hamilton dos Santos. RJ: Imago, 1991, p. 15-25.

SEEGER, Anthony. “Etnografia da Música”. In: Sinais diacríticos: música, sons e significados. Revista do Núcleo de Estudos de Som e Música em Antropologia da FFLCH/USP, n° 1, 2004.

TUMA, Said. “Por uma musicologia crítica”. In:______. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008, p. 17-28.

VELHA, Cristina Eira. Significações sociais, culturais e simbólicas na trajetória da Banda de Pífanos de Caruaru e a problemática histórica do estudo da cultura de tradição oral no Brasil (1924-2006). Dissertação de mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 2009.

Aula III:

• O nacional e o popular nas “histórias da música brasileira”: questões e problemas

Ministrante: Prof. Said Tuma

Mais particularmente em relação às chamadas “histórias da música brasileira”, o problema que se coloca é que grande parte das historiografias posteriores ao chamado Modernismo, entre as quais a musical, acabou privilegiando a leitura da obra e da contribuição de inúmeros compositores, como Alexandre Levy e Alberto Nepomuceno, através das lentes do movimento de 1922. Atados em demasia à noção de vanguarda, os historiadores da música olharam para os compositores do final do XIX de um modo utópico e visionário. De um lado, partindo de uma postura anti-romântica como pressuposto, desprezavam as obras que apresentassem traços do Romantismo. De outro, ao se proclamarem modernos, acabaram perdendo o foco dos inúmeros matizes de modernidade presentes nas manifestações da “geração de 1870”, da qual Levy e Nepomuceno parecem aproximar-se notavelmente. Intelectuais como Mário de Andrade, a despeito da sua enorme contribuição intelectual para a compreensão do que é o Brasil, preferiram ver na obra dos chamados “precursores do Nacionalismo” apenas os prolegômenos do seu próprio “programa” para a música brasileira. Com isto, acabaram negando a temporalidade ao adotar, sistematicamente, o Nacionalismo como critério de periodização, e, de modo ainda mais radical, como critério de juízo de valor artístico.

Nesta aula serão apresentadas inúmeras questões e problemas envolvendo essa bibliografia clássica que ainda hoje goza de grande visibilidade e, portanto, influencia significativamente a produção e a reflexão musicológicas no Brasil.

Para a realização dessa tarefa, serão escolhidos dois eixos de observação: o lugar ocupado pelo “nacional” e pelo “popular” nestas obras. Isto porque parecem ter sido os dois aspectos que mais fortemente foram influenciados pelo “programa” modernista de construção da música brasileira.

Bibliografia:

HARDMAN, Francisco Foot. “Antigos modernistas”. In: NOVAES, Adauto (org.). Tempo e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 289-305.

CONTIER, Arnaldo. “O ensaio sobre a música brasileira: estudo dos matizes ideológicos do vocabulário social e técnico-estético (Mário de Andrade, 1928)”. Revista Música, São Paulo: ECA-USP, v.6, n. 1/2, maio/nov. 1995, p. 75-121.

TRAVASSOS, Elizabeth. Modernismo e música brasileira. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

TUMA, Said. “O ‘nacional’ e o ‘popular’ na historiografia musical brasileira”. In:______. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008, p. 29-48.

WISNIK, José Miguel Soares. “Getúlio da Paixão Cearense (Villa-Lobos e o Estado Novo)”. In:______; SQUEFF, Enio. O nacional e o popular na cultura brasileira: música. São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 129-191.

Aula IV:

• O início das pesquisas etnomusicais no Brasil: expressão do nacionalismo na busca das sonoridades tradicionais do “folklore”

Ministrante: Profa. Cristina Eira

Na passagem do séc. XIX para o XX, uma preocupação passava a estar presente de forma marcante entre os estudiosos da cultura brasileira, que foi a busca das expressões musicais oriundas do folclore, do interior e principalmente das áreas rurais do Brasil. Estas iniciativas estavam ligadas a todo um pensamento que estava se desenvolvendo desde a segunda metade do século XIX, em relação às culturas tradicionais, muitas vezes chamadas de “primitivas”, no sentido de “resgatar” ou “recuperar” as expressões culturais através de registros de caráter etnográfico, o que foi feito por inúmeros viajantes, folcloristas, e mesmo músicos e pesquisadores interessados em “descobrir” e registrar as expressões tradicionais da cultura popular.

Este contexto corresponde inclusive ao surgimento da antropologia como disciplina, baseada na etnografia, assim como à musicologia comparada, desenvolvida na Alemanha, na qual muitos viajantes recolhiam registros sobre a música de outros povos, fora do continente europeu, e não ocidentais, para serem estudados de forma comparativa em relação à música ocidental européia.

Com isso pretendiam esses estudiosos, muitos deles ligados à psicologia, a musicologia, à antropologia ou à história, entender como pensavam os povos de outras culturas, e como eram suas maneiras de fazer música, suas sonoridades e musicalidades. Foi possível, ao longo destes estudos, e seus desdobramentos entre os pesquisadores e estudiosos ao longo do século XX, perceber que a forma de organização musical é variável conforme a cultura na qual é feita, e de acordo com os contextos sociais em que é criada, produzida, pensada, transmitida, sendo portanto repleta de significados construídos socialmente.

Nesta aula pretendemos fazer uma síntese dos esforços em direção aos estudos dos chamados “folcloristas” no Brasil, que assumem também um caráter de estudos culturais e mesmo etnográficos e etnomusicais, voltados para o conhecimento das expressões culturais populares do interior do Brasil, entre o final do século XIX até meados da década de 1940. Entre os principais estudiosos, focalizaremos as obras de Silvio Romero (1887), Mario de Andrade (1928) e Renato Almeida (1942), no que se referem à iniciativa e ao desejo de pensar o Brasil através da música brasileira, ou ainda melhor, a música que se desejava construir e afirmar como brasileira, no projeto de construção da identidade nacional.

Bibliografia:

ALMEIDA, Renato. História da música brasileira. RJ: F. Briguiet & Comp. Editores, 1942.

ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre a música brasileira. SP: Martins, 3ª ed., 1972.

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. RJ: Ediouro, s/d.

CONTIER, Arnaldo. “Modernismos e brasilidade: música, utopia e tradição”. In: Novaes, Adauto (org.). Tempo e História. SP: Companhia das Letras/Secretaria Municipal da Cultura, 1992, p. 259-287.

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TRAVASSOS, Elisabeth. Os mandarins milagrosos. Arte e etnografia em Mário de Andrade e Béla Bartók. Rio de Janeiro: Jorge Zahar & Funarte 16, 1997.

VELHA, Cristina Eira. “Introdução”. In: ______. Significações sociais, culturais e simbólicas na trajetória da Banda de Pífanos de Caruaru e a problemática histórica do estudo da cultura de tradição oral no Brasil (1924-2006). Dissertação de mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 2009.

Aula V:

• O machete e o violoncelo: consonâncias e dissonâncias entre o erudito e o popular no Brasil do século XIX

Ministrante: Prof. Said Tuma

A música de concertos no Brasil tem sido vista, através dos trabalhos mais tradicionais de historiografia musical, de uma forma bastante homogênea, como se ela tivesse sempre ocupado o mesmo “lugar” na sociedade brasileira. Tem sido defendida, também, por meio dos referidos trabalhos, a idéia de uma nítida separação entre os universos musicais representados pelo “erudito” e pelo popular. No entanto, a análise de questões musicais do final do século XIX no Brasil, no âmbito de uma perspectiva historiográfica interdisciplinar, aponta sobretudo para a condição de incipiência e mesmo de dificuldade de ambientação da “música séria” no Brasil, em oposição às facilidades de uma música popular urbana que desponta e atravessa todos os limites espaciais e de classes, no ambiente urbano que se inaugura.

Entre essas facilidades, que de modo ambíguo acuaram e seduziram os promotores da música “culta”, notamos uma certa predisposição das formas populares em atender prontamente aos anseios do público, bem como a natural vocação para responder a algumas das exigências do mercado de massas que se insinua. Diferentemente de ocuparem lugares separados na sociedade, o que se observa no Brasil do último quartel do século XIX é a convivência de certo modo indistinta entre as “duas” músicas. Convivência esta que é marcada por dissonâncias e consonâncias, resultado, talvez, da considerável permeabilidade existente entre as duas manifestações no país.

Nesta aula será apresentado um pouco deste ambiente de trocas culturais, através da consideração de dois contos de Machado de Assis, O machete e Um homem célebre, e alguns artigos de crítica musical escritos pelo compositor Alexandre Levy para o jornal Correio Paulistano. Com isto espera-se relativizar um pouco da perspectiva presente nas obras clássicas da historiografia musical brasileira, que se pautou, invariavelmente pela defesa de critérios de autenticidade para a construção da música brasileira.

Bibliografia:

FIGAROTE. “O hymno da Proclamação da República”. Correio Paulistano, São Paulo, 2 mar. 1890. n. 10046. Palcos e Salões, p. 2.

FIGAROTE. “Musica no Jardim do Largo do Palacio”. Correio Paulistano, São Paulo, 11 mar. 1890. n. 10052. Palcos e Salões, p. 2.

FIGAROTE. “Emilio Pons”. Correio Paulistano, São Paulo, 25 maio 1890. n. 10119. Palcos e Salões, p. 2.

MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. “O machete”. In: GLEDSON, John (Org.). 50 contos de Machado de Assis. São Paulo: Companhia das Letras, 2007a, p. 21-31.

______. “Um homem célebre”. In: GLEDSON, John (Org.). 50 contos de Machado de Assis. São Paulo: Companhia das Letras, 2007b, p. 417-425.

TUMA, Said. “O machete e o violoncelo: consonâncias e dissonâncias entre o popular e o erudito no Brasil do século XIX”. ”. In:______. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008, p. 72-81.

WISNIK, José Miguel Soares. “Machado Maxixe: O caso Pestana”. Teresa revista de literatura brasileira, São Paulo: Editora 34, n. 4/5, 2003, p. 13-79.

Aula VI:

• Nacional-popular, censura e contracultura como pontos de eclosão da circularidade na cultura brasileira (anos 60 e 70)

Ministrante: Profa. Cristina Eira

Nesta aula procuraremos discutir sobre o papel da música na dinâmica dos processos históricos, permeados por tensões e conflitos sociais, o que torna a música um importante instrumento de expressão social pelos sujeitos históricos. Teremos como foco o período conturbado dos anos 60 e 70 no Brasil, em que a música conquistou espaços de luta social, na expressão do desejo de liberdade, de crítica e discussão política.

Este período foi marcado fortemente pelo discurso nacional-popular, através dos intelectuais, polarizados ainda diante das duas perspectivas inauguradas pelo modernismo para pensar o Brasil e a construção da identidade nacional: de um lado, unidos pelo projeto nacionalista defendido por Mário de Andrade, de outro, unidos pelo pensamento antropofágico de Oswald de Andrade. Na primeira perspectiva, situavam-se os músicos ligados às canções de protesto, aos CPCs no Rio de Janeiro e São Paulo e MCPs no Recife. Na segunda, situavam-se os músicos ligados ao que foi denominado de Tropicália.

De todas as maneiras, o discurso nacional-popular estava presente na realidade dos debates políticos em que a música era tomada como possibilidade de criação, expressão e afirmação da brasilidade, diante da modernidade que se apresentava como determinante na prática musical neste período. De um lado, negando a presença das novas tecnologias na prática e difusão da música, como a indústria cultural e os instrumentos eletroacústicos, de outro, afirmando a necessidade de se incorporar os novos elementos da modernidade de forma antropofágica, na transformação criativa das possibilidades de construção da música brasileira diante do novo contexto cultural.

Assim, pretendemos ilustrar e perceber como, no interior deste processo histórico de grande fermentação cultural, tanto no eixo Rio-São Paulo, como nas demais regiões do Brasil, como o Nordeste brasileiro, a música configurou-se um meio privilegiado de expressão de desejos, anseios, descontentamentos, conflitos, trocas, valores, que permite ao historiador compreender com mais proximidade, em uma lente repleta de detalhes, a complexidade, ambigüidade e dinâmica das experiências vividas pelos sujeitos históricos em um determinado contexto.

Bibliografia:

BARBOSA, Airton Lima (org.). Debate “Que caminho seguir na música popular brasileira?” In: Revista Civilização Brasileira, RJ: Ed. Civilização Brasileira, ano I, nº 7, maio 1966.

BERLINCK, Manuel Tosta. O Centro Popular de Cultura da UNE. Campinas: Papirus, 1984.

BRANCO, Edwar de Alencar Castelo. Todos os dias de paupéria: Torquato Neto e a invenção da tropicália. SP: Annablume, 2005.

CALADO, Carlos. Tropicália: a história de uma revolução musical. SP: Ed. 34, 1997.

CONTIER, Arnaldo Daraya. “Música no Brasil: história e interdisciplinaridade, algumas interpretações (1926-80)”. In: História em debate: problemas, temas e perspectivas. Anais do XVI° Simpósio da ANPUH, RJ, 22 jul. 1991.

______. “Modernismos e brasilidade: música, utopia e tradição”. In: NOVAES, Adauto (org.). Tempo e História. SP: Cia das Letras/ Secretaria Municipal de Cultura, 1992.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

ECO, Humberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1993.

ESTEVAM, Carlos. A questão da cultura popular. RJ: Tempo Brasileiro, 1963.

MORAES, José Geraldo Vinci de. “História e música: canção popular e conhecimento histórico”, In: Revista Brasileira de História, SP, v. 20, n. 39, pp. 203-221, 2000

NOVAES, Adauto (org.). Anos 70: ainda sob a tempestade. RJ: Senac, 2005.

PÉCAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil: entre o povo e a nação. SP: Ed; Ática, 1990.

SANT´ANNA, Affonso Romano de. Música popular e moderna poesia brasileira. SP: Ed. Landmark, 2004.

SQUEFF, Enio & WISNIK, José Miguel. O nacional e o popular na cultura brasileira: Música. SP: Brasiliense, 2004.

VELHA, Cristina Eira. “A Banda de Pífanos de Caruaru na cultura brasileira (1960-1982)”. In: ______. Significações sociais, culturais e simbólicas na trajetória da Banda de Pífanos de Caruaru e a problemática histórica do estudo da cultura de tradição oral no Brasil (1924-2006). Dissertação de mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 2009.

WISNIK, José Miguel. “O minuto e o milênio. Ou, por favor, professor, uma década de cada vez”. In: Anos 70. Música popular. RJ: Ed. Europa, 1979.

Aula VII:

• Perspectivas musicais no fim do século XIX: o advento da modernidade e as preocupações com o popular

Ministrante: Prof. Said Tuma

Desde o último quartel do século XIX, identifica-se uma questão importante: “o que é ser brasileiro?”. Também os músicos, sobretudo os compositores, além de inúmeros intelectuais, vão contribuir para o adensamento desta questão. Será o período das preocupações modernizadoras, que procurarão incrementar e dinamizar o mundo musical e enriquecê-lo de composições carregadas de valor nacional. Surgem, já deste momento, algumas polêmicas que se mostraram relevantes para as reflexões sobre a identidade nacional.

Nesta aula será enfocada com bastante atenção a música popular urbana, que, em composições ligeiras, vai, paulatinamente, manifestar a forte presença de elementos de características já bem brasileiras. Figuras importantes, representantes deste universo, mas que também atuavam como uma ponte entre o meio musical erudito e popular, foram: Antonio Callado, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth. Apenas para ilustrar, a música de Callado foi uma das fontes que mais inspiraram a composição de Alexandre Levy.

Alguns compositores vão manifestar, além de suas preocupações musicais, um vivo interesse por elevar o nível musical e cultural da população brasileira, interesse manifestado também entre os intelectuais da chamada “geração de 1870”, que congregava nomes como Silvio Romero, Tobias Barreto, Clóvis Bevilacqua, Araripe Junior, Artur Orlando, Capistrano de Abreu, Graça Aranha, entre muitos outros. Entre os músicos deste período, destaque será dado ao compositor paulistano Alexandre Levy, pela relevância da sua obra no que diz respeito à busca do elemento nacional, bem como pelo papel que exerceu como crítico musical do Correio Paulistano. Será lembrada ainda a figura de Alberto Nepomuceno na condição também de artista engajado; seja a frente do Instituto Nacional de Música, seja como compositor ou como defensor do canto em português.

Bibliografia:

ESTATUTOS DO CLUB HAYDN. São Paulo: Typographia Garraux, 1884.

MACHADO, Cacá. O enigma do homem célebre: ambição e vocação de Ernesto Nazareth. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2007.

PEREIRA, Avelino Romero. Música, sociedade e política: Alberto Nepomuceno e a República Musical. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2007.

SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. 2. ed. rev. aum. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

TUMA, Said. “Música como missão: Levy como intelectual no último quartel do século XIX”. In:______. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008, p. 102-133.

VERMES, Mônica. “Por uma renovação do ambiente musical brasileiro: o relatório de Leopoldo Miguéz sobre os conservatórios europeus”. Revista Eletrônica de Musicologia, v. VIII, Curitiba, UFPR, dez. 2004.

« http://www.rem.ufpr.br/_REM/REMv8/miguez.html»

Aula VIII:

• “Modernismos” e “brasilidade”: criação de novos paradigmas sociais através da música

Ministrante: Profa. Cristina Eira

No início do século XX, no contexto do modernismo que atingia as manifestações artísticas, as tentativas de renovação da linguagem estética ganhavam expressão também na criação musical contemporânea. Diante da sensação de esgotamento das formas “tradicionais”, baseadas no tonalismo, que caraterizava a música ocidental durante o período moderno, desde o renascimento até o final do século XIX, as estruturas musicais estavam sendo questionadas, com os impulsos de desconstrução acirrados pelos movimentos de vanguarda na Europa. Com isso, novas sonoridades e experimentações iam sendo incluídas nas criações musicais contemporâneas, como a presença de ruídos, a exploração de novos timbres e instrumentos, como também novas escalas, afinações, novas maneiras de organização dos sons na música, permitindo ir além dos limites impostos pelo sistema musical tonal ocidental moderno, baseado na escala temperada.

O conhecimento da música de outros povos não ocidentais, como a música dos africanos, dos indígenas, dos indonésios, dos japoneses, entre outros, promovido pela ampliação dos estudos folcloristas e dos viajantes, músicos e estudiosos na Europa e no Brasil, propiciou, assim, uma gama de possibilidades de exploração musical, caracterizando as vanguardas e os modernismos nas primeiras décadas do século XX. Novas paisagens sonoras eram assim percebidas pelos ouvidos dos músicos, intérpretes e pesquisadores, as paisagens sonoras do ambiente urbano e industrial que se consolidava e construía paulatinamente em uma velocidade vertiginosa, concentrando-se nas cidades e delineando-se em inúmeras transformações nos modos de vida, assim como também nos modos de ouvir, sentir e perceber os sons musicais, diferentemente dos contextos rurais.

As transformações mútuas propulsionadas neste processo complexo e dinâmico é o que pretendemos trabalhar nesta aula, através da reconstituição desta trajetória da música na modernidade, diante das novas questões e dilemas aí colocados, e na construção dos novos paradigmas no campo das práticas e representações sociais. E perceber no interior deste processo como a criação musical é permeada por estas transformações, traduzindo nos códigos da sua linguagem sonora, as tensões entre os sons, ruídos e silêncios, entre os elementos arcaicos e modernos, rurais e urbanos, orais e escritos, em todas as suas invenções e apropriações.

Bibliografia:

BARRAQUÉ, Jean. Debussy. Paris: Éditions du Seuil, 1994.

CANDÉ, Roland de. História universal da música. Vol.2. SP Martins Fontes, 2001.

KATER, Carlos. Música viva e H. J. Koellreuter: movimentos em direção à modernidade. SP: Musa Editora/ Atravez, 2001.

FUBINI, Enrico. La estética musical del siglo XVIII a nuestros días. Trad. de Antonio Pigrau Rodríguez. Barcelona: Barral Editores, 1971.

GRIFFITHS, Paul. A música moderna: uma história concisa e ilustrada de Debussy a Boulez. Trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

ROSS, Alex. O resto é ruído: escutando o século XX. Trad. Claudio Carina, Ivan Weisz Kuck. Rev. téc. Marcos Branda Lacerda. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

SALLES, Paulo de Tarso. Aberturas e impasses: o pós-modernismo na música e seus reflexos no Brasil (1970-1980). São Paulo: Editora Unesp, 2005.

SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo. Uma exploração pioneira pela história passada e pelo atual estado do mais negligenciado aspecto do nosso ambiente: a paisagem sonora. Trad. Marisa Trech Fonterrada. São Paulo: Editora Unesp, 2001.

SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. SP: Companhia das Letras, 1992.

STOCKHAUSEN, Karlheinz; MACONE, Robin. Sobre a música: palestras e entrevistas compiladas por Robin Maconie. Trad. Saulo Alencastre. São Paulo: Madras, 2009.

WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história das músicas. SP: Cia das Letras, 1989.

BIBLIOGRAFIA GERAL do CURSO:

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