Detalhamento:
1) O romance: uma forma literária em contínua construção Profa. Cleusa Rios P. Passos
De modo amplo, a aula se centrará na concepção da forma “romance”, em aspectos de sua história e em reflexões sobre sua modernidade; de modo mais particular, haverá uma pequena introdução da história do romance no Brasil e da escolha de alguns autores de 30 para a compreensão do desenvolvimento de tal forma em nossa literatura
2) Tempo-memória em Menino de Engenho de José Lins do Rego Profa. Marisa Atili Ennes Simons
Enfocando a questão do tempo-memória na narrativa, a aula se centrará na análise de Menino de Engenho (1932), romance que marca a gênese do trabalho literário de José Lins do Rego (1901-1957) e compõe com as obras sequenciais: Doidinho, Banguê, O Moleque Ricardo, Usina e Fogo Morto, o denominado “Ciclo da Cana de Açúcar” do autor paraibano da geração de 30. Com apoio em alguns conceitos da filosofia e da teoria psicanalítica de Sigmund Freud, a análise/interpretação articulará a dimensão subjetiva do tempo-memória à dimensão histórico-social da obra, sublinhando seu caráter estético.
3) Cânone e romance na década de trinta: uma leitura de Rachel de Queiroz
Profa. Giulia Manera
A partir da análise de certas “categorias” estéticas e conceituais que interagem na formação do cânone literário na década de trinta no Brasil, a aula tratará analiticamente do modo particular da inserção da obra de Rachel de Queiroz na tentativa de constituir uma dicção própria.
4) « Meu ângulo é feminino, é pessoal» : foco narrativo e representação da personagem feminina em O Quinze de Rachel de Queiroz
Profa. Giulia Manera
A aula girará em torno da análise do foco narrativo e das personagens femininas de O Quinze, ressaltando também a maneira pela qual o romance foi lido e dado a ler pela crítica e pela historiografia, com a finalidade de compreender a maneira pela qual a “categoria de gênero” opera nas representações, contribuindo para a produção de sentido no discurso literário no Brasil dos anos trinta.
5) Aspectos de modernidade em São Bernardo
Profa. Suely Corvacho
A aula tratará da mise-en-abyme explorando o modo pelo qual o recurso da “história dentro da história” ganha novo desenho nas mãos de André Gide. Analisará também a presença desse recurso, peculiar à modernidade, em São Bernardo, segunda obra de Graciliano Ramos, no que concerne à problemática do pacto ficcional, à ampliação das possibilidades de leitura da obra e aos novos desafios impostos ao leitor.
6) A contribuição de Vidas Secas na tradição do romance sertanejo no Brasil
Profa. Suely Corvacho
A modernidade de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos, já foi largamente explorada, quer no trato do foco narrativo, quer em seu caráter desmontável ou em sua circularidade. Nesta aula, pretende-se expor a presença e função de tais aspectos como um marco de inflexão no tratamento dado ao romance sertanejo, provocando desdobramentos significativos em obras posteriores.
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