Programa

1. Introdução ao operarismo italiano:
a. Retomada do pensamento marxista na Itália após a queda do fascismo;
b. Mario Tronti e a “hipótese operarista”.
 
2. Sociologia operarista:
a. Raniero Panzieri e a “pesquisa operária”, Romano Alquati e a “copesquisa”;
b. A noção de “composição de classe” e a tipologia operarista da classe operária.
 
3. Transformações da composição de classe:
a. O “longo 1968” italiano e a “recusa do trabalho”;
b. O declínio do “operário-massa” e o conceito de “operário social”.
 
4. Bases materiais do conceito de trabalho imaterial:
a. Antonio Negri e a descoberta do “trabalho imaterial”;
b. Qual é a composição da classe operária hodierna?
 
Justificativa:
 
Não obstante a popularidade adquirida no Brasil pela obra tardia de Antonio Negri e as discussões suscitadas por seu conceito de trabalho imaterial a partir do ano 2000 em todo o mundo, a tradição prático-teórica da qual provêm tais obra e conceito e sobretudo as raízes sociológicas do último são menos conhecidas tanto aqui quanto no exterior. Desse modo, a reconstrução, desde sua origem, de certos itinerários da pesquisa operarista sobre o desenvolvimento da produção capitalista e a organização da classe operária faz-se não apenas proveitosa como necessária para a adequada compreensão dessas temáticas.
 
Bibliografia:
 
Há, em língua portuguesa, edições parciais e esparsas dos textos utilizados no curso. As indicações dessas edições será fornecida no decorrer das aulas.
 
ALQUATI, Romano. Per fare la conricerca. Padova: Calusca, 1993.
 
—————. “Per una storia di classe operaia”. Bailamme, v. 24, n. 2, pp. 173-205, 1999.
 
—————. Sulla Fiat e altri scritti. Milano: Feltrinelli, 1975.
 
ALTAMIRA, César. Os marxismos do novo século. Trad.: Leonora Corsini. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
 
ANDERSON, Perry. Considerações sobre o marxismo ocidental; Nas trilhas do materialismo histórico. Trad. Fábio Fernandes. São Paulo: Boitempo, 2019.
 
BELLOFIORE, Riccardo (Org.). Da Marx a Marx? Un bilancio dei marxismi italiani del Novecento. Roma: Manifestolibri, 2007.
 
BOLOGNA, Sergio. “Class composition and theory of the party at origin of the worker’s council movement”. Trad. Bruno Ramirez. Telos, v. 13, pp. 4-27, 1972.
 
—————. “Problematiche del lavoro autonomo in Italia”. Altre Ragioni, v. 1, 1992.
 
BORIO, Guido; POZZI, Francesca; ROGGERO, Gigi. Futuro anteriore: Dai Quaderni rossi al movimento globale: Ricchezze e limiti dell'operaismo italiano. Roma: DeriveApprodi, 2002.
 
—————. Gli operaisti. Roma: DeriveApprodi, 2005.
 
CAVA, Bruno. “A copesquisa militante no autonomismo operaista”. Lugar Comum, v. 37-38, pp. 17-38, 2013.
 
CLEAVER, Harry. Reading Capital politically. Leeds (UK); Edinburgh: Anti/Thesis; AK, 2000.
 
CORRADI, Cristina. Storia dei marxismi in Italia. Roma: Manifestolibri, 2005.
 
CORSANI, Antonela et al. Le basin de travail immateriel (BTI) dans la metropole parisienne. Paris: L’Harmattan, 1996.
 
FASULO, Fabrizio. “Raniero Panzieri and the workers inquiry: the perspective of living labor, the function of science and the relationship between class and capital”. Ephemera: Theory & Politics in Organization, v. 14, n. 3, pp. 315-33, 2014.
 
HAIDER, Asad; MOHANDESI, Salar. “Worker’s inquiry: a genealogy”. Viewpoint Magazine, v. 3, 2013.
 
HARDT; Michael; NEGRI, Antonio. Império. 7ª ed. Trad.: Berilo Vargas. Rio de Janeiro: Record, 2005.
 
LAZZARATO, Maurizio et al. Des entreprises pas comme les autres: Benetton en Italie, le Sentier a Paris. Paris: Publisud, 1993.
 
LAZZARATO, Maurizio; NEGRI, Antonio. Trabalho Imaterial: formas de vida e produção de subjetividade. Trad. Mônica Jesus. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
 
MEZZADRA, Sandro. “Operaísmo e pós-operaísmo”. Trad. Bruno Cava. Lugar Comum, v. 42, pp. 85-92, 2014.
 
MILANA, Fabio; TROTTA, Giuseppe. L’operaismo degli anni Sessanta: Da “Quaderni rossi” a “Classe operaia”. Roma: DeriveApprodi: 2008.
 
NEGRI, Antonio. Cinco lições sobre Império. Trad. Alba Olmi. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
 
—————. “Interpretation of the class situation today: methodological aspects”. Trad. Michael Hardt. In: BONEFELD, Werner; GUNN, Richard; PSYCHOPEDIS, Kosmas (Org.). Open Marxism: theory and practice. London: Pluto, 1992, v. II, pp. 69-105.
 
PANZIERI, Raniero. Ripresa del marxismo leninismo in Italia. Roma: Nuove edizioni operaie, 1977.
 
SANTIAGO, Homero. “A recusa do trabalho (a experiência revolucionária de Porto Marghera)”. Cadernos de Ética e Filosofia Política, v. 19, n. 2, pp. 249-65, 2011.
 
THIOLLENT, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. 3ª ed. São Paulo: Polis, 1982.
 
TRONTI, Mario. Operai e capitale. Roma: DeriveApprodi, 2006.
 
ROGGERO, Gigi: Elogio della militanza: Note su soggettività e composizione di classe. Roma: DeriveApprodi, 2016.
 
VERCELLONE, Carlo. “Composizione organica del capitale e composizione di classe”. In: COMMONWARE; EFFIMERA; UNIPOP (Org.). La crisi messa a valore: scenari geopolitici e la composizione da costruire. [s.l.]: CWPress; Sfumature, 2015, pp. 103-18.
 
WOODCOCK, Jamie. “The workers’ inquiry from Trotskyism to Operaismo”. Ephemera: Theory & Politics in Organization, v. 14, n. 3, pp. 489-509, 2014.
 
WRIGHT, Steve. Storming heaven: class composition and struggle in Italian autonomist Marxism. London; Stearling (VA): Pluto, 2002.