Programa

I. OBJETIVOS GERAIS

O objetivo deste curso é apresentar uma introdução aos estudos sociológicos sobre movimentos sociais, com enfoque para as suas principais correntes teóricas e aportes metodológicos, a saber as análises de eventos de protesto e de trajetória. A primeira aula visa apresentar o debate teórico mais amplo e as suas diferentes vertentes mais contemporâneas. As outras duas aulas têm como foco apresentar as diferentes possibilidades, limites e desafios metodológicos das análises de eventos de protestos e de trajetórias no estudo dos movimentos sociais e da ação coletiva. De modo geral, o curso busca apresentar ao aluno um conjunto de questões, desenhos de pesquisa, conceitos e casos empíricos sobre o estudo de movimentos sociais na política contemporânea, sobretudo com base no programa da Teoria do Confronto Político (TCP).

II. METODOLOGIA

As aulas serão expositivas e síncronas, ocorrerão à distância (formato virtual), e contarão com o uso de material multimídia sobre os temas das aulas . O curso será ministrado através da plataforma Google Meet, terá seu material de leitura disponibilizado em uma pasta do Google Drive (compartilhada com os alunos do curso) e, para o controle de frequência dos alunos, será utilizado o recurso Google Forms (a ser disponibilizado no início de cada aula). As três aulas serão ministradas pelas professoras conjuntamente, que dividirão as atividades de docência entre si: apresentação do conteúdo, disponibilização e gerenciamento do acesso à sala de aula virtual e controle de frequência dos alunos. A vantagem desse formato é que os alunos terão acesso a diferentes perspectivas e experiências durante todo o curso.


III. ATIVIDADE DISCENTE

a) Leitura dos textos indicados (bibliografia obrigatória);
b) Participação em aula, suscitando questões e debates


IV. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Todos os alunos que cumprirem com a frequência mínima no curso receberão certificado de participação.

FREQUÊNCIA: É necessário que os alunos tenham frequência mínima de 75%.


V. CRONOGRAMA

A bibliografia completa do curso será disponibilizada em uma pasta compartilhada com os alunos através da nuvem Google Drive, assim como todas as demais indicações de leitura complementar e referências multimídias utilizadas nas aulas.


AULA 1 (23/08) - Teoria dos Movimentos Sociais

O estudo dos movimentos sociais adquiriu destaque a partir dos anos 70, seguindo três principais linhas de abordagem, pautadas empiricamente na análise dos atores, das associações e dos eventos de protesto – sendo elas, respectivamente, a Teoria dos Novos Movimentos Sociais, de Touraine, Melucci e Castells; a Teoria da Mobilização de Recursos e Teoria da Sociedade Civil, de Zald e McCarthy/Cohen e Arato e, por fim, a Teoria do Confronto Político, de Charles Tilly e Sidney Tarrow. Estudaremos nesta aula estas principais linhas de análise dos movimentos sociais e seus desdobramentos.

Bibliografia indicada
ALONSO, Angela. Teorias dos movimentos sociais: balanço do debate. Lua Nova, 2009, no. 75. 2009.
DIANI, Mario. The concept of social movement. The Sociological Review. Volume 40, Issue1 February 1992, (pps 1-25).
__. Revisando el concepto de movimiento social. Encrucijadas. Revista Critica de Ciencias Sociales, n. 9, 2015.
JASPER, James. Social movement theory today: towards a theory of action? Sociology Compass, 4/11, 2010.
MELLUCCI, Alberto. The new social movements: a theoretical approach. Social science information, vol 19, no 2, 1980.
__. Challenging Codes. Collective Action in the information age. Cambridge U.P, 1996.
TARROW, Sidney. Power in Movement. New York: Cambridge University Press. 1994.
TILLY, Charles. Social Movements, 1768-2004. London, Paradigm, 2004. Chap 1. Social movements as politics (p 1-15).
__. Contentious performances. Cambridge Univ. Press, 2008. Chap 5. Invention of the Social movement (p 116-145).

AULA 2 (24/08) - Análise de Eventos de Protesto (AEP)

A Análise de Eventos de Protesto (AEP) se popularizou nos estudos da ação coletiva e dos movimentos sociais nos anos 1980. Uma das contribuições centrais dessa linhagem metodológica é acentuar o caráter relacional e interacional da ação coletiva, analisando os movimentos sociais para além de suas relações internas, mas nas suas relações com outros movimentos sociais contemporâneos, aliados, opositores e o Estado. Esta aula abordará quando e porquê devemos usar a AEP e quais são os critérios em jogo para a classificação de um evento de protesto, bem como os desafios e limites da AEP como método de pesquisa.

Bibliografia indicada
ALONSO, Angela. A política das ruas: protesto em São Paulo de Dilma a Temer. Revista Novos Estudos: São Paulo, Especial, p. 49-58, jun. 2017.
EARL, Jennifer; MARTIN, Andrew; McCARTHY, John; SOULE, Sarah. The Use of Newspaper Data in the Study of Collective Action. Annual Review of Sociology, v. 30, p. 65-80, 2004.
FILLIEULE, Olivier; JIMÉNEZ, Manuel. The Methodology of Protest Event Analysis and the Media Politics of Reporting Environmental Protest Events. In: ROOTES, C. (ed.). Environmental Protest in Western Europe, Oxford: Oxford University Press, 2003.
VAN DYKE, Nella; SOULE, Sarah; TAYLOR, Verta. The targets of social movements: beyond a focus on the State. Authority in Contention, v. 25, p. 27–51, 2004.

AULA 3 (25/08) - Análise de trajetórias

A análise de trajetória é uma técnica de pesquisa largamente utilizada em investigações que privilegiam aspectos subjetivos da ação coletiva. Ainda pouco utilizada nos estudos sobre movimentos sociais no Brasil, a análise de trajetória permite vislumbrar os processos de reprodução e mudança dos movimentos sociais, processos de recrutamento, carreiras de ativismo radical, impactos do ativismo nas biografias dos militantes, e a variação nas experiências de participação individual em um mesmo movimento social. Nesta aula abordaremos o que são as análises de trajetória, as diferentes formas de realizá-las, seus limites e os dados mais comumente utilizados para a construção dos bancos de dados biográficos.

Bibliografia indicada
ALONSO, Angela. Métodos qualitativos de pesquisa: uma introdução. São Paulo: Sesc São Paulo/CEBRAP, 2016.
AUYERO, Javier. Appendix: On fieldwork, theory, and the question of biography. In: AUYERO, Javier. Contentious Lives: Two Argentine Women, Two Protests, and the Quest for Recognition. Durham: Duke University Press, 2003
FILLIEULE, Olivier. Propositions pour une analyse processuelle de l’engagement individuel. Revue française de Science politique, v. 51, 2001, p. 199-215.
SOMMIER, Isabelle. Engagement radical, désengagement et déradicalisation. Continuum et lignes de fracture. Lien social et Politiques, n. 68, 2012, p. 15-35.
VITERNA, Jocelyn. Pulled, pushed and persuaded. Explaining women’s mobilization into the Salvadoran guerrilla army. American Journal of Sociology, v. 112, n. 1, p. 1-45, 2006.


VI. BIBLIOGRAFIA COMPLETA
ALONSO, Angela. Teorias dos movimentos sociais: balanço do debate. Lua Nova, 2009, no. 75. 2009.
__. Métodos qualitativos de pesquisa: uma introdução. São Paulo: Sesc São Paulo/CEBRAP, 2016.
__. A política das ruas: protesto em São Paulo de Dilma a Temer. Revista Novos Estudos: São Paulo, Especial, p. 49-58, jun. 2017.
DIANI, Mario. The concept of social movement. The Sociological Review. Volume 40, Issue1 February 1992, (pps 1-25).
__. Revisando el concepto de movimiento social. Encrucijadas. Revista Critica de Ciencias Sociales, n. 9, 2015.
EARL, Jennifer; MARTIN, Andrew; McCARTHY, John; SOULE, Sarah. The Use of Newspaper Data in the Study of Collective Action. Annual Review of Sociology, v. 30, p. 65-80, 2004.
FILLIEULE, Olivier; JIMÉNEZ, Manuel. The Methodology of Protest Event Analysis and the Media Politics of Reporting Environmental Protest Events. In: ROOTES, C. (ed.). Environmental Protest in Western Europe, Oxford: Oxford University Press, 2003.
JASPER, James. Social movement theory today: towards a theory of action? Sociology Compass, 4/11, 2010.
MELLUCCI, Alberto. The new social movements: a theoretical approach. Social science information, vol 19, no 2, 1980.
__. Challenging Codes. Collective Action in the information age. Cambridge U.P, 1996.
SOMMIER, Isabelle. Engagement radical, désengagement et déradicalisation. Continuum et lignes de fracture. Lien social et Politiques, n. 68, 2012, p. 15-35.
TARROW, Sidney. Power in Movement. New York: Cambridge University Press. 1994.
TILLY, Charles. Social Movements, 1768-2004. London, Paradigm, 2004. Chap 1. Social movements as politics (p 1-15).
__. Contentious performances. Cambridge Univ. Press, 2008. Chap 5. Invention of the Social movement (p 116-145).
VAN DYKE, Nella; SOULE, Sarah; TAYLOR, Verta. The targets of social movements: beyond a focus on the State. Authority in Contention, v. 25, p. 27–51, 2004.AUYERO, Javier. Appendix: On fieldwork, theory, and the question of biography. In: AUYERO, Javier. Contentious Lives: Two Argentine Women, Two Protests, and the Quest for Recognition. Durham: Duke University Press, 2003
VITERNA, Jocelyn. Pulled, pushed and persuaded. Explaining women’s mobilization into the Salvadoran guerrilla army. American Journal of Sociology, v. 112, n. 1, p. 1-45, 2006.