Programa

Aula 1: Os gêneros literários. O romantismo em debate. O surgimento da poesia lírica moderna.
Aula 2: Expressão x convenção em Lamartine. A poesia como visão e sensação. A escrita como busca pela poesia que não se esgota no poema. Poesia como conceito limite. Expressão e paisagem.
Aula 3: Baudelaire, crítica pela ironia, suas vicissitudes e impasses. Spleen x ideal
Aula 4: Mallarmé, escrever depois de Baudelaire. A poesia não mais como expressão, ela precisa ser refeita, reconstruída, redefinida. Como?
Aula 5: Rimbaud, em busca do verdadeiro “eu”. Desfazer imagens.


JUSTIFICATIVA DO CURSO (A importância do Curso)

A crítica marxista desde muito tempo elegeu o romance como espaço privilegiado de reflexão sobre a natureza da relação entre literatura e sociedade. Trata-se aqui de propor uma pequena inflexão neste debate, não mais pensar de que formas um determinado estado da vida social aparece com mais clareza ou fissurado através do objeto estético, já que no século XIX francês a relação entre literatura e sociedade era um lugar comum, mas de pensar a poesia como espaço privilegiado de construção da ideologia e de sua crítica. Assim, o que estará em questão não será a natureza das relações e vínculos sociais, mas a política como construção discursiva e prática revolucionária, o que ao mesmo tempo, a aproxima e afasta da poesia. De que maneira o impasse do século, entre restauração de uma antiga ordem e criação de uma nova sociedade atravessa a poesia não apenas do ponto de vista temático, mas também nas reflexões dos poetas a respeito da forma.
Dito isso, a questão que colocaremos é a de saber quais as consequências, os problemas e os impasses criados pela produção de uma política através da expressão em primeira pessoa. Assim, poderemos repensar o que entendemos por político/ política, redefinir a manifestação da ideologia e de sua difusão, assim como as formas de crítica criadas pela poesia. A questão será definir qual a forma que a ideologia assume quando vinculada à expressão em primeira pessoa, quais as formas de crítica que a poesia consegue criar, onde está a sua força e quais são seus impasses e limites.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOSTINHO, L. Mallarmé : Les plis et déplis du hasard à la recherche de l’infini. Poésie, philosophie et politique au XIX siècle en France. Thèse de doctorat. Disponível em : http://lettres.sorbonne-universite.fr/IMG/article_PDF/article_a21360.pdf
BAUDELAIRE. As flores do mal. Trad.: Ivan Junqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
_____________ Pequenos poemas em prosa. Trad.: Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Record, 2006.
GLEIZE, Jean- Marie. Littéralité. Poésie et Figuration. Mercuès : Questions théoriques, 2015.
LAMARTINE. Méditations. Paris : Gallimard, 2005.
LIMA, Carlos de. Rimbaud no Brasil. Rio de Janeiro: UERJ, 1993.
MALLARMÉ. Œuvres complètes I, II. Paris: Gallimard, 1998, 2002.
___________ Divagações. Florianópolis: EDUFSC, 2010.
RIMBAUD. Uma temporada no inferno & iluminações. Tradução, introdução e notas Lêdo Ivo. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1993.
OEHLER, D. Quadros parisienses. Estética antiburguesa em Baudelaire, Daumier e Heine. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
________ O velho mundo desce aos infernos: auto-análise da modernidade após o trauma de junho de 1848 em Paris. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
ROSS, K. The emergence of social space. Rimbaud and the Paris Commune. University of Minnesota Press, 1988.
_______ L’imaginaire de la Commune. Paris: La fabrique, 2015.
SISCAR, M. Poesia e crise. São Paulo: Unicamp, 2010.