Programa

Programa completo:
Aula 1 (27/07) – Nelson Pereira do Santos e o cinema neo-realista no Brasil
Esta aula introduzirá a definição conceitual e a contextualização histórica do cinema moderno, a partir das formulações do crítico francês André Bazin, na década de 1950, sobre o neo-realismo italiano do imediato segundo pós-guerra. Em seguida, apresentará um panorama da história do cinema brasileiro até a década de 1950, com destaque para a falência do projeto industrial da Vera Cruz, bem como a trajetória de Nelson Pereira dos Santos até a produção de seus dois primeiros filmes, Rio, 40 graus (1955) e Rio, Zona Norte (1957). Analisaremos Rio, 40 graus a fim de destacar as inovações por ele introduzidas na linguagem cinematográfica e no tratamento da realidade social brasileira, bem como seus diálogos com o neo-realismo italiano. Por fim, a produção de Nelson Pereira dos Santos será comparada a filmes como O grande momento (Roberto Santos, 1958) e Estranho encontro (Walter Hugo Khouri, 1958), apresentando diferentes linhas e projetos que caracterizaram o cinema brasileiro moderno.
Aula 2 (28/07) – Paulo Emílio Salles Gomes e a questão do “subdesenvolvimento”
Esta aula discutirá o artigo “Uma situação colonial?”, de Paulo Emílio Salles Gomes, publicado no Estado de S. Paulo em 1960, fruto de uma tese apresentada na I Convenção Nacional da Crítica Cinematográfica. Analisaremos a trajetória de Salles Gomes e sua relação com a crítica brasileira da década de 1950 (Alex Viany, Francisco Luiz de Almeida Salles e Walter da Silveira). A partir desse material, a proposta é: 1) analisar as formulações que procuraram dar conta de uma produção que dava sinais de renovação; 2) articular algumas opções conceituais (“colonização”, “subdesenvolvimento” etc.) com o processo de modernização econômica e social ocorrido no país nas décadas de 1950 e 1960.
Aula 3 (29/07) – Os curtas-metragens deflagradores do Cinema Novo
Em 1960 Glauber Rocha iniciou uma série de artigos em que proclamava o nascimento de um novo cinema no Brasil, defendido a partir dos curtas-metragens Arraial do Cabo (Paulo César Saraceni e Mário Carneiro, 1959) e Aruanda (Linduarte Noronha, 1960). No ano seguinte, a VI Bienal de São Paulo exibiu tais curtas em sua programação, juntamente com Couro de gato (Joaquim Pedro de Andrade, 1961) e, naquele momento, o Cinema Novo começou a se formar enquanto grupo e projeto estético-político. Esta aula analisará esses três curtas, com destaque para o impacto da produção de Linduarte Noronha e para a emergência do grupo cinemanovista (Paulo César Saraceni, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Glauber Rocha, Gustavo Dahl, Carlos Diegues, etc.).
Aula 4 (30/07) – Gustavo Dahl, Glauber Rocha e a política dos autores
Esta aula analisará o texto de Gustavo Dahl “Algo de novo entre nós”, de outubro de 1961, e a introdução do livro de Glauber Rocha, Revisão crítica do cinema brasileiro, de 1963. Ambos os textos são manifestos em defesa das inovações em curso, tanto na produção fílmica quanto na crítica, e articuladores de um projeto a nortear a nova cinematografia brasileira. E ambos escolhem como método o cinema de autor – originalmente proposto por críticos-cineastas franceses (François Truffaut, Jean-Luc Godard etc.) –, porém, adequando-o aos debates e dilemas próprios do Brasil daquele momento.

Forma de avaliação: Presença mínima de 75% nas aulas.

Bibliografia:
ALAMBERT, Francisco; CANHÊTE, Polyana. As bienais de São Paulo: da era dos museus à era dos curadores (1951-2001). São Paulo: Boitempo, 2004.
ALMEIDA SALLES, Francisco Luiz de. Cinema e verdade: Marylin, Buñuel, etc., por um escritor de cinema. Organização Carlos Augusto Calil. São Paulo/Rio de Janeiro: Companhia das Letras/Cinemateca Brasileira/Fundação do Cinema Brasileiro, 1988.
ARAÚJO, Luciana Corrêa de. Joaquim Pedro de Andrade: primeiros tempos. São Paulo: Alameda, 2013.
AUTRAN, Arthur. Alex Viany: crítico e historiador. São Paulo: Perspectiva, 2003.
BAZIN, André. “A evolução da linguagem cinematográfica”. In: ___. O que é o cinema? São Paulo: Ubu Editora, 2018. p. 101-121.
BERNARDET, Jean-Claude. “Modificação na crítica”. O Estado de S. Paulo, São Paulo, Suplemento literário, p. 5, 05 jan. 1963.
____________. Brasil em tempo de cinema: ensaio sobre o cinema brasileiro de 1958 a 1966. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
____________. O autor no cinema: a política dos autores: França, Brasil – anos 1950 e 1960. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018.
DAHL, Gustavo. “Algo de novo entre nós”. O Estado de S. Paulo, São Paulo, Suplemento literário, p. 5, 07 out. 1961.
FABRIS, Mariarosaria. “A questão realista no cinema brasileiro: aportes neo-realistas”. Alceu, Rio de Janeiro, v. 8, n. 15, p. 82-94, jul.-dez. 2007.
NAPOLITANO, Marcos. “A arte engajada e seus públicos”. Estudos históricos, Rio de Janeiro, n. 28, p. 103-124, 2001.
RAMOS, Fernão. “A ascensão do novo jovem cinema”. In: ___; SCHVARZMAN, Sheila (org.). Nova história do cinema brasileiro. São Paulo: Edições SESC, 2018. V. 2. p. 16-116.
RIDENTI, Marcelo. Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da TV. Rio de Janeiro: Record, 2000.
ROCHA, Glauber. “Introdução”. In: ___. Revisão crítica do cinema brasileiro. São Paulo: Cosac Naify, 2003. p. 31-40.
SALLES GOMES, Paulo Emílio. “Uma situação colonial”? In: ___. Uma situação colonial? São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p. 47-54.
VIANY, Alex. Introdução ao cinema brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 1993.
XAVIER, Ismail. O cinema brasileiro moderno. São Paulo: Paz e Terra, 200