Programa

A música é uma atividade humana fundamental, presente nos mais diversos contextos sociais. A partir do conceito de musicar (SMALL, 1998), podemos pensar a música como um processo amplo, envolvendo uma cadeia de agentes e dinâmicas sociais que vão além do produto da feitura musical. Historicamente, a música tem ocupado um lugar central na produção de diferentes arranjos entre marcadores sociais da diferença, tais como classe, gênero, raça e sexualidade. É também um forte catalisador na construção de localidades. A bibliografia do curso, composta de trabalhos de Antropologia, Etnomusicologia e outras áreas, traz exemplos destes processos úteis para o enriquecimento de pesquisas que dialoguem com o fazer musical.


Aula 1 : Marcadores Sociais da Diferença

ZAMBONI, Marcio. Marcadores sociais da diferença. In: Sociologia: grandes temas do conhecimento (Especial Desigualdades). São Paulo, pp.14-18, 2014.
PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. In: Sociedade e Cultura, 11(2), pp. 263-269, 2008.
FACCHINI, Regina. “Não faz mal pensar que não se está só”: estilo, produção cultural e feminismo entre as minas do rock em São Paulo. In: Cadernos Pagu, (36), pp.117-153, janeiro-junho de 2011.

Aula 2 : Antropologia e música

HIKIJI, Rose Satiko Gitirana. A música e o risco. São Paulo: Edusp, 2006. (cap. 1, pp.47-70).
MITCHELL, J. Clyde. A dança Kalela: aspectos das relações sociais entre africanos urbanos na Rodésia do Norte. (1956) In: FELDMAN-BIANCO, Bela (org.). Antropologia das sociedades contemporâneas. São Paulo: Editora Unesp, 2009. (pp. 1-66)
(Leitura complementar): BLACKING, J. How musical is men? London, Faber & Faber, 1973. (pag. 32-53)


Aula 3: O musicar e a participação

VILLELA, Alice et al. O musicar como trilha para a etnomusicologia. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n° 73, pp. 17-26, 2019.
BERTHO, Renan Moretti. Performance, significado e interação no musicar participativo/apresentacional de uma roda de choro. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n° 73, pp. 83-99, 2019.
(Leituras Complementares): SMALL, Christopher. Musicking: the meaning of performance and listening. Middletown: Wesleyan University Press, 1998. (prelúdio, pp. 1-18)
TURINO, Thomas. Music as social life: the politics of participation. Chicago, Londres: University of Chicago Press, 2008. (cap. 2, pp. 23-65)

Aula 4: (Trans)localidade

APPADURAI, Arjun. Soberania sem territorialidade: notas para uma geografia pós-nacional. In: Novos Estudos CEBRAP, n°49, novembro de 1997, pp. 33-46.
CHALCRAFT, Jasper; HIKIJI, Rose Satiko Gitirana. O visto e o invísivel. In: Cadernos de Campo, n.25, pp.437-447, 2016.
CHALCRAFT, Jasper; SEGARRA, Josep Juan; HIKIJI, Rose Satiko Gitirana. Bagagem desfeita: a experiência da imigração por artistas congoleses. In: GIS, v.2, n.1, p.302-308, 2017.
FARIA, Débora Costa de. “Narrativas musicais contemporâneas entre o local e o global: os casos do funk brasileiro e do kuduro angolano”. In: Cadernos de Arte e Antropologia, Vol. 7, n° 1, pp. 27-46, 2018.
(Leitura complementar): APPADURAI, Arjun. “The production of locality”. In: Modernity at large: cultural dimensions of globalization. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1996, pp. 178-199.

Aula 5: Gênero e música

SOUSA, Fernanda Kalianny Martins & RAMOS, Izabela Nalio. Leci Brandão e Sharylaine: distanciamentos e aproximações entre trajetórias femininas no samba e no hip-hop. In: SAGGESE et al. (orgs). Marcadores Sociais da Diferença: gênero, sexualidade e raça em perspectiva antropológica. São Paulo: Terceiro Nome; Editora Gramma, 2018. (pp. 77-95)
SOUZA, Valéria Alves de. Intersecções de raça, gênero, religiosidade e cultura: padrões de estética e beleza no bloco afro Ilú Obá De Min. In: SAGGESE et al. (orgs). Marcadores Sociais da Diferença: gênero, sexualidade e raça em perspectiva antropológica. São Paulo: Terceiro Nome; Editora Gramma, 2018. (pp. 329-345)

Aula 6: O som da periferia

VIANNA, Hermano. O mundo funk carioca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988. (caps. 1 e 2, pp.11-23)
FELTRAN, Gabriel de Santis. “Sobre anjos e irmãos: cinquenta anos de expressão política do ‘crime’ numa tradição musical das periferias”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros. n° 56, pp.43-72, 2013.


Aula 7: Subculturas e cenas

BECKER, Howard Saul. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009. (Cap. 5, pp. 89-110)
GUERRA, Paula; QUINTELA, Pedro. Culturas urbanas e sociabilidades juvenis contemporâneas: um breve roteiro teórico. In: Revista de Ciências Sociais, Vol. 47, n° 1, pp. 193-217, 2016.
(Leituras complementares): HEBIDGE, Dick. Subculture: the meaning of style. London: Methuen, 1979. (Cap. 4, pp.46-70)
CHAMBERS, Ian. A strategy for living: black music and white subcultures. In: HALL, S.; JEFFERSON, T. (eds.) Resistance through rituals: youth subcultures in post-war Britain. London: Hutchinson, 1976. (pp.157-173)

Aula 8: Música negra e autenticidade

GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência, São Paulo, Rio de Janeiro, 34/Universidade Cândido Mendes – Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001 (cap. 3, pp. 157-221)

Aula 9: Música eletrônica de pista e a experiência clubber

FERREIRA, Pedro Peixoto. Transe maquínico: quando som e movimento se encontram na música eletrônica de pista. In: Horizontes Antropológicos. Ano 14, n.29, pp. 189-215, jan./jun. 2008.
BRAGA, Gibran Teixeira. “A pista é um laboratório”: corpos, afetos e experimentação em cenas de música eletrônica underground. Revista Visagem, Vol. 5, n° 1, pp. 223-252, 2019.
(Leitura Complementar): JACKSON, Phil. Inside clubbing: sensual experiments in the art of being human. New York; Oxford: Berg, 2004. (introdução, pp.1-6, cap. 2 e 3, pp. 15-34, e cap. 9, pp. 135-154)