Programa

Dividimos o curso em duas partes: 1) A Massa; 2) O Indivíduo. Cada parte tem três artigos sobre o seu tema geral, porém discorrendo sobre particularidades e esferas distintas de discussão. Na primeira parte, A Massa, temos os seguintes artigos e seus resumos:

1. UMA ANÁLISE LITERÁRIA DO INDIVÍDUO NA UTOPIA, NO ROMANCE E NA DISTOPIA EM 1984 E NÓS: Neste artigo, procuramos analisar a configuração e desconfiguração do indivíduo por meio de um percurso literário, das ficções universais medievais e seu subgênero, a utopia, até os romances e seu subgênero, a distopia. Neste percurso, desenvolvemos também um diálogo com o psicanalista, Erich Fromm, o escritor e crítico e historiador literário, Ian Watt, e o escritor e sociólogo, Aldous Huxley.

2. SEXUALIDADE NA DISTOPIA 1984 DE GEORGE ORWELL: REPRESSÃO, MANIPULAÇÃO E ENCONTRO: O presente artigo procurará analisar o indivíduo no gênero literário distopia, em especial 1984 de George Orwell e Nós de Yergiev Zamyatin. Para tanto, o escopo se dará em três campos da vida do indivíduo: a sexualidade, a massa e o amor. O primeiro, no contexto distópico, é o do campo da privação, mas também do controle e da funcionalidade. O segundo, o dos mecanismos para desviar as pulsões e energias não satisfeitas do sexo. Já o terceiro, o da emancipação de si por meio do outro. De modo que busca-se na medida do possível mostrar uma relação entre os tópicos e como a individualidade se comporta neste desenvolvimento. Assim, utilizaremos autores como Wilhelm Reich, Sigmund Freud, Aldous Huxley e Erich Fromm para criar este possível diálogo entre eles.

3. KIERKEGAARD, NIETZSCHE E FREUD: MELANCOLIA E O HOMEM-MASSA: O artigo problematiza a relação entre as análises da Modernidade, feitas por Kierkegaard, Nietzsche e Freud, buscando por semelhanças que
podem dar luz a uma descrição de um mesmo fenômeno. Para tanto, dividimos nosso percurso em três etapas: 1) análise do fenômeno da melancolia e seus paralelos em Nietzsche, com a vertigem, e a própria melancolia com Freud; 2) análise da causa desse sentimento na expressão da Queda, do assassinato de
Deus e do pai primevo; 3) análise dos efeitos: a massa/rebanho.

Na segunda parte, O Indivíduo, adentramos a subjetividade dentro do fascismo, a fim de compreender sua existência, atentando também para como construir um personagem mergulhado na ideologia totalitária.

1. AMÓS OZ: COMO CURAR UM FANÁTICO: Neste discurso, o escritor israelense aborda as origens do fanatismo, suas peculiaridades e possibilidades de desenvolvimento, além de apontar a cura para um mal de todos os tempos, sobretudo o nosso.

2. SARTRE: MÁ-FÉ, AUTOENGANO E SOLIPSISMO: Neste artigo, analisaremos o conceito de má-fé de Sartre fazendo conexões com seu conceito de angústia, de transcendência e facticidade.

3. O SUB-HOMEM DE SIMONE DE BEAUVOIR E O EICHMANN DE HANNAH ARENDT: Neste artigo, analisaremos a existência dos sub-homens por Simone de Beauvoir a fim de encontrar paralelos com a análise feita por Hannah Arendt do nazista Eichmann. Num primeiro momento, explicamos brevemente os modos de existir na visão de Beauvoir desde a infância até o sub-homem para, então, mostrar os motivos pelos quais Eichmann se encaixaria no perfil. Na segunda parte, continuaremos a analisar ambas as visões, a fim de encontrar
uma possível relação e alguns desdobramentos na perspectiva das duas filósofas.

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