Programa

10 de agosto: Espaço e tempo na Educação Infantil
As formas de pensar o espaço e o tempo fazem parte da vida cotidiana, nas atividades que condizem às ações culturais da existência humana, e não-cotidiana, ou seja as atividades científicas, filosóficas e artísticas. O desenvolvimento dessas noções pelas crianças envolve uma forma própria de pensamento, o espacial, e demanda investigações acerca de metodologias de ensino, considerando a importância do meio para o desenvolvimento infantil. Compreende-se a Educação Infantil, como uma primeira aproximação aos conhecimentos sistematizados, o que não significa um acúmulo ou aprofundamento de conteúdo científicos. Com isto, espera-se que o ambiente educativo - no caso da escola de Educação Infantil – desenvolva atividades sistematizadas compreendendo que as crianças acessam conhecimentos que apoiarão outros tantos, pois aprender é dialogar com o que já se sabe e agregar outras leituras e ideias sobre o aprendido. Considera-se a importância de compreender o significado da Educação Infantil e o desenvolvimento humano com base na psicologia histórico-cultural.

17 de agosto: Formação de conceitos, vivência e funções psíquicas superiores
A aprendizagem se dá por encadeamentos conceituais, em processo contínuo de construção de conceitos, os quais se apoiam na produção do conhecimento. Adentrar ao mundo sistematizado das ciências é mobilizar crianças de 4 anos, por exemplo, a observar, descrever, questionar, classificar, argumentar. Mobilizar as crianças a pensar o espaço e suas relações de forma sistematizada é contribuir para formação do ser social, pois “fora da relação com a sociedade, jamais desenvolveria as qualidades, as características que são resultado do desenvolvimento metódico de toda humanidade” (VIGOTSKI, 2018, p. 90). Ao compreender o que se ensina, deve-se analisar as formas pelas quais os sujeitos aprendem e, portanto os fundamentos metodológicos do ensino, de modo que o trabalho educativo considere os seguintes aspectos para o desenvolvimento infantil: a) o encadeamento de conceitos; b) a conscientização da própria atividade mental; c) a relação entre criança e conhecimento. A partir destes pressupostos e questionamentos acerca de como se ensina e como se aprende, o meio escolar é um fator a ser considerado na formação de vivências, em oposição às situações espontâneas, isoladas e fragmentadas.

24 de agosto: Desenho e representação espacial
O desenho, com base nos estudos histórico-culturais, consiste em uma linguagem, uma primeira escrita da criança, pois caracteriza-se por elementos referentes à cognição, cultura, desenvolvimento motor e afetividade daquele que o produz. Não é atividade motora ou um simples domínio do material, mas envolve uma série de aprendizado que carrega em si historicidade da funcionalidade da representação gráfica acerca de um pensamento ou informação espacial. O desenho consiste em uma linguagem, uma primeira escrita da criança, e caracteriza-se por elementos relacionados à cognição, cultura, desenvolvimento motor e afetividade. Considera-se três elementos sobre o desenho no processo da iniciação cartográfica: a) a criação de equivalentes gráficos; b) a tradução do volume; c) o ponto de vista. As noções topológicas e projetivas podem estar baseadas no desenvolvimento das funções psíquicas superiores durante a atividade criadora, uma vez que compõem instrumentais para elaboração do conhecimento sistematizado.

31 de agosto: Dimensões da prática docente
Processo de avaliação compartilhada entre os participantes do grupo, com o intuito de compreender como, a partir do cotidiano escolar, pode-se construir processos formativos de ensino-aprendizagem que articulam pensamento espacial, representação e conhecimento geográfico. Neste processo, os participantes apresentarão suas reflexões e produções didáticas (projetos didáticos, plano de aula, entre outros).

Referências:
ALMEIDA, R. D.; JULIASZ, P. C. S. Espaço e Tempo na Educação Infantil. São Paulo: Editora Contexto, 2014.
ARCE, A.; MARTINS, L. M. Quem tem medo de ensinar na educação infantil?: em defesa do ato de ensinar. Campinas, SP: Editora Alínea, 2a ed. 2010, p.14 - 36.
DUARTE, Newton. Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vigotski. 2ª ed. Campinas: Autores Associados, 1999.
FREIRE, Paulo. Papel da Educação na humanização. Seleção de Textos. São Paulo. n. 17. p. 01 – 13. 1987.
HELLER, Agnes. Cotidiano e história. 10ª ed. Tradução de Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder. São Paulo: Paz e Terra. 2014.
LURIA, A. R. O desenvolvimento da escrita na criança. In: VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Traduzido por M. da P. Villalobos. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2001. pp. 143-189.
VIGOSTKI, L. S. A construção do pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes. 2009.
VIGOTSKI, Lev Semionovich. Sete aulas de L. S. Vigotski sobre os fundamentos da pedologia. Organização [e tradução] Zoia Prestes, Elizabeth Tunes; tradução Claudia da Costa Guimarães Santana. Rio de Janeiro: E-Papers, 2018.
VYGOTSKY, Lev Semionovich. La imaginación y el arte en la infância. 10ª ed. Madri: Akal, 2011.