PROGRAMA
1. Estética
a. Arte e História
b. Pornografia e Erótica
2. Epistemologia e Etica
a. Representação Pornográfica
3. Capitalismo
a. Trabalho Imaterial
b. Pornopoder
c. Pornotopias
O curso abordará temas do que chamaremos de pornosofia, isto é, dos cruzamentos dos universos semióticos da pornografia (literária, audiovisual, imagética) e da filosofia, entendendo essa última como uma caixa de ferramenta que através dos autores, e aqui teremos enfase nos pós-estruturalistas, pode-se fazer rizoma e abordar temas múltiplos. A categoria de pornografia que será trabalhada é pensada como um conceito plástico, de que não possui fundo ontológico
que determine sua verdade, se não pelos jogos de poder, pela contextualização na qual está imbricada e por qual plataforma de disseminação e produção está submetida, ou seja, ela não será entendida apenas como sexo explícito ou conjunto de imagens cujo fim é a masturbação compulsória, mas com o que ela pode oferecer de discussões, enunciações e conteúdo, como sua discussão sobre o que é arte, sobre trabalho no capitalismo contemporaneo, etc
A primeira aula foi colocada como “estética”, visto que serão abordados debates e discussões sobre a relação entre arte e pornografia: se pornografia pode ser arte, ou, se não pode, quais são as pressuposições; assim como será necessário fazer uma breve genealogia da pornografia, abordando como surgiu tal categorização, e como, por onde e porque se modificou. Por fim, o debate entre arte (pintura, escultura, literatura, cinema) erótica e pornográfica, dos motivos e das nuancias e sutilezas que foram necessárias, e são utilizadas para fins mercadológicos e de marginalização, para produzir essas categorizações.
Em seguida, na aula nomeada de epistemologia e ética, adentraremos sobre as semiologias que os diversos fluxos pornográficos suscitam no pensar sua representação, a partir das chaves de processos de subjetivação, produção e escorrimento de desejo, assim como a incitação ao prazer, sua fabricação corporal dos generos e de um local poderoso de manuseio dos afetos virtuais e cibernéticos.
E por último, o conceito de pornografia estará ligado com a indústria pornográfica hegemonica, responsável pela circulação de capital e afeto, pensando como autores que falam sobre um capitalismo tardio, cujo trabalho é o imaterial, em resumo, afetos, cognoção, etc. A concepção de outra maneira de produção origina, então, o que Preciado chamou de “pornopoder”, e como esse controla os corpos e seus desejos em seu benefício, assim como a existencia de “pornotopias”, conceito que o mesmo autor usa para pensar locais ciber- arquitetonicos, que estabelecem relações singulares entre espaço, sexualidade, prazer e tecnologia.
METODOLOGIA
Apresentação das diferentes perspectivas através da exposição das argumentações e diálogo acerca dos temas, como forma de troca e compreensão. Isso se realizará por meio da leitura de textos selecionados da autora em questão. Dúvidas serão trabalhadas ao final do percurso da exposição, por meio da abertura de uma conversa sobre os temas da aula.
BIBLIOGRAFIA
HUNT, L. A invenção da pornografía: Obscenidade e as orgiens da modernidade 1500-1800, Hedra, 1999;
MAES, H. Pornographic Art and the Aesthetics of Pornography, Palgrave Macmillan, UK, 2013;
PRECIADO, P.B. Pornotopia: PLAYBOY e a invenção da sexualidade multimídia, Editora n-1, 2020;
_____________. Testojunkie: Sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica, Editora n-1, São Paulo, 2018;
WILLIAMS, L. Porn Studies, Duke University Press, London, 2004;