Diálogos entre música e história: consonâncias, dissonâncias e ressonâncias nos estudos sobre música brasileira

DIFUSÃO

PÚBLICO-ALVO
Estudantes, professores da rede pública e privada de ensino e interessados em geral.

REALIZAÇÃO
Período: 04.10 a 29.11.2010
Feriado: 15.11.10
Horário: 2ª feira, 14 às 16:30.
Carga horária: 20 horas.
Vagas: 40 (mínimo de 4 inscritos).
Valor: Gratuito.
Local: Prédio de Letras, Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 - sala 211.

CERTIFICADO
Para fazer jus ao certificado de extensão o aluno precisa ter o mínimo de 85% de presença.

COORDENAÇÃO
Prof. Dr. José Geraldo Vinci de Moraes, da FFLCH/USP.

MINISTRANTES
Profs. Said Tuma e Cristina Eira Velha, pós-graduado da FFLCH/USP.

PROMOÇÃO
Departamento de História, da FFLCH/USP.

MATRÍCULA
ON-LINE: 20 a 30.09.2010, das 00 (1º dia) às 00:59 (último dia), através do sistema APOLO.
PRESENCIAL: 20 a 30.09.2010 (enquanto houver vaga).

LOCAL
Rua do Lago, 717 – sala 126 – Cidade Universitária – SP.
Atendimento das 9 às 11:30 e das 13 às 16:30.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
RG e CPF.

OBSERVAÇÕES
1. Não efetuaremos matrículas fora do prazo estipulado;
2. Não efetuaremos matrícula por telefone e e-mail;
3. As matrículas serão feitas por ordem de chegada.

OBJETIVO
Apresentar instrumentos para o estudo da música no interior das ciências humanas, especialmente a história, abordando diversas possibilidades de diálogos interdisciplinares entre música, história e as demais áreas das ciências humanas, como a antropologia e a sociologia.

Tendo como ponto de partida a música como linguagem artística que tem uma inserção cultural e social, a qual é inerente à sua forma de expressão estética, pretende-se discutir sobre o papel da música na sociedade e como esta pode ser uma fonte importante para o conhecimento histórico. Desta forma, o curso será dedicado a trabalhar perspectivas metodológicas da abordagem da música como ferramenta para o estudo da história, na compreensão e aprofundamento dos fenômenos históricos e processos sociais.

Para isso, terá como foco a história da música brasileira a partir do final do século XIX e ao longo do século XX, buscando refletir sobre o processo de formação da cultura brasileira a partir do estudo da linguagem musical. Através de aulas estruturadas a partir de temáticas fundamentais no estudo da música brasileira a partir do período republicano, atingir a sensibilidade dos alunos para a importância de se abarcar para além da forma musical, atentando para a sua dimensão de obra humana, produto de uma cultura e sociedade, como prática social ligada ao seu tempo e lugar, expressão dinâmica e complexa das experiências históricas, políticas, econômicas, sociais e culturais.

Ao longo das aulas, serão propostos exercícios de escuta musical, através de exemplos musicais referentes aos conteúdos trabalhados, com registros fonográficos selecionados pelos professores.

PROGRAMA
Aulas I e II:

• Introdução: Possibilidades e dificuldades do diálogo entre música e história

Ministrantes: Prof. Said Tuma (Aula I) e Profa. Cristina Eira (Aula II)

Apesar das transformações historiográficas ocorridas nos anos 70/80 e de certo adensamento na produção acadêmica envolvendo o saber histórico e musical nos últimos dez anos, a música enquanto objeto de estudos para os historiadores ainda se mostra um campo a ser explorado. De outra parte, em relação aos músicos e musicólogos, a situação indica ainda mais questões a serem resolvidas. Na verdade, se pensarmos na “história da música”, veremos que ela representa um saber ainda muito marcado por uma perspectiva auto-referente e alheio às possibilidades da interdisciplinaridade já bastante reconhecidas em outras áreas. A exemplo das chamadas “histórias da música brasileira”, é impossível não identificar nelas, invariavelmente, o mesmo enfoque, ou seja, na obra e na biografia dos grandes compositores. Por estas razões, acreditamos ser muito oportuno participar e, se possível, ajudar a promover este debate.

Em nosso entender, uma compreensão ampla da música deve reconhecer que ela não pode existir em um vácuo social. Ela surge, inevitavelmente, a partir dos cruzamentos de inúmeras forças, tensões e agentes sociais, e se transforma pela constante interação destes elementos que interferem e determinam a sua produção, difusão e circulação.

Desta forma, observaremos alguns trabalhos, sobretudo de historiadores e musicólogos, que permitem situar o problema das relações entre história e música, oferecendo novas saídas e alternativas para se trabalhar com o tema. Perspectivas oferecidas na interface da história com as “musicologias”, como a musicologia histórica, musicologia sistemática, sociologia da música, etnografia musical e etnomusicologia, serão abordadas nas suas particularidades e possibilidades que oferecem de contribuir para o aprofundamento de questões históricas.

Bibliografia:

BASTOS, Rafael José de Menezes. "Esboço de uma teoria da música: para além de uma Antropologia sem Música e de uma Musicologia sem Homem", Anuário Antropológico/93, Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1995, p. 9-73.

BLACKING, John. “Música, cultura e experiência”, trad. de Tiago de Oliveira Pinto, de: Music, culture and experience. Cap. 8. Chicago/London: The University of Chicago Press, ca. 1970.

CHIMÈNES, Myriam. “Musicologia e história. Fronteira ou ‘terra de ninguém’ entre duas disciplinas?”. Revista de história. São Paulo: Humanitas, n. 157, p. 15-29, 2007.

CONTIER, Arnaldo. “Música no Brasil: história e interdisciplinaridade, algumas interpretações (1926-1980). In: História em debate: problemas, temas e perspectivas. Anais do XVI° Simpósio da ANPUH, Rio de Janeiro, 22 jul., 1991.

GONZÁLEZ, Juan Pablo. “Los estudios de musica popular y la renovación de la musicología en América Latina: ¿La gallina o el huevo?” Revista trancultural de música. S.l.: s.n., n. 12, 2008, p. 1-12.

IKEDA, Alberto. “Musicologia ou musicografia?: algumas reflexões sobre a pesquisa em música”. In: SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE MUSICOLOGIA, 1, Anais... Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1998, p. 63-8.

KERMAN, Joseph. Musicologia. SP: Martins Fontes, 1987.

LUCAS, Maria Elizabeth. “Perspectivas da pesquisa musicológica na América Latina: o caso brasileiro”. In: SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE MUSICOLOGIA, 1, Anais... Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1998, p. 69-74.

MORAES, José Geraldo Vinci de. “História e música: canção popular e conhecimento histórico”. Revista Brasileira de História. São Paulo: s.n., v. 20, n. 39, 2000, p. 203-221.

______. “Sons e música na oficina da história”. Revista de História. São Paulo: Humanitas, n.157, 2007, p. 7-13.

______; SALIBA, Elias Thomé (Orgs.). “O historiador, o luthier e a música”. In:______. História e música no Brasil. São Paulo: Alameda, 2010. p. 9-32.

NETTL, Bruno. "Música e essa totalidade complexa". Trad. de Jacqueline Bacha, Paulo C. B. Sancer e Paulo G. de Lima, São Paulo, 2001. The study of Ethnomusicology. Cap.10, Urbana: University of Illinois Press, c.1983.

PEREIRA, Avelino Romero. “O herói e a lenda: Alberto Nepomuceno e as histórias da música brasileira”. In:______. Música, sociedade e política: Nepomuceno e a República musical. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2007. p. 21-37.

PINTO, Tiago de Oliveira. "Som e música: questões de uma Antropologia Sonora" Revista de Antropologia. SP: FFLCH/USP – Depto. de Antropologia, vol.44, n°1, 2001, p. 221-306.

______. “Cem Anos de Etnomusicologia e a ‘Era Fonográfica’ da disciplina no Brasil”, Etnomusicologia: lugares e caminhos, fronteiras e diálogos. Anais do II Encontro Nacional da ABET. Salvador, nov. 2004, p. 103-124.

SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo: uma exploração pioneira pela história passada e pelo atual estado do mais negligenciado aspecto do nosso ambiente, a paisagem sonora. SP: Ed. Unesp, 2001.

______. O ouvido pensante. Trad. Marisa Trench de O. Fonterrada, et. alli. São Paulo: Ed. Unesp, 1991.

SAID, Edward. “Introdução”. In:______. Elaborações musicais. Trad. Hamilton dos Santos. RJ: Imago, 1991, p. 15-25.

SEEGER, Anthony. “Etnografia da Música”. In: Sinais diacríticos: música, sons e significados. Revista do Núcleo de Estudos de Som e Música em Antropologia da FFLCH/USP, n° 1, 2004.

TUMA, Said. “Por uma musicologia crítica”. In:______. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008, p. 17-28.

VELHA, Cristina Eira. Significações sociais, culturais e simbólicas na trajetória da Banda de Pífanos de Caruaru e a problemática histórica do estudo da cultura de tradição oral no Brasil (1924-2006). Dissertação de mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 2009.

Aula III:

• O nacional e o popular nas “histórias da música brasileira”: questões e problemas

Ministrante: Prof. Said Tuma

Mais particularmente em relação às chamadas “histórias da música brasileira”, o problema que se coloca é que grande parte das historiografias posteriores ao chamado Modernismo, entre as quais a musical, acabou privilegiando a leitura da obra e da contribuição de inúmeros compositores, como Alexandre Levy e Alberto Nepomuceno, através das lentes do movimento de 1922. Atados em demasia à noção de vanguarda, os historiadores da música olharam para os compositores do final do XIX de um modo utópico e visionário. De um lado, partindo de uma postura anti-romântica como pressuposto, desprezavam as obras que apresentassem traços do Romantismo. De outro, ao se proclamarem modernos, acabaram perdendo o foco dos inúmeros matizes de modernidade presentes nas manifestações da “geração de 1870”, da qual Levy e Nepomuceno parecem aproximar-se notavelmente. Intelectuais como Mário de Andrade, a despeito da sua enorme contribuição intelectual para a compreensão do que é o Brasil, preferiram ver na obra dos chamados “precursores do Nacionalismo” apenas os prolegômenos do seu próprio “programa” para a música brasileira. Com isto, acabaram negando a temporalidade ao adotar, sistematicamente, o Nacionalismo como critério de periodização, e, de modo ainda mais radical, como critério de juízo de valor artístico.

Nesta aula serão apresentadas inúmeras questões e problemas envolvendo essa bibliografia clássica que ainda hoje goza de grande visibilidade e, portanto, influencia significativamente a produção e a reflexão musicológicas no Brasil.

Para a realização dessa tarefa, serão escolhidos dois eixos de observação: o lugar ocupado pelo “nacional” e pelo “popular” nestas obras. Isto porque parecem ter sido os dois aspectos que mais fortemente foram influenciados pelo “programa” modernista de construção da música brasileira.

Bibliografia:

HARDMAN, Francisco Foot. “Antigos modernistas”. In: NOVAES, Adauto (org.). Tempo e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 289-305.

CONTIER, Arnaldo. “O ensaio sobre a música brasileira: estudo dos matizes ideológicos do vocabulário social e técnico-estético (Mário de Andrade, 1928)”. Revista Música, São Paulo: ECA-USP, v.6, n. 1/2, maio/nov. 1995, p. 75-121.

TRAVASSOS, Elizabeth. Modernismo e música brasileira. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

TUMA, Said. “O ‘nacional’ e o ‘popular’ na historiografia musical brasileira”. In:______. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008, p. 29-48.

WISNIK, José Miguel Soares. “Getúlio da Paixão Cearense (Villa-Lobos e o Estado Novo)”. In:______; SQUEFF, Enio. O nacional e o popular na cultura brasileira: música. São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 129-191.

Aula IV:

• O início das pesquisas etnomusicais no Brasil: expressão do nacionalismo na busca das sonoridades tradicionais do “folklore”

Ministrante: Profa. Cristina Eira

Na passagem do séc. XIX para o XX, uma preocupação passava a estar presente de forma marcante entre os estudiosos da cultura brasileira, que foi a busca das expressões musicais oriundas do folclore, do interior e principalmente das áreas rurais do Brasil. Estas iniciativas estavam ligadas a todo um pensamento que estava se desenvolvendo desde a segunda metade do século XIX, em relação às culturas tradicionais, muitas vezes chamadas de “primitivas”, no sentido de “resgatar” ou “recuperar” as expressões culturais através de registros de caráter etnográfico, o que foi feito por inúmeros viajantes, folcloristas, e mesmo músicos e pesquisadores interessados em “descobrir” e registrar as expressões tradicionais da cultura popular.

Este contexto corresponde inclusive ao surgimento da antropologia como disciplina, baseada na etnografia, assim como à musicologia comparada, desenvolvida na Alemanha, na qual muitos viajantes recolhiam registros sobre a música de outros povos, fora do continente europeu, e não ocidentais, para serem estudados de forma comparativa em relação à música ocidental européia.

Com isso pretendiam esses estudiosos, muitos deles ligados à psicologia, a musicologia, à antropologia ou à história, entender como pensavam os povos de outras culturas, e como eram suas maneiras de fazer música, suas sonoridades e musicalidades. Foi possível, ao longo destes estudos, e seus desdobramentos entre os pesquisadores e estudiosos ao longo do século XX, perceber que a forma de organização musical é variável conforme a cultura na qual é feita, e de acordo com os contextos sociais em que é criada, produzida, pensada, transmitida, sendo portanto repleta de significados construídos socialmente.

Nesta aula pretendemos fazer uma síntese dos esforços em direção aos estudos dos chamados “folcloristas” no Brasil, que assumem também um caráter de estudos culturais e mesmo etnográficos e etnomusicais, voltados para o conhecimento das expressões culturais populares do interior do Brasil, entre o final do século XIX até meados da década de 1940. Entre os principais estudiosos, focalizaremos as obras de Silvio Romero (1887), Mario de Andrade (1928) e Renato Almeida (1942), no que se referem à iniciativa e ao desejo de pensar o Brasil através da música brasileira, ou ainda melhor, a música que se desejava construir e afirmar como brasileira, no projeto de construção da identidade nacional.

Bibliografia:

ALMEIDA, Renato. História da música brasileira. RJ: F. Briguiet & Comp. Editores, 1942.

ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre a música brasileira. SP: Martins, 3ª ed., 1972.

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. RJ: Ediouro, s/d.

CONTIER, Arnaldo. “Modernismos e brasilidade: música, utopia e tradição”. In: Novaes, Adauto (org.). Tempo e História. SP: Companhia das Letras/Secretaria Municipal da Cultura, 1992, p. 259-287.

______. “O ensaio sobre a música brasileira: estudo dos matizes ideológicos do vocábulário social e técnico-estético (Mário de Andrade, 1928)”. Revista Música, São Paulo: ECA/USP, v.6, n.1/2, mai/Nov, 1995, p. 75-121.

FOOT HARDMAN, F. “Antigos Modernistas” In NOVAES, Adauto (org.). Tempo e História. São Paulo, Ed. Companhia das Letras-Secretaria Municipal de Cultura, 1992, p. 289-305.

JARDIM, Eduardo. Mario de Andrade: a morte do poeta. RJ: Civilização Brasileira, 2005.

MORAES, José Geraldo Vinci de. Metrópole em sinfonia: História, Cultura e Música Popular em São Paulo nos anos 30. Tese de Doutoramento, São Paulo, FFLCH/USP, 1997.

PÉCAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil: entre o povo e a nação. SP: Ed; Ática, 1990.

ROMERO, Silvio. Cantos populares do Brasil. BH: Ed. Itatiaia; SP: Edusp, 1985.

SANDRONI, Carlos. As gravações da Missão de Pesquisas Folclóricas no Nordeste 1938. Projeto da Vitae: Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social. SP, 1997.

SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. SP: Companhia das Letras, 1992.

SQUEFF, Enio; WISNIK, José Miguel. O Nacional e o Popular na Cultura Brasileira:Música, 2ª edição. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1983.

SOUZA, Gilda de Mello e. O tupi e o alaúde: uma interpretação de Macunaíma. SP: Duas Cidades, Ed. 34, 2003.

SOUZA, José Geraldo de. "Os precursores das Pesquisas Etnomusicais no Brasil". In: Boletim da Sociedade Brasileira de Musicologia, n° 1, ano I, São Paulo, 1983, p. 53-67.

SOUZA, Marina de Mello e. “Os missionários da nacionalidade”. In: Papéis Avulsos. 36:4, Rio de Janeiro, CIEC, 1991.

TRAVASSOS, Elisabeth. Os mandarins milagrosos. Arte e etnografia em Mário de Andrade e Béla Bartók. Rio de Janeiro: Jorge Zahar & Funarte 16, 1997.

VELHA, Cristina Eira. “Introdução”. In: ______. Significações sociais, culturais e simbólicas na trajetória da Banda de Pífanos de Caruaru e a problemática histórica do estudo da cultura de tradição oral no Brasil (1924-2006). Dissertação de mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 2009.

Aula V:

• O machete e o violoncelo: consonâncias e dissonâncias entre o erudito e o popular no Brasil do século XIX

Ministrante: Prof. Said Tuma

A música de concertos no Brasil tem sido vista, através dos trabalhos mais tradicionais de historiografia musical, de uma forma bastante homogênea, como se ela tivesse sempre ocupado o mesmo “lugar” na sociedade brasileira. Tem sido defendida, também, por meio dos referidos trabalhos, a idéia de uma nítida separação entre os universos musicais representados pelo “erudito” e pelo popular. No entanto, a análise de questões musicais do final do século XIX no Brasil, no âmbito de uma perspectiva historiográfica interdisciplinar, aponta sobretudo para a condição de incipiência e mesmo de dificuldade de ambientação da “música séria” no Brasil, em oposição às facilidades de uma música popular urbana que desponta e atravessa todos os limites espaciais e de classes, no ambiente urbano que se inaugura.

Entre essas facilidades, que de modo ambíguo acuaram e seduziram os promotores da música “culta”, notamos uma certa predisposição das formas populares em atender prontamente aos anseios do público, bem como a natural vocação para responder a algumas das exigências do mercado de massas que se insinua. Diferentemente de ocuparem lugares separados na sociedade, o que se observa no Brasil do último quartel do século XIX é a convivência de certo modo indistinta entre as “duas” músicas. Convivência esta que é marcada por dissonâncias e consonâncias, resultado, talvez, da considerável permeabilidade existente entre as duas manifestações no país.

Nesta aula será apresentado um pouco deste ambiente de trocas culturais, através da consideração de dois contos de Machado de Assis, O machete e Um homem célebre, e alguns artigos de crítica musical escritos pelo compositor Alexandre Levy para o jornal Correio Paulistano. Com isto espera-se relativizar um pouco da perspectiva presente nas obras clássicas da historiografia musical brasileira, que se pautou, invariavelmente pela defesa de critérios de autenticidade para a construção da música brasileira.

Bibliografia:

FIGAROTE. “O hymno da Proclamação da República”. Correio Paulistano, São Paulo, 2 mar. 1890. n. 10046. Palcos e Salões, p. 2.

FIGAROTE. “Musica no Jardim do Largo do Palacio”. Correio Paulistano, São Paulo, 11 mar. 1890. n. 10052. Palcos e Salões, p. 2.

FIGAROTE. “Emilio Pons”. Correio Paulistano, São Paulo, 25 maio 1890. n. 10119. Palcos e Salões, p. 2.

MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. “O machete”. In: GLEDSON, John (Org.). 50 contos de Machado de Assis. São Paulo: Companhia das Letras, 2007a, p. 21-31.

______. “Um homem célebre”. In: GLEDSON, John (Org.). 50 contos de Machado de Assis. São Paulo: Companhia das Letras, 2007b, p. 417-425.

TUMA, Said. “O machete e o violoncelo: consonâncias e dissonâncias entre o popular e o erudito no Brasil do século XIX”. ”. In:______. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008, p. 72-81.

WISNIK, José Miguel Soares. “Machado Maxixe: O caso Pestana”. Teresa revista de literatura brasileira, São Paulo: Editora 34, n. 4/5, 2003, p. 13-79.

Aula VI:

• Nacional-popular, censura e contracultura como pontos de eclosão da circularidade na cultura brasileira (anos 60 e 70)

Ministrante: Profa. Cristina Eira

Nesta aula procuraremos discutir sobre o papel da música na dinâmica dos processos históricos, permeados por tensões e conflitos sociais, o que torna a música um importante instrumento de expressão social pelos sujeitos históricos. Teremos como foco o período conturbado dos anos 60 e 70 no Brasil, em que a música conquistou espaços de luta social, na expressão do desejo de liberdade, de crítica e discussão política.

Este período foi marcado fortemente pelo discurso nacional-popular, através dos intelectuais, polarizados ainda diante das duas perspectivas inauguradas pelo modernismo para pensar o Brasil e a construção da identidade nacional: de um lado, unidos pelo projeto nacionalista defendido por Mário de Andrade, de outro, unidos pelo pensamento antropofágico de Oswald de Andrade. Na primeira perspectiva, situavam-se os músicos ligados às canções de protesto, aos CPCs no Rio de Janeiro e São Paulo e MCPs no Recife. Na segunda, situavam-se os músicos ligados ao que foi denominado de Tropicália.

De todas as maneiras, o discurso nacional-popular estava presente na realidade dos debates políticos em que a música era tomada como possibilidade de criação, expressão e afirmação da brasilidade, diante da modernidade que se apresentava como determinante na prática musical neste período. De um lado, negando a presença das novas tecnologias na prática e difusão da música, como a indústria cultural e os instrumentos eletroacústicos, de outro, afirmando a necessidade de se incorporar os novos elementos da modernidade de forma antropofágica, na transformação criativa das possibilidades de construção da música brasileira diante do novo contexto cultural.

Assim, pretendemos ilustrar e perceber como, no interior deste processo histórico de grande fermentação cultural, tanto no eixo Rio-São Paulo, como nas demais regiões do Brasil, como o Nordeste brasileiro, a música configurou-se um meio privilegiado de expressão de desejos, anseios, descontentamentos, conflitos, trocas, valores, que permite ao historiador compreender com mais proximidade, em uma lente repleta de detalhes, a complexidade, ambigüidade e dinâmica das experiências vividas pelos sujeitos históricos em um determinado contexto.

Bibliografia:

BARBOSA, Airton Lima (org.). Debate “Que caminho seguir na música popular brasileira?” In: Revista Civilização Brasileira, RJ: Ed. Civilização Brasileira, ano I, nº 7, maio 1966.

BERLINCK, Manuel Tosta. O Centro Popular de Cultura da UNE. Campinas: Papirus, 1984.

BRANCO, Edwar de Alencar Castelo. Todos os dias de paupéria: Torquato Neto e a invenção da tropicália. SP: Annablume, 2005.

CALADO, Carlos. Tropicália: a história de uma revolução musical. SP: Ed. 34, 1997.

CONTIER, Arnaldo Daraya. “Música no Brasil: história e interdisciplinaridade, algumas interpretações (1926-80)”. In: História em debate: problemas, temas e perspectivas. Anais do XVI° Simpósio da ANPUH, RJ, 22 jul. 1991.

______. “Modernismos e brasilidade: música, utopia e tradição”. In: NOVAES, Adauto (org.). Tempo e História. SP: Cia das Letras/ Secretaria Municipal de Cultura, 1992.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

ECO, Humberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1993.

ESTEVAM, Carlos. A questão da cultura popular. RJ: Tempo Brasileiro, 1963.

MORAES, José Geraldo Vinci de. “História e música: canção popular e conhecimento histórico”, In: Revista Brasileira de História, SP, v. 20, n. 39, pp. 203-221, 2000

NOVAES, Adauto (org.). Anos 70: ainda sob a tempestade. RJ: Senac, 2005.

PÉCAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil: entre o povo e a nação. SP: Ed; Ática, 1990.

SANT´ANNA, Affonso Romano de. Música popular e moderna poesia brasileira. SP: Ed. Landmark, 2004.

SQUEFF, Enio & WISNIK, José Miguel. O nacional e o popular na cultura brasileira: Música. SP: Brasiliense, 2004.

VELHA, Cristina Eira. “A Banda de Pífanos de Caruaru na cultura brasileira (1960-1982)”. In: ______. Significações sociais, culturais e simbólicas na trajetória da Banda de Pífanos de Caruaru e a problemática histórica do estudo da cultura de tradição oral no Brasil (1924-2006). Dissertação de mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 2009.

WISNIK, José Miguel. “O minuto e o milênio. Ou, por favor, professor, uma década de cada vez”. In: Anos 70. Música popular. RJ: Ed. Europa, 1979.

Aula VII:

• Perspectivas musicais no fim do século XIX: o advento da modernidade e as preocupações com o popular

Ministrante: Prof. Said Tuma

Desde o último quartel do século XIX, identifica-se uma questão importante: “o que é ser brasileiro?”. Também os músicos, sobretudo os compositores, além de inúmeros intelectuais, vão contribuir para o adensamento desta questão. Será o período das preocupações modernizadoras, que procurarão incrementar e dinamizar o mundo musical e enriquecê-lo de composições carregadas de valor nacional. Surgem, já deste momento, algumas polêmicas que se mostraram relevantes para as reflexões sobre a identidade nacional.

Nesta aula será enfocada com bastante atenção a música popular urbana, que, em composições ligeiras, vai, paulatinamente, manifestar a forte presença de elementos de características já bem brasileiras. Figuras importantes, representantes deste universo, mas que também atuavam como uma ponte entre o meio musical erudito e popular, foram: Antonio Callado, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth. Apenas para ilustrar, a música de Callado foi uma das fontes que mais inspiraram a composição de Alexandre Levy.

Alguns compositores vão manifestar, além de suas preocupações musicais, um vivo interesse por elevar o nível musical e cultural da população brasileira, interesse manifestado também entre os intelectuais da chamada “geração de 1870”, que congregava nomes como Silvio Romero, Tobias Barreto, Clóvis Bevilacqua, Araripe Junior, Artur Orlando, Capistrano de Abreu, Graça Aranha, entre muitos outros. Entre os músicos deste período, destaque será dado ao compositor paulistano Alexandre Levy, pela relevância da sua obra no que diz respeito à busca do elemento nacional, bem como pelo papel que exerceu como crítico musical do Correio Paulistano. Será lembrada ainda a figura de Alberto Nepomuceno na condição também de artista engajado; seja a frente do Instituto Nacional de Música, seja como compositor ou como defensor do canto em português.

Bibliografia:

ESTATUTOS DO CLUB HAYDN. São Paulo: Typographia Garraux, 1884.

MACHADO, Cacá. O enigma do homem célebre: ambição e vocação de Ernesto Nazareth. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2007.

PEREIRA, Avelino Romero. Música, sociedade e política: Alberto Nepomuceno e a República Musical. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2007.

SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. 2. ed. rev. aum. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

TUMA, Said. “Música como missão: Levy como intelectual no último quartel do século XIX”. In:______. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008, p. 102-133.

VERMES, Mônica. “Por uma renovação do ambiente musical brasileiro: o relatório de Leopoldo Miguéz sobre os conservatórios europeus”. Revista Eletrônica de Musicologia, v. VIII, Curitiba, UFPR, dez. 2004.

« http://www.rem.ufpr.br/_REM/REMv8/miguez.html»

Aula VIII:

• “Modernismos” e “brasilidade”: criação de novos paradigmas sociais através da música

Ministrante: Profa. Cristina Eira

No início do século XX, no contexto do modernismo que atingia as manifestações artísticas, as tentativas de renovação da linguagem estética ganhavam expressão também na criação musical contemporânea. Diante da sensação de esgotamento das formas “tradicionais”, baseadas no tonalismo, que caraterizava a música ocidental durante o período moderno, desde o renascimento até o final do século XIX, as estruturas musicais estavam sendo questionadas, com os impulsos de desconstrução acirrados pelos movimentos de vanguarda na Europa. Com isso, novas sonoridades e experimentações iam sendo incluídas nas criações musicais contemporâneas, como a presença de ruídos, a exploração de novos timbres e instrumentos, como também novas escalas, afinações, novas maneiras de organização dos sons na música, permitindo ir além dos limites impostos pelo sistema musical tonal ocidental moderno, baseado na escala temperada.

O conhecimento da música de outros povos não ocidentais, como a música dos africanos, dos indígenas, dos indonésios, dos japoneses, entre outros, promovido pela ampliação dos estudos folcloristas e dos viajantes, músicos e estudiosos na Europa e no Brasil, propiciou, assim, uma gama de possibilidades de exploração musical, caracterizando as vanguardas e os modernismos nas primeiras décadas do século XX. Novas paisagens sonoras eram assim percebidas pelos ouvidos dos músicos, intérpretes e pesquisadores, as paisagens sonoras do ambiente urbano e industrial que se consolidava e construía paulatinamente em uma velocidade vertiginosa, concentrando-se nas cidades e delineando-se em inúmeras transformações nos modos de vida, assim como também nos modos de ouvir, sentir e perceber os sons musicais, diferentemente dos contextos rurais.

As transformações mútuas propulsionadas neste processo complexo e dinâmico é o que pretendemos trabalhar nesta aula, através da reconstituição desta trajetória da música na modernidade, diante das novas questões e dilemas aí colocados, e na construção dos novos paradigmas no campo das práticas e representações sociais. E perceber no interior deste processo como a criação musical é permeada por estas transformações, traduzindo nos códigos da sua linguagem sonora, as tensões entre os sons, ruídos e silêncios, entre os elementos arcaicos e modernos, rurais e urbanos, orais e escritos, em todas as suas invenções e apropriações.

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