Temas da Historiografia Contemporânea: dos discursos às práticas culturais: investigando a repercussão da experiência revolucionária da França no Império Português

DIFUSÃO

PÚBLICO-ALVO
Estudantes, professores da rede pública e privada de ensino e interessados em geral. 

REALIZAÇÃO
Período: 12.08 a 02.09.2010
Horário: 3ª e 5ª feira, 9 às 12:00
Valor: Gratuito.
Carga Horária: 20 horas.
Vagas: 40 (mínimo de 10 inscritos).
Local: Prédio da História e Geografia - Av. Professor Lineu Prestes, 338 – sala 16.

CERTIFICADO
Para fazer jus ao certificado do curso o aluno precisa ter 85% de presença.

COORDENAÇÃO
Profa. Dra. Sara Albieri, da FFLCH-USP.

MINISTRANTES
Profs. Ana Paula Medicci, Patricia Ferreira dos Santos e Priscila Gomes Correa, pós-graduandas da FFLCH/USP.

PROMOÇÃO
Departamento de História, da FFLCH/USP.

MATRÍCULA

PERÍODO ON-LINE: 02 a 10.08.2010, das 00 (1º dia) às 00:59 (último dia), através do sistema APOLO

PERÍODO PRESENCIAL: 02 a 10.08.2010.

LOCAL
Rua do Lago, 717 – sala 126 – Cidade Universitária – SP.
Atendimento das 9 às 11:30 e das 13 às 16:30.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
- RG (data de expedição) e CPF;
- endereço e telefone. 

OBSERVAÇÕES
1. Não efetuaremos matrículas fora do prazo estipulado;
2. Não efetuaremos matrícula por telefone e e-mail;
3. As matrículas serão feitas por ordem de chegada.

OBJETIVO
Apresentar aos participantes algumas considerações sobre temas da historiografia contemporânea, seus métodos, práticas e fontes, proporcionando informações e material que lhes permitam atualizar seus conhecimentos como docentes, pesquisadores, ou como formação geral. Para isso, a partir do estudo de discursos, imagens e ícones produzidos na segunda metade do século XVIII, especialmente após a Revolução Francesa (1789), relacionados aos ideais iluministas e liberais então veiculados no meio ilustrado europeu e em seus domínios ultramarinos, pretende-se analisar a formulação e recepção do ideário da França revolucionária em distintas regiões do Império Português, a fim de compreender a forma e circunstâncias de sua transmissão e recepção em meio às transformações advindas da Revolução Francesa, e diante do quadro de crise do Antigo Regime na Península Ibérica. Assim, busca-se fornecer um panorama do ideário e simbologia que caracterizaram a Revolução Francesa num encadeamento de ordem comparativa com o contexto político nos domínios de Portugal na América do século XVIII.

PROGRAMAÇÃO:

- Aula Inaugural: Prof. Dra. Sara Albieri

- Aula 1: Discursos revolucionários: dos primeiros debates à efervescência cultural do ano II da Revolução Francesa – Profa. Priscila Gomes Correa

Sabe-se que a história da Revolução Francesa não se restringiu ao campo da escrita, mas também ao âmbito da ação e da memória vivida; daí seu caráter polêmico: das definições apriorísticas, às referencias analógicas, juízos de valor e profissões de fé. Diante disso, nessa aula apresentaremos um panorama acerca dos discursos surgidos da Revolução Francesa, os principais debates e questionamentos diante das novas circunstâncias esboçadas pelos ideais do 1789. Teria sido a Revolução fatal ou um acidente, um todo ou partes coincidentes, um mito inscrito na mentalidade coletiva ou uma modalidade de ação efetiva? São questões que acompanharam os debates entre revolucionários, conservadores, liberais ou democratas, sobretudo com a radicalização crescente que levou à Republica Jacobina e à revolução cultural do Ano II.

- Oficina 1: Revolução cultural: símbolos para uma nova maneira de viver e de pensar – Profa. Priscila Gomes Correa

Apesar de breve, a revolução cultural esboçada ao longo do Ano II da Revolução Francesa marcaria duravelmente a história contemporânea, antecipando problemas recentes. Diante disso, nessa oficina desenvolveremos em parceria com os alunos a análise de documentos, sobretudo iconográficos, e práticas culturais que expressavam os principais símbolos revolucionários criados ou apropriados pelo novo regime surgido em 1789, mas cujos valores e princípios tiveram seu ápice cultural no Ano II, com um raro compromisso entre intelectuais e militantes por uma participação popular.

Aula 2: O século XVIII português e o desenvolvimento do Reformismo Ilustrado – Profa. Ana Paula Medicci

Nessa aula pretende-se dar um panorama geral sobre a situação política e econômica portuguesa no período pombalino, analisando especialmente o papel dos chamados “estrangeirados” na reformulação da Universidade de Coimbra (1772) e na fundação da Academia de Ciências de Lisboa, bem como sua atuação conjunta à Coroa Portuguesa nas tentativas de implantação do “reformismo ilustrado”, cujo objetivo seria desenvolver econômica e cientificamente as possessões européias e ultramarinas lusas e, ao mesmo tempo, impedir que a vaga revolucionária que varria a Europa naquele momento atingisse a Coroa Portuguesa.

Oficina 2: Memórias ilustradas: práticas e discursos políticos no Império Português - Profa. Ana Paula Medicci

Análise conjunta de “Memórias” elaboradas por ilustrados luso-brasileiros entre o final do século XVIII e início do XIX, oferecidas aos administradores locais e à Coroa portuguesa, com vistas a propor soluções para os problemas sociais e econômicos enfrentados nas diversas partes do Império Serão trabalhados textos de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, José Bonifácio de Andrada e Silva, Antônio Veloso de Oliveira, entre outros, nos quais são abordadas questões como a do desenvolvimento agrícola e comercial das possessões portuguesas, da integração das populações indígenas e mestiças tidas como “vadias”à sociedade considerada “civilizada” e demais propostas com vistas a garantir o desenvolvimento e a manutenção da unidade imperial

Aula 3: O meio eclesiástico no século XVIII e os desafios perante as novas idéias e políticas ilustradas – Profa. Patrícia Ferreira dos Santos

Será apresentado um panorama da organização eclesiástica estabelecida nas partes do Brasil, com organograma institucional, introdução ao vocabulário técnico – jurisdição, liturgia e cerimonial – e regulamentação – direito canônico, concílios, regimentos e constituições. Abordaremos as relações da Igreja com o Estado, e a importância da comunicação e da circulação eficaz de informações para garantir a eficácia da dominação por ambas as instituições. Procuraremos demonstrar a importância das cartas pastorais como recurso de informação e discurso admoestador e deliberador sobre as práticas, costumes e idéias, condenando as chamadas «novidades» neste plano. A evangelização teria, ainda, implicações com a administração judiciária. As visitas pastorais, seus ritos, e uma rica simbologia serviram ao intento de, mediante a ameaça das luzes e os conceitos que enunciava – entre outros, autonomia, universalidade e laicização - reafirmar os ritos tridentinos. Ao mesmo tempo, observaremos a condenação, sob Pombal a esta resistência de alguns bispos brasileiros em implantar o catecismo de Montpellier.

Oficina 3 - Evangelização: palavra e imagem – Profa. Patrícia Ferreira dos Santos.

Os alunos serão instigados a interpretar as pistas dos discursos veiculado em imagens (barrocas) produzidas no século XVIII, e descrições de rituais católicos e entrada triunfal de bispo nas suas dioceses. Analisando a teatralização do poder, se buscará discutir a retórica da imagem e a sua importância na afirmação de um discurso oficial em prol da manutenção da ordem metropolitana nos espaços conquistados.