DIFUSÃO
PÚBLICO-ALVO
Estudantes, professores da rede pública e privada de ensino e interessados em geral.
REALIZAÇÃO
Período: 19.10 a 23.11.2010
Feriado: 02.11.2010
Horário 3ª feira, 19:30 às 22:30.
Carga horária: 15 horas.
Vagas: 40 (mínimo de 20 inscritos).
Valor: Gratuito
Local: Sala de Reuniões da Casa de Cultura Japonesa. Av. Prof. Lineu Prestes, 159, Cidade Universitária. São Paulo – SP.
CERTIFICADO
Para fazer jus ao certificado de extensão o aluno precisa ter o mínimo de 85% de presença.
COORDENAÇÃO
Prof. Dr. Elias Thome Saliba, da FFLCH/USP.
MINISTRANTES
Profs. Ana Karicia Machado Dourado, André Domingues, Carmen Lucia de Azevedo, Cristina Eira Velha, Luiz Filipe Correia, Priscila Gomes Correa, Said Tuma, Sonia Teller e Thiago Lima Nicodemo.
PROMOÇÃO
Departamento de História, da FFLCH/USP.
MATRÍCULA
PERÍODO ON-LINE: 01.10 a 15.10.2010, das 00 (1º dia) às 00:59 (último dia), através do sistema APOLO.
PERÍODO PRESENCIAL: 01.10 a 15.10.2010 (enquanto houver vaga).
LOCAL
Rua do Lago, 717 – sala 126 – Cidade Universitária – SP.
Atendimento das 9 às 11:30 e das 13 às 16:30.
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS: RG e CPF.
OBSERVAÇÕES
1. Não efetuaremos matrículas fora do prazo estipulado;
2. Não efetuaremos matrícula por telefone e e-mail;
3. As matrículas serão feitas por ordem de chegada.
OBJETIVO
O objetivo deste curso consiste em promover o diálogo interdisciplinar na abordagem de temas específicos da cultura brasileira, partindo de estudos históricos, através da observação particular de diversas linguagens artísticas, narrativas e concepções históricas, como a música, a literatura, o cinema e a historiografia.
A partir daí, pretende-se desenvolver reflexões e debates sobre a diversidade dos contextos de criação cultural, práticas sociais e representações históricas, no âmbito da história social e cultural, buscando ampliar as possibilidades de compreensão da realidade cultural brasileira contemporânea.
PROGRAMA
Aula I:
• Literatura, cinema e memória: Macunaíma e seus criadores - Mário de Andrade, Grande Otelo, Joaquim Pedro de Andrade
Ministrantes: Ana Karicia Machado Dourado e Carmen Lucia de Azevedo
Objetivos:
A brasilidade bem brasileira de Macunaíma de repente ganhava um rosto, um corpo e todo um gestual. Desde 1969, quando Grande Otelo corporificou o personagem na tela, no filme de Joaquim Pedro – transposição do livro de Mário de Andrade publicado em 1928 –, o que era virtualidade na obra literária, na rapsódia do “herói de nossa gente” criado por Mário, ficou, talvez irremediavelmente, impregnado da persona cinematográfica de Otelo.
Há uma encruzilhada aí: de desejos, de linguagens, de histórias, de memórias, de representações. Do encontro entre três artistas e seus processos criativos, do encontro entre a plasticidade de diferentes linguagens e a experiência histórica de cada um deles, foi possível fixar uma imagem iconificada do brasileiro. É esse nó criativo, implicado na relação entre determinadas formas estéticas e as dinâmicas sócio-históricas singulares, que nos interessa retomar discutindo o filme, o livro, a performance e seus criadores.
Não deixa de ser desconcertante saber que, apesar de publicamente consagrado pela criação de Macunaíma, Grande Otelo orgulhava-se mais de ter desempenhado o negrinho do pastoreio em filme de 1973 cujo enredo baseava-se em lenda gaúcha. A partir de algumas declarações de Grande Otelo, discutiremos tanto a predileção do ator quanto o estranhamento que pode surgir em nós diante da sua preferência.
Bibliografia:
ANDRADE, Mário. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Estabelecimento de texto Telê Ancona Lopez, Tatina Longo Figueiredo. Rio de Janeiro: Agir, 2008.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi. São Paulo: Hucitec, Brasília: Editora da Unb, 1993.
BENJAMIN, Walter. “Paris, capital do século XIX”. In: Walter Benjamin: sociologia. Trad. Flávio R. Kothe. São Paulo: Editora Ática, 1991.
CANDIDO, Antônio. “Dialética da malandragem: caracterização das Memórias de um Sargento de Milícias”. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros. São Paulo: 1970, nº 8.
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Portugal: Difel, 2002.
GOMES, Paulo Emílio Sales. Cinema, trajetória no subdesenvolvimento. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
SALIBA, Elias Thomé. “A dimensão cômica da vida privada na República”. In: SEVCENKO, Nicolau (org.). História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
______. Raízes do riso: a representação humorística na história brasileira, da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia da Letras, 2002.
______. “Representações do cômico no cinema e na história: anotações pertinentes e digressões impertinentes”. In: Estudos de História. Franca: v.4, n.2, 1997, p. 35-55.
SCHWARCZ, Lílian K. M. “O Complexo de Zé Carioca: notas sobre uma identidade mestiça e malandra”. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, nº 29, out. de 1995, p. 49-63.
SCHWARZ, Roberto. “Nacional por subtração”. In: Que horas são? São Paulo, Companhia das Letras, 1987.
XAVIER, Ismail. Alegorias do subdesenvolvimento: cinema novo, tropicalismo, cinema marginal. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.
Aula II:
• Pestana, Levy e Radiohead: uma reflexão sobre música para além dos limites entre o erudito e o popular
Ministrantes: Luiz Filipe Correia e Said Tuma
Objetivos:
Nos últimos anos, o adensamento das pesquisas envolvendo música tem possibilitado repensar inúmeras questões e problemas que estavam presentes, de modo geral, nas obras mais tradicionais cobrindo este tema, como as histórias da música, obras escritas por críticos de música, ensaios, manifestos, entre outras. Uma vez construída dentro de uma perspectiva interdisciplinar, essa nova produção tem se beneficiado da contribuição de outras áreas do saber, fato que também tem ajudado a relativizar questões envolvendo esse complexo objeto de estudos que é a música.
Um exemplo dessas possíveis contribuições ao trabalho do historiador, apenas para ilustrar com um único caso, poderia ser vislumbrado nos trabalhos do professor de estética Enrico Fubini que, refletindo sobre as peculiaridades da música, nos ajuda a atenuar as linhas divisórias que cindiram o pensamento musical a partir, por exemplo, de critérios de autenticidade, da divisão entre erudito e popular, entre outros.
Desde Pestana, personagem de Machado de Assis, inúmeros foram os musicistas, compositores, grupos de música, que tiveram suas trajetórias compreendidas com dificuldade pelas perspectivas mais tradicionais, as quais não conseguiam entender a natureza híbrida desses atores sociais. No caso de Alexandre Levy, torna-se muito difícil compreender a singularidade das suas aspirações musicais considerando-o, meramente, como compositor erudito e de gêneros europeus, desprezando, com isto, a grande contribuição da música popular urbana como fonte de inspiração de suas obras com expectativas de reconhecimento nacional.
No caso da banda inglesa Radiohead podemos dizer que ocorre um processo de certa maneira inverso ao de Levy, pois o grupo surgiu dentro do universo da música popular urbana, num contexto de explosão de grupos pop na Inglaterra, o Britpop. Porém ao longo da carreira a banda incorporou outros elementos musicais e acabou sendo vista pela crítica como um grupo de vanguarda.
Nesta aula, gostaríamos de refletir um pouco sobre a necessidade de pensarmos a música para além das fronteiras entre o erudito e o popular, e de todas as implicações que essa divisão acarreta. Sem a intenção de elaborar um levantamento exaustivo de toda produção que envolve esse novo posicionamento, gostaríamos de tomar como motivação, além do emblemático personagem machadiano, nossos objetos de estudo, ou seja, o compositor paulistano Alexandre Levy e a banda inglesa Radiohead. Isto porque, nesta nova perspectiva, esses personagens podem dividir, sem constrangimentos, as páginas de uma mesma história da música.
Esperamos com isto, que esta reflexão possa enriquecer de algum modo o repertório dos participantes, sobretudo se ela propiciar uma ampliação de suas possibilidades de escuta. A partir de uma nova sensibilidade, acalentada por essas novas perspectivas historiográficas, acreditamos tornar possível também uma visão menos marcada ideologicamente dos vários repertórios musicais, e com isto, estimular a curiosidade do público por novas experiências sonoras, desde que este se permita, assim como os palestrantes, revisitar aquelas idéias tradicionais que tem marcado, às vezes de modo apaixonado, nossas opiniões sobre música.
Bibliografia:
FISCHERMAN, Diego. Efecto Beethoven. Complejidad y valor en la música de tradición popular. 1. ed. 1ª reimp. Buenos Aires: Paidós, 2004.
FRITH, Simon, Hacia una estética de la música popular. In: CRUCES, Francisco et allí (orgs.) Las culturas musicales. Lecturas en etnomusicologia, Madrid, Ed. Trotta, 2001.
FRITH, Simon, Une Histoire des recherches sur les musiques populaires au Royaume-Uni, In Reseaux, Communication. Technologie, vol.141/142, Lavoisier, 2007, p. 47-63.
FUBINI, Enrico. Estetica della musica. Bologna: Il Mulino, 2003. (Lessico dell’estetica)
GONZALEZ, Juan Pablo. “Musicología popular en América Latina: síntesis de sus logros, problemas y desafíos”. Revista Musical Chilena, Santiago, v. 55, n. 195, jan. 2001. Disponível em . Acesso em 23 jul. 2010.
MACHADO, Cacá. O enigma do homem célebre. Ambição e vocação de Ernesto Nazareth. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2007.
MORAES, José Geraldo Vinci de; SALIBA, Elias Thomé. “O historiador, o luthier e a música”. In:______. História e música no Brasil. São Paulo: Alameda, 2010. p. 9-32.
ROSS, Alex. O resto é ruído: escutando o século XX. Trad. Claudio Carina, Ivan Weisz. Rev. téc. Marcos Branda Lacerda. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo. Uma exploração pioneira pela história passada e pelo atual estado do mais negligenciado aspecto do nosso ambiente: a paisagem sonora. Trad. Marisa Trench Fonterrada. São Paulo: Editora da Unesp, 2001.
TUMA, Said. “Por uma musicologia crítica”. In:______. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008, p. 17-28.
WISNIK, José Miguel Soares. “Machado Maxixe: O caso Pestana”. Teresa revista de literatura brasileira, São Paulo: Editora 34, n. 4/5, 2003, p. 13-79.
______. "Entre o erudito e o popular", Revista de História, Dossiê História e Música, FFLCH/USP, n. 157, São Paulo, 2° semestre de 2007, p. 55-72.
Aula III:
• Chico Buarque e Sérgio Buarque de Holanda: experiência e referências na música, literatura, cotidiano e história
Ministrantes: Priscila Gomes Correa e Thiago Lima Nicodemo
Objetivos:
A aula pretenderá tratar do impacto da obra do historiador brasileiro Sergio Buarque de Holanda em seu filho, Chico Buarque, tendo como ponto de partida a análise da obra de Chico, enfocando a música e a literatura (os romances Estorvo, Benjamin, Budapeste e Leite Derramado, com ênfase nos dois últimos). Em ambas procuraremos refletir sobre as implicações de sua arte no diagnóstico dos dilemas brasileiros, e por extensão nas referências à obra de Sergio Buarque de Holanda.
Bibliografia:
ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre a música brasileira. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1972.
BOSI, Alfredo (org.) Cultura Brasileira: Temas e situações, São Paulo, Ática, 1987.
CANDIDO, Antonio. O discurso e a cidade. São Paulo, Duas Cidades, 1993.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Petrópolis, Vozes, vols. 1 e 2, 1997.
FERNANDES, R. (org.). Chico Buarque do Brasil. Rio de Janeiro, Garamond, 2004.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. RJ: José Olympio Editora, 1994.
MENESES, Adélia Bezerra de. Desenho Mágico: poesia e política em Chico Buarque. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
MORAES, José Geraldo Vinci de. História e Música: canção popular e conhecimento histórico. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.20, n.39, 2000.
NAPOLITANO, Marcos. A síncope das idéias. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2007.
PÉCAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil: entre o povo e a nação. São Paulo, Ática, 1989.
SANT’ANNA, Afonso Romano de. Musica popular e moderna poesia brasileira. Rio de Janeiro, Vozes, 1980.
SCHWARZ, Roberto. O pai de família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
TATIT, Luiz. O século da canção. Cotia, Ateliê Editorial, 2004.
TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. São Paulo: Ed. 34, 1998.
WISNIK, José Miguel Soares. Sem Receita. São Paulo: Publifolha, 2004.
Aula IV:
• Do midiático ao popular, do popular ao midiático
Ministrantes: André Domingues e Sonia Teller
Objetivos:
O curso se iniciará com um exercício de compreensão da obra de Dorival Caymmi, questionando a imagem folclorizante que tantas vezes recebeu dos meios de comunicação, das iniciativas governamentais, da crítica especializada e da intelectualidade de seu tempo. O objetivo é perceber como, embora envolvido desde muito cedo com o ambiente “moderno” do rádio, do cinema e do mercado fonográfico, o artista teve sua produção atrelada aos traços mais “típicos” da sua terra, num movimento que revela fortes contradições da cultura brasileira.
Na segunda metade, o curso pretende abordar a vida da cirandeira Lia de Itamaracá, que, da pobreza, como empregada doméstica, merendeira e mestre da ciranda, se destaca como líder da comunidade onde vive e como artista renomada internacionalmente. Vislumbramos a possibilidade de aprofundamento da análise quando, recorrendo à busca de apoios oficiais e à mídia para viabilizar sua atividade cultural, a cirandeira coloca-se no enfrentamento da crescente tensão entre a espetacularização e o jogo da não-representação das práticas da cultura que divulga.
Bibliografia:
ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo. SP: Martins Fontes, 1993.
AYALA, Maria Inês Novaes & AYALA, Marcos. Côcos, alegria e devoção. Natal: Edufan, 2000.
CAYMMI, Stella. Dorival Caymmi: o mar e o tempo. São Paulo: Ed. 34, 2000.
______. O portador inesperado: a obra de Dorival Caymmi (1938-1958). Dissertação de mestrado, Departamento de Letras, PUC-RJ, 2006.
CONTIER, Arnaldo. “Modernismos e Brasilidade: música, utopia e tradição”. In: NOVAES, Adauto (org.). Tempo e História. SP: Ed. Companhia das Letras/Secretaria Municipal da Cultura, 1992, p. 259-287.
DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. SP: Perspectiva, 1971.
DOMINGUES, André. Caymmi sem folclore. SP: Ed. Barcarolla, 2009.
FELICIO, Vera Lucia G. A procura da lucidez em Artaud. Tese de doutoramento, FFLCH/USP, São Paulo, 1980.
______. “O tempo presente e o proceso teatral”. In: Discurso, n. 19, Revista do Departamento de Filosofia da USP, São Paulo, 1992.
FISCHERMAN, Diego. Efecto Beethoven: complejidad y valor en la música de tradición popular. Barcelona-Buenos Aires-México: Ed. Paidós, 2005.
FOOT HARDMAN, Francisco. “Antigos Modernistas”. In: NOVAES, Adauto (org.). Tempo e História. SP: Ed. Companhia das Letras/Secretaria Municipal da Cultura, 1992, p. 289-305.
GARCIA, Walter. Melancolias, mercadorias: Dorival Caymmi, Chico Buarque, o pregão de rua e a canção popular-comercial no Brasil. Tese de doutoramento, Teoria Literária, FFLCH/USP, 2006.
GINZBURG, Carlo. Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância. SP: Companhia das Letras, 2001.
GONZÁLEZ, Juan Pablo. “Musicología Popular en América Latina: síntesis de sus logros, problemas y desafíos”. In: Revista Musical Chilena, año LV, enero-junio, n° 195. Santiago: 2001, p. 38-64.
LENHARO, Alcir. Cantores do Rádio: A trajetória de Nora Ney e Jorge Goulart e o meio artístico de seu tempo. Campinas: Edunicamp, 1988.
MACHADO, Cacá. O Enigma do Homem Célebre: ambição e vocação em Ernesto Nazaré. São Paulo: Instituto Moreira Sales, 2007.
MONTEIRO, Marianna. Espetáculo e devoção: burlesco e teologia política nas danças populares brasileiras. Tese de doutoramento, FFLCH/USP, São Paulo, 2002.
MORAES, Eduardo Jardim de. A brasilidade modernista: sua dimensão filosófica. Rio de Janeiro, Graal, 1978.
MORAES, José Geraldo Vinci de. “História e Música: canção popular e conhecimento histórico” In: Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 20, n° 39, 2000, p. 203-221.
RISÉRIO, Antonio. Caymmi: uma utopia de lugar. Salvador: Ed. Perspectiva, 1993.
SALIBA, Elias Thomé. Raízes do riso: a representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 2002.
SANDRONI, Carlos. “Adeus à MPB” In: CAVALCANTI, Berenice; STARLING, Heloísa Maria Murgel; EISENBERG, José (orgs.). Decantando a República vol. 1: Inventário histórico e político da moderna canção popular moderna brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004, p. 23-35.
______. Feitiço Decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora-Ed. UFRJ, 2001.
SANT´ANNA, Afonso Romano de. Música popular e moderna poesia brasileira. 4ª edição. São Paulo: Ed. Landmark, 2004.
SQUEFF, Enio; WISNIK, José Miguel. O Nacional e o popular na cultura brasileira: música. 2ª edição. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1983.
SZENDY, Peter. Escucha: una historia del oído melómano. Barcelona-Buenos Aires-México: Ed. Paidós, 2001.
TATIT, Luiz. O cancionista: composição de canções no Brasil. 2ª edição. São Paulo: Edusp, 2002.
______. As festas no Brasil colonial. SP: Ed. 34, 2000.
______. Os sons dos negros no Brasil. SP: Arte Editora, 1988.
TOTA, Antonio Pedro. Samba da legitimidade. Dissertação de mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 1980.
VIANNA, Hermano. O Mistério do samba. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed/ Ed. UFRJ, 2004.
WISNIK, José Miguel. “Machado Maxixe: o caso Pestana”. In: Teresa – Revista de Literatura Brasileira, n° 4-5. São Paulo: FFLCH-USP, 2004
Aula V:
• Investigações sobre a linguagem e prática musicais no estudo da cultura brasileira
Ministrantes: Cristina Eira Velha e Said Tuma
Objetivos:
Nesta aula pretende-se discutir sobre as possibilidades e perspectivas da abordagem da expressão musical como ferramenta para o estudo da história, tendo como foco a reflexão sobre o lugar da música no processo de construção da cultura brasileira ao longo do século XX. Com isso, uma questão fundamental a ser analisada será a presença do nacionalismo que permeia a criação musical e a produção intelectual sobre a música brasileira, destacando-se no contexto da produção historiográfica que tem a música como objeto e projeto cultural.
Enfim, tendo em vista esta chave de leitura da música no interior dos projetos modernistas de construção da identidade cultural brasileira, de afirmação da nossa “brasilidade”, será possível perceber, em um âmbito teórico e metodológico, o quanto a produção musical está marcada pelas concepções sociais e culturais do seu tempo e lugar. E, assim, entender a música como uma linguagem constitutiva de significações sociais e representações simbólicas, interligadas de forma indissociável com as experiências histórico-culturais concretas, numa relação de construções, homologias, (res)significações e representações, que permitem iluminar e desvendar zonas obscuras na história.
Bibliografia:
ALMEIDA, Renato. História da música brasileira. RJ: F. Briguiet & Comp. Editores, 1942.
ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre a música brasileira. SP: Martins, 3ª ed., 1972.
______. Danças dramáticas do Brasil. SP: Livraria Martins Editora, 1959.
______. Pequena história da música. SP: Martins Ed., BH: Ed. Itatiaia, 1980.
______. Dicionário musical brasileiro. Brasília: Ministério da Cultura; São Paulo: IEB/USP/Edusp; Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1989.
BASTOS, Rafael José de Menezes. "Esboço de uma teoria da música: para além de uma Antropologia sem Música e de uma Musicologia sem Homem", In: Anuário Antropológico/93, Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1995, pp. 9-73.
BLACKING, John. “Música, cultura e experiência”, trad. de Tiago de Oliveira Pinto, de: Music, culture and experience. Cap. 8. Chicago/London: The University of Chicago Press, ca. 1970.
CHIMÉNES, Miriam. “Musicologia e história. Fronteira ou ‘terra de ninguém’ entre duas disciplinas?” In: Revista de História, n. 157, Dossiê História e Música, São Paulo, 2° semestre de 2007, p. 15-29.
CONTIER, Arnaldo. “Música no Brasil: história e interdisciplinaridade, algumas interpretações (1926-1980). In: História em debate: problemas, temas e perspectivas. Anais do XVI° Simpósio da ANPUH, RJ, 22 jul., 1991.
______. “Modernismos e brasilidade: música, utopia e tradição”. In: Novaes, Adauto (org.). Tempo e História. SP: Companhia das Letras/Secretaria Municipal da Cultura, 1992, p. 259-287.
______. “O ensaio sobre a música brasileira: estudo dos matizes ideológicos do vocábulário social e técnico-estético (Mário de Andrade, 1928)”. Revista Música, São Paulo: ECA/USP, v.6, n.1/2, mai/Nov, 1995, p. 75-121.
FOOT HARDMAN, F. “Antigos Modernistas” In NOVAES, Adauto (org.). Tempo e História. São Paulo, Ed. Companhia das Letras-Secretaria Municipal de Cultura, 1992, p. 289-305.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. SP: Cia das Letras, 1989.
MORAES, José Geraldo Vinci de. “Os sons na oficina da História”. In: Revista de História, São Paulo: Humanitas, n. 157, 2º semestre de 2007, p. 7-13.
______. “História e Música: canção popular e conhecimento histórico”. In Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 20, n° 39, 2000, p. 203-221.
MORAES, José Geraldo Vinci de; SALIBA, Elias Thomé. “O historiador, o luthier e a música”. In:______. História e música no Brasil. São Paulo: Alameda, 2010. p. 9-32.
NETTL, Bruno. "Música e essa totalidade complexa". Tradução de Jacqueline Bacha, Paulo C. B. Sancer e Paulo G. de Lima, São Paulo, 2001.
PINTO, Tiago de Oliveira. "Som e música: questões de uma Antropologia Sonora" Revista de Antropologia. vol.44, n°1, São Paulo, FFLCH/USP, 2001, p. 221-306.
______. “Cem Anos de Etnomusicologia e a ‘Era Fonográfica’ da disciplina no Brasil”, Etnomusicologia: lugares e caminhos, fronteiras e diálogos. Anais do II Encontro Nacional da ABET. Salvador, nov. 2004, p. 103-124.
ROMERO, Silvio. Cantos populares do Brasil. BH: Ed. Itatiaia; SP: Edusp, 1985.
SANDRONI, Carlos. As gravações da Missão de Pesquisas Folclóricas no Nordeste 1938. Projeto da Vitae: Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social. SP, 1997.
SQUEFF, Enio; WISNIK, José Miguel. O Nacional e o Popular na Cultura Brasileira: música, SP: Brasiliense, 1983.
SOUZA, José Geraldo de. "Os precursores das Pesquisas Etnomusicais no Brasil". Boletim da Sociedade Brasileira de Musicologia, n° 1, ano I, São Paulo, 1983, p. 53-67.
SOUZA, Marina de Mello e. “Os missionários da nacionalidade”. Papéis Avulsos. 36:4, Rio de Janeiro, CIEC, 1991.
TRAVASSOS, Elisabeth. Os mandarins milagrosos. Arte e etnografia em Mário de Andrade e Béla Bartók. Rio de Janeiro: Jorge Zahar & Funarte 16, 1997.
TUMA, Said. O nacional e o popular na música de Alexandre Levy: bases de um projeto de modernidade. Dissertação de mestrado, ECA/USP, São Paulo, 2008.
VELHA, Cristina Eira. Significações sociais, culturais e simbólicas na trajetória da Banda de Pífanos de Caruaru e a problemática histórica do estudo da cultura de tradição oral no Brasil (1924-2006). Dissertação de mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 2009.