Programa:
Encontro 1: Torcer: análise das obras de Janet Toro (Chile) e E² cia de dança e teatro (Brasil) Nessa aula veremos os desacordos temporais e espaciais entre o ato de exibição imediato e compartilhado da performance, e o ato de observação, mais comum à teoria. Para isso, analisa as obras performáticas A emparedada da Rua Nova (2017) da E² Cia de Teatro e Dança e Este é meu corpo (2019), de Janet Toro, que optam por apresentar suas performers de costas para o público, contra ou detrás de paredes, invertendo relações usuais de visibilidade na performance. Através da analise formal das obras, demonstra-se como ambas lidam com a violência não como mero tema, tornando-o constituinte da obra através de torções do que se faz visível para o público. Tais torções seriam justamente o que ultrapassa uma relação afirmativa da demonstração performativa e convocam o público à uma experiência reflexiva de ordem teórica.
Encontro 2: Cortar: análise das obras de Maria José Arjona (Colombia) e Juliana Notari (Brasil) O encontro analisa as performances Justo en el centro, de Maria Jose Arjona e Symbebekos, de Juliana Notari, nas quais as artistas se colocam em relação com objetos cortantes como navalhas e cacos de vidro. Em diálogo com o filósofo Jean-Luc Nancy, discute-se a pele como zona de proteção e exposição do corpo para, a partir disso, discutir como as obras apresentam ao mesmo tempo imagens violentas e ações de cuidado, entendendo dessa forma o risco do corte como algo inevitável e contingente ao próprio ato de cuidar de si.
Encontro 3: Barbarizar: análise das obras da Improvável Produções (Brasil/Argentina) e Regina Parra (Brasil/EUA) A partir da noção de uma arte bárbara apresentada por Walter Benjamin em seu texto Experiência e pobreza, de 1933, analisaremos as obras Deixa arder e Lasciva, que recuperam imagens e gestos de violencias históricas contra mulheres e negros. A partir do empilhamento coreográfico dessas imagens, pensaremos sobre as possibilidades e agencias de uma perspectiva bárbara da arte nos dias de hoje.
Encontro 4: análise das obras de Alice Yura e Cinthia Marcelle (Brasil/EUA). Nesse encontro, analisaremos os videos e fotografias de duas artistas que pensam as relações de poder através de encenações e teatralizações. Seja em negociações com o próprio público ou instituições artísticas,as obras nos mostram como as relações entre poder e violência podem ser tensionadas. Veremos também como esse embate entre os termos se dá através de Walter Benjamin e Hannah Arendt.
Referências bibliográficas:
BENJAMIN, Walter. Para uma crítica da violência. Trad. Ernani Chaves. ______. Escritos sobre mito e linguagem. Trad. Susana Kampff e Ernani Chaves. São Paulo: Duas Cidades, 2011. DORLIN, Elsa. Autodefesa – uma filosofia da violência. São Paulo: Crocodilo/Ubu editora, 2020. FRAYZE-PEREIRA, João A. Arte, Dor: Inquietudes entre Estética e Psicanálise. Cotia: Ateliê Editorial, 2005.
GARCIA, Silvio de. Arte Acción em Latinoamérica: cuerpo político y estratégias de resistência. 2016. Disponível em: https://icaa.mfah.org/s/es/page/home
HAMACHER, Werner. Aformativo, greve: a “Crítica da violência” de Benjamin. In: BENJAMIN, Andrew; OSBORNE, Peter (orgs.). A filosofia de Walter Benjamin: destruição e experiência. Jorge Zahar Editor: São Paulo, 1997.
HAN, Byung-Chul. Topologia da violência. Petropolis: Editora Vozes, 2017.
KUNST, Bojana. Artist at work: proximity of art and capitalism. UK: Zero books, 2015. VERGINE, Lea. Body art and performance: the body as language. Milão: Sjira Editore, 2000. WARD, Frazer. No innocent bystanders. Dartmouth college, 2012.
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