Aula 1: 05.08: Tópicos contemporâneos sobre a sociedade digital
Ministrantes:
Antônio Olegário, Diego Gonçalves, Guilherme Olímpio Fagundes, Julia Rodrigues Barros Alves e Marcus Repa.
Resumo: A aula introdutória apresentará a sociologia digital como um ponto de encontro de estudos acerca do papel das redes sociais, da crescente captura e análise de dados (dataficação), a digitalização de processos, o uso de plataformas digitais e o crescente papel da inteligência artificial. Essas tecnologias serão apresentadas de forma
introdutória junto a uma visão geral do curso, onde diferentes casos da aplicação tecnológica nas relações de trabalho e empreendedorismo serão discutidos.
Referências bibliográficas:
Cordeiro, Veridiana, Letícia Simões Gomes e Leopoldo Waizbort (2023). “A formação da sociologia digital: emergência de uma nova especialidade na sociologia ou um campo para repensar a própria sociologia?”. Plural 30(1), 5-22.
Nascimento, Leonardo (2020). Sociologia Digital: uma breve introdução. Salvador: Editora UFBA (Coleção Cibercultura).
O’Neil, Cathy. (2020). “Introdução”; “Capítulo 1”. In Algoritmos de destruição em massa: como o big data aumenta a desigualdade e ameaça a democracia. Editora Rua do Sabão, Santo André.
Esposito, Elena. (2022). Artificial Communication: How Algorithms Produce Social Intelligence. MIT Press.
Pasquinelli, Matteo. (2023). “Conclusion: The Automation of General Intelligence”. The Eye of the Master: A Social History of Artificial Intelligence. Verso Books.
Aula 2: 07.08: Aperte o botão, ganhe vida extra e pague o aluguel!
Ministrante: Marcus Repa.
Resumo: a partir do jogo Monotonia, identificar o que as imagens sugerem em relação ao processo do trabalho, enquanto forma crítica, de uma passagem do “fordismo” para uma produção de tecnologias de imagens baseadas em trabalho individualizado e remoto. Da análise interna, a interpretação combina os elementos externos ao jogo
digital, isto é, os agentes envolvidos e as condições de produção de um jogo, assim como a circulação desse para o consumo. Esse percurso apresenta algumas pistas para que uma análise sociológica contemporânea compreenda as relações profissionais e os sentidos das “novas formas de trabalho”.
Referências bibliográficas:
Castells, Manuel. A Transformação Do Trabalho E Do Mercado De Trabalho: Trabalhadores Ativos Na Rede, Desempregados E Trabalhadores Com Jornada Flexível. In: A Sociedade Em Rede. Paz E Terra, 2020.
Guevara-Villalobos, Orlando. Playful Peripheries: The Consolidation Of Independent Game Production In Latin America. In: Independent Videogames Cultures, Networks, Techniques And Politics, Ruffino, Paolo (Ed.), Routledge, 2021.
Harvey, David. A condição pós-moderna. São Paulo: Estação Liberdade, 2010.
Tschang, Ted F. The Video Game Development Process. In: The Video Game Explosion: A History From Pong To Playstation And Beyond. Wolf, Mark J.P. (Edit.). Greenwood Publishing Group, Inc, United States Of America, 2008.
Woodcock, James. Marx No Fliperama. São Paulo: Autonomia Literária, 2020.
Schumacher, Leif. Immaterial Fordism: The Paradox Of Game Industry Labour. Work Organisation, Labour & Globalisation 1, No. 1 (2007): 144-55. Accessed April 8, 2020. Www.Jstor.Org/Stable/10.13169/Workorgalaboglob.1.1.0144.
Boltanski, Luc. Desconstrução do mundo do trabalho. In: O novo espírito do capitalismo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2020.
Aula 3: 12.08: Plataformização do trabalho - Do Uber ao OnlyFans
Ministrante: Julia Rodrigues Barros Alves.
Resumo: Através do aprofundamento em duas plataformas, o Uber e o OnlyFans, discutiremos o processo socioeconômico de plataformização (a crescente dependência das plataformas digitais para o funcionamento do capitalismo) com o objetivo de apresentar os seus principais efeitos para o mundo do trabalho. Focando, sobretudo, nas trabalhadoras sexuais de plataforma, pretende-se suscitar reflexões acerca de como, enquanto sociedade, definimos trabalho, prazer, plataforma e/ou rede social — problematizando, enfim, o senso comum de que trabalhos plataformizados são simples e obrigatoriamente trabalhos precarizados.
Referências bibliográficas:
Gwyn Easterbrook-Smith, Gwyn. "OnlyFans as gig-economy work: a nexus of precarity and stigma". Porn Studies. 10 (3), 252–267.
Abílio, Ludmila Costhek. “Uberização: a era do trabalhador just-in-time?”. Estudos Avançados. 34(98), 111–126.
Figiaccone, Julieta. “Soy mi propia madama”: Emprendedoras eróticas en OnlyFans”. Nueva Sociedad. Disponível em:
https://nuso.org/articulo/316-emprendedoras-eroticas-only-fans/.
Aula 4: 14.08: Quando seu trabalho são as redes - O empreendedorismo de base tecnológica
Ministrante: Guilherme Olímpio Fagundes.
Resumo: Enquanto a sociologia do trabalho, em sua interface com os estudos digitais, tem se preocupado com os efeitos de sistemas algorítmicos sobre o tecido social, é dada pouca atenção para indivíduos, grupos e organizações que estão por trás da produção dessas inovações tecnológicas (Padgett e Powell, 2012). Tendo isso em mente, a aula se debruça sobre o ofício do empreendedor da indústria de alta tecnologia, especialmente nas suas diferentes agendas sociológicas de pesquisa, que versam sobre desigualdades sociais, plataformas de bussiness (LinkedIn), processos de inovação, dentre outros.
Referências bibliográficas:
Maia, Marcel. (2024). “Introdução”. In Jovem firma procura investidor: como as aceleradoras promovem encontros e moldam startups. Tese de doutorado (Sociologia), Universidade de São Paulo.
Elfring, Tom, Kim Klyver e Elco van Burg (2021). Entrepreneurship as Networking. Nova Iorque: Oxford University Press.
Mattar, Luciano. (2018). Inserção e interdependência multinível entre redes sociais interpessoais e interorganizacionais: Capital social e desempenho no caso do cluster industrial Parque Tecnológico BH-TEC. Tese de doutorado (Sociologia), Universidade Federal de Minas Gerais.
Padgett, John e Walter W. Powell. (2012). The Emergence of Organizations and Markets. Princeton: Princeton University Press.
Aula 5: 19.08: Monitoramento Eletrônico, Classificação de Desempenhos e Reputação Plataformizada
Ministrante: Diego dos Santos Moura Gonçalves (Píi).
Resumo: A aula abordará o avanço do monitoramento eletrônico no ambiente de trabalho, a partir do caso dos caminhoneiros do transporte rodoviário, compreendendo esse monitoramento enquanto parte do processo de dataficação, isto é, da crescente captura e análise de dados. Esse uso dos dados implica em novas e mais pervasivas formas de classificação de desempenhos e comportamentos, numa dinâmica que pode ser traçada desde a proliferação dos scores de crédito nos anos 70. No caso dos caminhoneiros, a telemetria veicular, a exemplo do aplicativo de gestão de frotas GoBrax, permite produzir classificações e premiar os desempenhos desejados. De forma mais ampla, é possível falar de uma reputação plataformizada, com notas e ranqueamentos, que se tornam cada vez mais relevantes para atividades tão diversas como e-commerce (ebay) ou avaliação de prestação de serviços por aplicativo.
Referências bibliográficas:
Fourcade, Marion e Kieran Healy. (2013). “Classification Situations: Life-Chances in the Neoliberal Era”. Accounting, Organizations and Society 38.
Levy, Karen (2015). “The Contexts of Control: Information, Power, and Truck-Driving Work”. The Information Society: An International Journal 31(2), 160-174.
Tadelis, Steven (2016). Reputation and Feedback Systems in Online Platform Markets. Annual Review of Economics 8(1), 321-340.
Aula 6: 21.08: Automação e Trabalho: entre a quantidade e a qualidade
Ministrante: Antonio Olegário.
Resumo: O objetivo desta aula é abordar o debate sobre automação e o futuro do trabalho em sua dimensão quantitativa e qualitativa. Sendo assim, discutiremos as características automatizantes das novas tecnologias e debateremos o potencial que a digitalização possui de efetuar mudanças paradigmáticas nos mercados de trabalho globais. Estas transformações serão trabalhadas, então, a partir da oposição entre quantidade e qualidade, oposição essa que nos levará a perguntar tanto sobre os efeitos da automação na quantidade de vagas de emprego disponíveis quanto sobre seu impacto na organização e direção (qualidade) dos ambientes de trabalho. Por fim, a aula considerará brevemente, à luz do debate sobre o futuro do trabalho, os temas trabalhados na primeira data do curso.
Referências bibliográficas:
Frey, Carl e Michael Osborne (2017). “The future of employment: How susceptible are jobs to computerisation?”. Technological Forecasting & Social Change 114.
Benanav, Aaron. (2019). Automation and The Future of Work, 1. New Left Review, 119.
Benanav, Aaron. (2019). Automation and The Future of Work, 2. New Left Review, 120.
Crawford, Kate (2021). Atlas of AI: Power, Politics, and the Planetary Costs of Artificial Intelligence. New Haven: Yale University Press.

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