Programa

Aula 1 (09.09.2021) – Prof. Me. Rodrigo Bravo
Título: A tradução do pensamento mítico na épica greco-latina.


Resumo: A aula tem por objetivo discutir os procedimentos por meio dos quais tem sido conduzido o processo das traduções de textos do gênero épico em língua grega e latina. A aula se situará na intersecção entre as áreas da linguística, da filologia, da escrita criativa e da tradutologia, demonstrando como ferramentas e conceitos oriundos de cada ciência podem guiar a tarefa do tradutor. Ao final, serão realizadas leituras de trechos de obras de Homero e Virgílio, traduzidas segundo o método exposto na primeira parte da aula, a fim de demonstrar os resultados de sua
aplicação.

Referências: CASSIRER, Ernst. Essay on man. New Haven, Yale University Press: 1944
____________ . Language and Myth. Nova Iorque, Dover Publications: 1946
_____________. La philosophie des formes symboliques – Vol II. La pensée mytique. Paris, Éditions de Minuit: 1972
_____________. Esencia y efecto del concepto de simbolo. Cidade do México, Fondo de Cultura Econômica: 1975
_____________. Antropologia filosófica. São Paulo, Editora Mestre Jou: 1977
GENETTE, Gérard. Palympsestes. Paris, PUF: 1982
TAPIA, Marcelo. Diferentes percursos de tradução da épica homérica como paradigmas metodológicos de recriação poética – um estudo propositivo sobre linguagem, poesia e tradução. 2012. 290 p. Dissertação (Doutorado em Crítica Literária) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo: 2012
TORRANO, Jaa. Teogonia – A Origem dos Deuses. São Paulo, Iluminuras: 2011
_____________. Mito e Imagens Míticas – Hesíodo, Homéricos, Tragédia, Platão. São Paulo, Córrego/Neûron: 2019

Aula 2 (14.09.2021) – Profa. Me. Zyanya Carolina Ponce Torres
Título: Duas culturas, um enredo: elementos culturais na tradução literária e o caso de Lygia Fagundes Telles.


Resumo: A aula abordará os conceitos de marcas e marcadores culturais e a importância de eles na tradução dos textos literários. A literatura é composta por uma dimensão criativa na qual, através do discurso, “sela vínculos com seu entorno e com a cultura que lhe serve de moldura” (Azenha, 2010: 54). A cultura se tece no decorrer do discurso e as suas marcas, como “relações abstratas”, encontram sua textualidade nos marcadores culturais. Quando levado a tradução, o texto literário interatua com duas culturas e consegue que elas dialoguem entre si. As referências possíveis são infinitas e vão desde festividades, culinária, nomes próprios até questões sociais, econômicas e raciais. Três contos
do livro Antes do baile verde de Lygia Fagundes Telles e a sua tradução para o público mexicano servirão como exemplo para falar sobre como o trabalho de tradução das marcas e marcadores culturais ecoa no texto traduzido e a sua recepção.

Referências: AUBERT, F. H. Indagações acerca dos marcadores culturais na tradução. In: Revista de Estudos Orientais, n. 5, 2006, p. 23-36
AZENHA, J. J. Lingüística Textual e redação: Redefinindo o conceito de "marca cultural". In: Tradterm, v. 12, 2006, p. 13-32. DOI: 10.11606/issn.2317-9511.tradterm.2006.46720. Disponible en: http://www.revistas.usp.br/tradterm/article/view/46720. Acceso en: 15 sept. 2020.
_____________________. Transferência cultural em tradução: contextualização, desdobramentos, desafios In: TradTerm, v.16, São Paulo: CITRAT-USP, 2010, p. 37-66. Disponible en <https://www.revistas.usp.br/tradterm/article/view/46311&gt;. Acceso en: 10/feb/2021
REICHMANN, T.; ZAVAGLIA. A. A tradução juramentada de documentos escolares (português, francês, alemão). In: Tradução em Revista, Rio de Janeiro, n 17, v. 2, 2014.
TELLES, Lygia Fagundes. Antes do baile verde. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

Aula 3 (16.09.2021) – Profa. Dra. Juliana Hass
Título: Tradução Comentada do Italiano


Resumo: Análise da tradução mediante a observação das especificidades de um texto literário escrito em 1911 traduzido do italiano para o português.

Referências: AUBERT, F. H. As (in)fidelidades da tradução: servidões e autonomia do tradutor. Campinas: Editora da UNICAMP, 1992.

Aula 4 (21.09.2021) – Profa. Me. Valquíria Pereira Alcantara
Título: Tradução de literatura infantil: estudo de duas traduções para o português de Revolting Rhymes de Roald Dahl.


Resumo: Considerando a relevância de Roald Dahl no cenário da literatura infantil britânica, apresentamos um estudo comparativo dos contos “Chapeuzinho Vermelho e o lobo” e “Os três porquinhos” recriados por Dahl com as traduções em língua portuguesa publicadas no Brasil e em Portugal tendo como aporte teórico a abordagem funcionalista de Christiane Nord complementada pela análise das modalidades de tradução atualizadas por Francis Aubert. Ademais, observamos também as relações hipertextuais segundo Gérard Genette instauradas entre os textos. A
interlocução entre textos verbal e visual foi analisada segundo as observações de Sophie Van der Linden acerca dos livros ilustrados. Como resultado, percebe-se que Dahl não só atualiza os contos tradicionais analisados, como também oferece a oportunidade para reflexão sobre o papel do masculino e do feminino.

Referências: DAHL, Roald. Revolting Rhymes. Illustrated by Quentin Blake. London: Puffin Books, 2001
______. Historinhas em versos perversos. Ilust. Quentin Blake. Trad. Luciano Vieira Machado. São Paulo: Salamandra/ Moderna, 2007.
______. Histórias em versos para meninos perversos. Ilust. Quentin Blake. Trad. Luísa Ducla Soares. Lisboa: Editorial Teorema, 2010.

Aula 5 (23.09.2021) – Prof. Me. Marcel Twardowsky Avila
Título: O nheengatu e as traduções: panorama histórico e recentes trabalhos desenvolvidos por discentes da USP.


Resumo: O nheengatu, desenvolvimento histórico da língua geral amazônica colonial, é ainda falado por alguns milhares de pessoas na Amazônia, sobretudo na sub-bacia do Rio Negro. Essa língua tem grande importância histórica, por ter sido em certo período a língua mais difundida na Amazônia brasileira, adentrando também territórios de países vizinhos, como a Colômbia e a Venezuela. A aula tratará brevemente do histórico do idioma nheengatu, abordando seu processo de formação, dispersão e o posterior declínio de seu uso, no qual perdeu falantes e abrangência territorial, frente o avanço e estabelecimento da língua portuguesa na Região Amazônia. Em seguida abordaremos o histórico de traduções envolvendo o nheengatu que foram publicadas nos séculos 19 e 20. A esse respeito, dedicaremos atenção à influência das traduções nheengatu-português em certas obras importantes da literatura brasileira modernista e ao histórico de traduções português-nheengatu de cunho religioso, como parte das estratégias missionárias para conversão e aculturação dos povos indígenas e ribeirinhos. Finalmente, trataremos dos projetos que estão sendo feito para traduzir obras literárias para o nheengatu na Universidade de São Paulo (USP). Esses trabalhos, levados a cabo por graduandos do curso de TUPI IV (nheengatu) e pós-graduandos do Programa de Estudos da Tradução, têm como objetivo fomentar o desenvolvimento de uma literatura no idioma, ajudando assim no fortalecimento da língua.

Referências: AVILA, M. T.; MILTON, J. Tradução, interpretação e multilinguismo na municipalidade de São Gabriel da Cachoeira (AM). Muiraquitã - Revista de Letras e Humanidades, v. 7, p. 84-100, 2019.
CHESTERMAN, Andrew. Proposal for a hieronymic oath. In: The translator. Manchester, v. 7, n. 2, pp. 139-154, 2001. Disponível em: <http://www.docfoc.com/week-7-translation-ethics&gt;. Acesso em: 20 mar. 2014
FREIRE, J.R.B. Rio Babel: a história das línguas na Amazônia. 2.ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011.
______. Tradução e interculturalidade: o passarinho, a gaiola e o cesto. Revista Alea, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, pp. 321-338, jul.-dez., 2009.
NAVARRO, E. A.; AVILA, M. T.; GOES NETO, A. F. Stradelli, dicionarista e tradutor. In: Livia Raponi. (Org.). A única vida possível - Itinerários de Ermanno Stradelli na Amazônia. 1ed.São Paulo: Editora da Unesp, 2016, v., p. 99-120.
NAVARRO, E. A.;  AVILA, M. T. ; TREVISAN, R. G. O Nheengatu entre a vida e a morte: a tradução literária como possível instrumento de sua revitalização lexical. Revista Letras Raras, v. 6, p. 9-29, 2017.

Aula 6 (28.09.2021) – Prof. Dr. Marco Syrayama de Pinto
Título: Tuhaf bir Kadın de Leylâ Erbil e seus desafios tradutórios.


Resumo: Discussão e comentário de diversas questões que surgiram durante o meu processo de tradução do romance Tuhaf bir Kadın (Mulher estranha) da escritora turca Leylâ Erbil. Na aula, entre outras coisas, serão discutidos temas como: tradução de língua regional/dialeto, a importância da curiosidade e do tradutor-pesquisador, a tradução cultural (referentes de uma cultura islâmica) e erros curiosos encontrados nas traduções cotejadas, a saber: croata, alemã, francesa e inglesa.

Referências: Erbil, Leylâ. Tuhaf bir Kadın. Istambul: Türkiye Iş Bankası Kültür, 2009.
______. Èudna ena. Zagreb: sijeèanj, 2016.
______. Eine seltsame Frau. Zurique: Unionsverlag, 2005.
______. Une drôle de femme. Paris: Belleville éditions, 2018

Aula 7 (30.09.2021) – Profa. Jamilly Brandão Alvino e Profa. Me. Verena Veludo Papacidero
Título: Criatividade e tradução: a literatura de Dr. Seuss em enfoque e Língua chinesa em tradução: poesia e literatura infantil


Resumo: Parte 1 – Verena Veludo Papacidero
A língua chinesa sempre desperta certo estranhamento naqueles que não a conhecem, embora seja a mais antiga e única língua da história humana usada continuamente até hoje, a mais falada no mundo atual, e uma das cinco línguas oficiais da ONU. Muito já foi traduzido dos poemas Tang, mas pouco se sabe sobre as formas e estilos da poesia chinesa, e muito menos foi estudado sobre poesia chinesa moderna no Brasil. Inicialmente, nesta aula, vamos desvendar as principais características da língua chinesa nas suas dimensões fonológica, escrita e gramatical; em um segundo momento, conheceremos sumariamente as singularidades da arte poética chinesa, e aspectos fundamentais da poesia chinesa moderna e da Poesia Nebulosa, movimento de poesia marginal das décadas de 70 e 80 na China; para que, posteriormente, possamos explorar de forma breve e prática o processo de tradução literária do chinês para o português de um trecho do poema Céu (1973), de Mang Ke, um dos pioneiros da Poesia Nebulosa.

Parte 2 – Jamilly Brandão
O autor e ilustrador Theodor Geisel Seuss (1904-1991), conhecido pelo pseudônimo Dr. Seuss, é considerado um ícone da Literatura Infantil, com mais de 60 livros publicados na área, os quais trazem como destaque a marca criativa dos vocábulos. Ainda em vida, seus títulos atingiram a marca de mais de 700 milhões de cópias vendidas, tendo sido traduzidos para mais de 20 idiomas, entre eles, o português brasileiro e o chinês. Com isso em vista, a aula pretende (1) suscitar a reflexão acerca das dificuldades práticas na tradução de livros infantis ilustrados; (2) explanar a utilização da Linguística de Corpus como metodologia; (3) apresentar as Modalidades de Tradução (Aubert, 1998; 2006) de modo a apontá-las nos vocábulos criativos de Dr. Seuss traduzidos para o português brasileiro e para o chinês; (4) propor um exercício de tradução de excertos selecionados no par inglês-português e (5) discutir as soluções apresentadas nas traduções em estudo.

Referências:Parte 1
CAI, Z. (Ed.). How to read Chinese poetry: A guided anthology. Columbia University Press, 2008.
CHENG, F. A escrita poética chinesa. In: Revista de Cultura, nº 25. Edição: Instituto Cultural de Macau, 1995, p. 5-65. Disponível em: http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30025/1829#%22LAB3002500030001%22 ). Acesso em: 07/06/2021.
CHENG, G. Zhongguo Dangdai Shige shi (História da Poesia Chinesa Contemporânea). 2 ed. Pequim: Zhongguo Renmin Daxue Chubanshe, 2019.1.
DEFRANCIS, J. The Chinese Language: Fact and Fantasy. University of Hawaii Press, 1984.
DONG, Hongyuan. A history of the Chinese language. Routledge, 2020.
GU, M. D. Routledge Handbook of Modern Chinese Literature. New York: Routledge, 2019. 48 p.
HUANG, B.; Liao X. Xiandai Hanyu (Língua Chinesa Moderna). Pequim: Gaodeng jiaoyu Chubanshe, 1991, Vol. 1 e 2.
JATOBÁ, J. R. Poesia e (In)traduzibilidade na Língua Chinesa. Scientia Traductionis, n. 13, 2013.
LAVRAC, M. China's New Poetry or Into the Mist. Asian and African Studies, v. 14, p. 29-40, dez. 2010.
YEH, M. Misty Poetry. In: Ed. Joshua S. Mostow, et al. The Columbia Companion to Modern East Asian Literature. New York: Columbia UP, p. 520-6, 2003.

Parte 2
AUBERT, F. H. Em busca das refrações na literatura brasileira traduzida - revendo a ferramenta de análise. Literatura E Sociedade, 2006, 11(9), 60- 69.
AUBERT, F. H. Modalidades de tradução: teoria e resultados. Tradterm, 1998, 5(1), 99-128/129
BERBER SARDINHA, T. Linguística de Corpus. São Paulo: Manole, 2004.
KENNY, Dorothy. Lexical Hide-and-Seek: Looking for Creativity in a Parallel Corpus. In. OLOHAN, Maeven. Intercultural Faultlines: Research Model in Translation Studies I – Textual and Cognitive Aspects. Manchester:St. Jerome Publishing, 2000.
KENNY, Dorothy. Lexis and creativity in translation: corpus-based study. New York: Routledge, 2014. (Reimpressão)
MORGAN, J.; MORGAN, N. Dr. Seuss & Mr. Geisel: a biography. New York: Random House, 1995.
OITTINEN, R.; KETOLA, A.; GARAVANI, M. Translating Picturebooks: Revoicing the Verbal, the Visual, and the Aural for a Child Audience. NY: Routledge, 2018.
SCOTT, Mike. WordSmith Tools Software – version 8. Stroud: Lexical Analysis Software, 2020. Disponível em: https://lexically.net/wordsmith/
SEUSS, Dr. A guerra do pão com manteiga. Tradução de Bruna Beber. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2018.
SEUSS, Dr. Ah, os lugares aonde você irá!. Tradução de Bruna Beber. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2018.
SEUSS, Dr. Como o Grinch roubou o natal. Tradução de Bruna Beber. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2017.
SEUSS, Dr. How the Grinch Stole Christmas. 1. ed. Boston: Random House, 1957.
SEUSS, Dr. O Gatola da Cartola. Tradução de Bruna Beber. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2017.
SEUSS, Dr. O Lórax. Tradução de Bruna Beber. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2017.
SEUSS, Dr. Oh, The Places You’ll Go. 1. ed. Boston: Random House, 1990.
SEUSS, Dr. The Butter Battle Book. 1. ed. Boston: Random House, 1984.
SEUSS, Dr. The Cat in the Hat. 1. ed. Boston: Houghton Mifflin e Random House, 1957.
SEUSS, Dr. The Lorax. 1. ed. Boston: Random House, 1971.
SEUSS, Dr. 你要去往多少美妙的地方! [Oh, The Places You’ll Go]. Tradução de Xīnyuè 馨月馨. Beijing: Liánhuánhuà chūbǎn shè 連環画出版社, 2014.
SEUSS, Dr. 冒牌儿圣诞老人鬼机灵 [How the Grinch Stole Christmas]. Tradução de Xīnyuè 馨月馨. Beijing: Liánhuánhuà chūbǎn shè 連環画出 版社, 2014.
SEUSS, Dr. 戴高帽子的猫 [The Cat in the Hat]. Tradução de Xīnyuè 馨月馨. Beijing: Liánhuánhuà chūbǎn shè 連環画出版社, 2014.
SEUSS, Dr. 绒毛树 [The Lorax]. Tradução de Xīnyuè 馨月馨. Beijing: Liánhuánhuà chūbǎn shè 連環画出版社, 2014.
SEUSS, Dr. 黄油大战 [The Butter Battle Book]. Tradução de Xīnyuè 馨月馨. Beijing: Liánhuánhuà chūbǎn shè 連環画出版社, 2014.
S-MSRSeg. Natural Language Computing Group at Microsoft Research Asia, 2004.
TAGNIN, Stella E. O. A Linguística de Corpus na e para a tradução. In: Corpora na Tradução, São Paulo: Hub Editorial, 2015.

Aula 8 (05.10.2021) – Profa. Renata Cazarini de Freitas
Título: Latim: língua de reza e de praga, do cânone e não só.


Resumo: A aula pretende apresentar a história do latim e de sua tradução, com exemplos do mercado editorial brasileiro e do exterior. A abordagem do tema será pela via da problematização de tópicos como a pervivência do latim, língua de cultura e/ou de dominação, a vulnerabilidade da transmissão textual, gêneros literários em latim, tradução criativa vs. tradução filológica, clássicos latinos nos tempos de #MeToo e #BlackLivesMatter.

Referências: CARDOSO, Zelia de Almeida. A literatura latina. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
DUARTE, Adriane da Silva. “Por uma história da tradução dos clássicos greco-latinos no Brasil”. Translatio. Porto Alegre: UFRGS, 2016. n.12, p. 43-62. https://seer.ufrgs.br/translatio/article/view/69211
FREITAS, Renata Cazarini de; FUNARI, Pedro Paulo. “Invocando deuses e clamando por vingança em fontes literárias e epigráficas”. CORNELLI, G.; COUTINHO, L.; Orgs. Estudos Clássicos IV: Percursos, p.281-308. Brasília/Coimbra: Archai, Annablume/IUC, 2018.
https://www.researchgate.net/publication/334432308_Invocando_deuses_e_c…
FREITAS, Renata Cazarini de. “‘Matar’ e ‘morrer’ em textos latinos e portugueses”. CARDOSO, E.; GIL, B.; ARAÚJO, M.; Orgs. Os estudos lexicais em diferentes perspectivas: volume VIII, p.66-80. São Paulo: FFLCH/USP, 2020. http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/499
GONÇALVES, Willamy Fernandes. Tendência atual na tradução de poesia grega e latina em Portugal. In: DE BROSE, Robert (org.). Pervivência Clássica: interfaces entre tradução e recepção dos Clássicos. Belo Horizonte: Moinhos, 2018.
VASCONCELLOS, Paulo Sérgio de. “A tradução poética e os estudos clássicos no Brasil de hoje: algumas considerações”. Scientia Traductionis. Florianópolis: UFSC, 2011, n.10, p. 68-79. https://periodicos.ufsc.br/index.php/scientia/article/view/1980-4237.20…

Aula 9 (07.10.2021) – Profa. Maria Carolina Gonçalves
Título: Tradução de poesia nacionalista palestina em verso livre: estudo da obra de Fadwa Tuqan.


Resumo: Fadwa Tuqan (1917-2003) é considerada uma das mais importantes e proeminentes poetas árabes do século XX. Esta aula tem como objetivo apresentar sua obra, com foco na fase de sua produção literária em que a poeta palestina opta pelo verso livre em poemas nos quais predominam os temas do nacionalismo, em oposição a sua poética inicial, caracterizada por uma escrita em tom intimista em poemas que seguem padrões de métrica e rima tradicionais, estabelecidos pela poesia árabe desde o período pré-islâmico e ainda observados nas primeiras décadas daquele século. A partir de trechos de poemas traduzidos, serão discutidas as especificidades da poesia palestina nacionalista, do verso
livre em árabe e questões envolvendo a tradução de poesia de modo geral.

Referências: JAYYUSI, Salma Khadra (ed.). Anthology of modern Palestinian literature. Nova York: Columbia University Press, 1992.
______. Modern Arabic Poetry: an anthology. Nova York: Columbia University Press, 1987.
KHOURI, Mounah Abdallah; ALGAR, Hamid (ed.). An anthology of modern Arabic poetry. Berkeley; Los Angeles: University Of California Press, 1974.
LAÂBI, Abdellatif. La Poésie palestinienne contemporaine. Paris: Le temps des cerises, 2002.
TUQAN, Fadwa. Al-riḥlah al-aṣʿab (الرحلة الأصعب). Amã: Shurūq, 1993.
______. A mountainous journey: an autobiography. Tradução de Olive Kenny. Edição de Salma Khadra Jayyusi. Saint Paul: Graywolf Press, 1990.
______. Dīwān Fadwa Ṭūqān (ديوان فدوى طوقان). Beirute: ʿAwda, 2005.
______. Riḥlah jabaliyyah, riḥlah ṣaʿbah (رحلة جبلية رحلة صعبة). Amã: Shurūq, 1985.

Aula 10 (14.10.2021) – Profa. Carolina de Mello Guimarães
Título: O espelho na poesia de Yi Sang - poética modernista coreana em tradução.


Resumo: Yi Sang (1910-1937), em sua curta carreira de sete anos como escritor, produziu cerca de cem poemas, dezesseis contos e diversos artigos e escritos espalhados em jornais e revistas da época. Sua obra esteve no centro das maiores polêmicas da literatura coreana na década de 1930. Em 1934, a publicação de sua coletânea de poemas “Olho-de-corvo” (em coreano, 오감도 - “Ogamdo”) foi recebida com indignação pelo público por causa de sua experimentação radical com a linguagem e a forma, divergindo da poética lírica e realista que era esperada (PARK, 2019). Em 1999, “Olho-de-corvo e outras obras de Yi Sang” é publicado no Brasil, em tradução de Yun Jung Im. Nesta obra, a tradutora
emprega experimentações formais tais como espaçamento silábico, falta de espaçamento entre as palavras, jogos de palavras, dentre outros, a fim de espelhar a subversão linguística do poeta coreano. Em comparação, as traduções para o espanhol (“A vista de cuervo y otros poemas” (2003), de Whangbai Bahk) e para o inglês (“Yi Sang: selected works” (2020), de Don Mee Choi, Jack Jung, Sawako Nakayasu e Joyelle McSweeney) se mantém muito mais próximas das convenções gramaticais e ortográficas de suas línguas. A temática do espelho, fundamental por toda a obra do autor, será usada como fio condutor para as leituras e discussões sobre tradução.

Referências: PARK, Hyun Seon. Colonial modernism and inverted subjectivity: the paradoxes of the mirror in the writings of Yi Sang. In: SEIGNEURIE, Ken (ed.). A companion to world literature. New Jersey: John Wiley & Sons, 2019.
SONE Seunghee. The Mirror Motif in the Crow’s-Eye View (Ogamdo) Poems. Seoul Journal of Korean Studies, Seul, vol. 29, n. 1, pp. 193-217, 2016. Disponível em: <https://muse.jhu.edu/article/623888&gt;. Acesso em: 09 fev. 2021.
YI SANG. Tradução por Don Mee Choi, Jack Jung, Sawako Nakayasu e Joyelle McSweeney. Yi Sang: selected works. Seattle: Wave Books, 2020.
YI SANG. Tradução por Whangbai Bahk. A vista de cuervo y otros poemas. Madrid: Editorial Verbum, 2003.
YI SANG. Tradução por Yun Jung Im. Olho-de-corvo e outras obras de Yi Sang. São Paulo: Perspectiva, 1999.

Aula 11 (19.10.2021) – Prof. Oleg Evguénievitch Andréev Almeida (Oleg Almeida)
Título: Dilemas da tradução literária.


Resumo: Propõe-se a discutir, durante a aula, as questões seguintes:
- Tarefas profissionais do tradutor literário, contexto geral em que ele trabalha, aspectos éticos de suas atividades;
- Diferenças entre vários tipos de traduções (técnica/artística, direta/indireta, prosaica/poética, “tecnologicamente precisa”/criativa) e escolhas feitas pelo tradutor;
- Dilemas enfrentados pelo tradutor literário (espírito versus letra e similares) e resultados de seu trabalho.
Referências: DELISLE, Jean. La traduction littéraire ou l’art de « faire refleurir les déserts du sens ». Caleidoscópio: linguagem e tradução, volume 1, número 2, Brasília, 2017, pp. 14-33.

Aula 12 (21.10.2021) – Prof. Me. João Paulo Ribeiro
Título: Aspectos cosmológicos na tradução de língua indígena Guarani


Resumo: O posicionamento do tradutor que traduz pela língua indígena é de espera. A atenção está para o futuro do presente. Os aspectos sonoros do texto são também cantos de outros animais em busca de uma poética da relação. Estamos considerando as cosmologias indígenas para pensar a tradução que condiz com esse pensamento ameríndio. Essa aula considera a cosmologia e a gramática pelo caminho da poética do traduzir. É uma experimentação que tem como base o texto mbya-guarani de Ayvu Rapyta (CADOGAN, 1959) e o pensamento de Davi Kopenawa em A Queda do Céu ([2010] 2015), sobre a poética do traduzir a referência é Henri Meschonnic ([1989] 2006).

Referências: CADOGAN, León. Ayvu Rapyta: Textos míticos de los Mbyá-Guarani del Guairá. FFLCH/USP, Boletim N.227, Antropologia N.5. São Paulo, 1959.
KOPENAWA, Davi & ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Trad. Beatriz Perrone-Moisés. Companhia das Letras, [2010] 2015.
MESCHONNIC, Henri. Linguagem, ritmo e vida. Belo Horizonte: FALE/UFMG, [1989] 2006.