Programa

Aula 1 (02.05.2022) – Profª Drª Deize Crespim Pereira e Prof. Dr. Fernando Januário Pimenta
Título: A tradução literária do Armênio para o Português do Brasil.
Resumo: A aula objetiva apresentar questões com as quais se depara o tradutor que se propõe a verter textos da literatura armênia para o português do Brasil. Para tanto, nessa aula apresentaremos um breve histórico da língua armênia e ilustraremos as questões de tradução para o português (léxico, gramática e aspectos formais do texto) com obras literárias recentemente traduzidas, como os contos populares de Hovhannes Tumanian (PIMENTA, 2022), poesia moderna e contemporânea dos autores mais representativos da literatura armênia (PEREIRA, org. 2020), poesia cristã (PEREIRA, 2016) e poesia trovadoresca (PEREIRA, 2012).
Referências:
PALOMO, S. M. S. (1990). O Oriental e o ocidental no idioma armênio. In: BEREZIN, R. (org.): Cultura Oriental e Cultura Ocidental: Projeções. São Paulo: DLO/FFLCH/USP, p.367-75.
PALOMO, S. M. S. (1997). Sobre a posição do armênio dentro do indo-europeu. Revista de Estudos Orientais, no.1, março, 1997, p.177-183.
PEREIRA, D. C. (2012). Nahapet Kutchak: Poemas da tradição oral trovadoresca da literatura armênia. São Paulo: Humanitas.
PEREIRA, D. C. (2016). Poesia Armênia Cristã: Grigor Narekatsi, Nersês Shnorhali e Outros. 1. ed. São Paulo: Humanitas.
PEREIRA, D. C. (Org. 2020). Poesia Armênia Moderna e Contemporânea. 1. ed. São Paulo: FFLCH/USP.
Disponível em: http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/538
PIMENTA, F. J. (2022). 12 Contos Populares Armênios (Հայ Ժողովրդական Հեքիաթներ) de Hovhannes Tumanian: tradução, glossário e notas. Tese de Doutorado. São Paulo: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
YEGHIAZARYAN, L. (2017). Armênio Oriental e Armênio Ocidental. In: PEREIRA, D.C.; HAWI, M.M.; MENEZES JR., A. J. B. Estudos da Ásia: Artes, Tradução e Identidades Culturais. São Paulo, FFLCH, p. 187-203 .
Disponível em: http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/179

Aula 2 (04.05.2022) – Profa. Dra. Érica Rodrigues Fontes
Título: Traduzindo quadrinhos alemães.
Resumo: A aula sobre traduções de quadrinhos buscará analisar criticamente o material lido, identificando os procedimentos que permeiam o processo de tradução com suas dificuldades e limitações. Também examinaremos a presença de ideologia/ política na arte (com especial atenção para a arte visual e história em quadrinhos), verificando aspectos da comunicação não verbal.

Referências:
BASSNETT, Susan. Estudos da Tradução. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2005.
BRITTO, Paulo Henriques. A tradução literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.
COSTA, Walter Carlos. O texto traduzido como retextualização. Cadernos de Tradução. v. 2, n. 16 (2005). In: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/6656/6204
ECO, Umberto. Quase a mesma coisa: experiências de tradução. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2007.
KRUG, Heimat. Heimat: ein deutsches Familienalbum. Munique: Penguin Verlag, 2018.
KRUG, Nora. Heimat: ponderações de uma alemã sobre sua terra e história. São Paulo: Quadrinhos na Cia, 2019.
PLAZA, Julio. A tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2003.
TABACHNICK, Stephen. The Cambridge Companion to the Graphic Novel. Cambridge: Cambridge University Press, 2017.

Aula 3 (09.05.2022) – Prof. Dr. Elton Oliveira Souza de Medeiros
Título: Uma Introdução ao Inglês Antigo
Resumo: O inglês antigo, idioma utilizado pelos povos do que hoje corresponde ao espaço geográfico da Inglaterra, entre os séculos V e XI, possui uma longa tradição internacional de estudos que remontam ao menos às últimas décadas do século XVIII. Em inglês antigo encontraremos textos religiosos, narrativas seculares sobre os soberanos anglos e saxônicos do período e, talvez a produção mais conhecida, a poesia – na qual se destaca o épico Beowulf. No Brasil o conhecimento a respeito do inglês antigo ainda é muito incipiente, por exemplo, ainda restrito a pontos específicos nos planos de ensino de cursos superiores de Letras e a pesquisas acadêmicas individuais de pós-graduação. A partir desta aula introdutória o objetivo é trazer ao público a possibilidade de maior contato e familiaridade com esse idioma, a partir de aspectos elementares da língua e do contexto histórico-literário da Inglaterra medieval.
Referências:
DIAMOND, Robert Old English: Grammar and Reader. Detroit: Wayne State University Press, 1999
MITCHELL, Bruce. An Invitation to Old English and Anglo-Saxon England. Oxford: Blackwell, 1997.
MITCHELL, Bruce. A Guide to Old English. Oxford: Blackwell, 1999.

Aula 4 (11.05.2022) – Prof. Me. Rodrigo Bravo Silva
Título: Desafios da tradução do haikai e da língua japonesa.
Resumo: A aula tem por objetivo discutir perspectivas de tradução do idioma japonês, sobretudo no que tange o gênero de poesia popularizado e lapidado pelo poeta Matsuo Basho, o haikai, para o português. Além de serem introduzidos aspectos da gramática do japonês e propostas de versão de poemas célebres do gênero, também serão apresentadas propostas de recriação do gênero literário titular na literatura brasileira e americana, passando por autores como Haroldo de Campos, Guilherme de Almeida, Pedro Xisto e Jack Kerouac. A aula é voltada a iniciantes no estudo da língua e da poesia japonesa, da tradução literária e a amantes da literatura em geral, não sendo necessário, portanto, conhecimento prévio dos temas estudados.
Referências:
ALMEIDA, Guilherme de (2002). Encantamento Acaso Você. Editora da Unicamp, Campinas.
CAMPOS, Haroldo de (1969). A arte no horizonte do provável. Perspectiva, São Paulo.
GENETTE, Gérard (1982). Palympsestes. Paris, PUF.
SHIRANE, Haruo (1998). Traces of dreams – landscape, cultural memory and the poetry of Basho. Stanford, Stanford University Press.
XISTO, Pedro (1979). Caminho. Berlendis Vertecchia, São Paulo.

Aula 5 (16.05.2022) – Prof. Dr. Vinicio Corrias
Título: Entre língua e dialeto na Itália: o caso do sardo.
Resumo: A aula pretende apresentar aos participantes um panorama geral da relação entre a língua italiana padrão e as outras línguas faladas dentro das regiões da Itália. A partir do conceito de língua padrão, aplicado ao contexto italiano, veremos primeiramente como as falas regionais interagem com esse conceito para criar o “italiano regionale”. Em seguida, nos debruçaremos sobre a relação entre língua nacional e língua regional na Sardenha, analisando as políticas linguísticas públicas existentes e sua efetividade, bem como as formas como os falantes usam o sardo no dia a dia a partir de exemplos que ilustram as diferenças entre as duas línguas.

Referências:
BLASCO FERRER, E. ITALIANO, SARDO E LINGUE MODERNE A SCUOLA. MILANO: FRANCO ANGELI, 1999.
COVERI, L., BENUCCI A., DIADORI, P., Le varietà dell’italiano. Manuale di sociolinguistica italiana. Roma, Bonacci, 1998
Lingua è potere. I quaderni speciali di Limes. Roma: L’Espresso, 2019.
SOBRERO, A., MIGLIETTA, A. Introduzione alla linguistica italiana. Roma: Laterza, 2006.

Aula 6 (18.05.2022) – Prof. Dr. Bruno Anselmi Matangrani
Título: Desafios e particularidades na tradução de literatura infantil e juvenil de língua francesa.
Resumo: Esta aula propõe um debate em torno dos desafios, particularidades e dificuldades surgidos durante a experiência de tradução de obras de literatura infantil e juvenil. Em um primeiro momento, teceremos algumas reflexões sobre a tradução de obras clássicas universalmente conhecidas, como O Pequeno Príncipe, cuja disponibilidade no mercado e conhecimento prévio do público ora podem interferir e influenciar, ora podem auxiliar em algumas escolhas tradutológicas, exigindo particular cuidado e criatividade. Num segundo momento, voltaremos nossa atenção especificamente para obras contemporâneas voltadas à primeira infância, nas quais singularidades culturais e estilísticas – em especial o uso de rimas e métrica – devem ser levadas em conta, de maneira que por vezes o processo tradutório mais se aproxime de uma adaptação do que de uma tradução de fato. A partir destes dois momentos-chave, outras questões podem ser levantadas ao longo da aula, no intuito de mostrar que a tradução de obras voltadas para crianças e adolescentes exige reflexões específicas.

Referências:
Chiovatto, Carolina. Nomes, Trocadilhos e Seres Feéricos: Dos Desafios da Tradução dos Três Primeiros Volumes da Série Mundo de Oz, de L. Frank Baum. TRANSLATIO, v. 4, p. 1-8, 2014.
Matangrano, Bruno Anselmi. “Nota do Tradutor: Os desafios de se traduzir uma obra que todo mundo conhece”, in SAINT-EXUPÉRY, Antoine. O Pequeno Príncipe. São Paulo: Giz Editorial: 2015.

Aula 7 (23.05.2022) – Prof. Me. Emyr Humphreys
Título: Introdução à Língua e Cultura Galesa
Resumo: Essa aula vai ser uma breve história do desenvolvimento da língua galesa e seus falantes, bem como uma discussão de questões sobre a identidade e o futuro do povo galês e a idioma. Também vai ter exemplos do uso da idioma, bem como uma introdução de alguns pontos de referência cultural como músicas, vídeos e obras de literatura.

Referências:
The Welsh Language: A History por Davies, Janet
A History of Welsh por Davies, John
A View Across The Valley, Short Stories by Women from Wales ed. por Aaron, Jane
The Green Bridge, Stories from Wales ed. Davies, John
The Mabinogion tr. Davies, Sioned
The Gododdin Lament for the Fallen: tr. Clarke, Gillian
The Blue Book of Nebo tr. Ros, Manon Steffan

Aula 8 (25.05.2022) – Profa. Renata Cazarini de Freitas
Título: A língua estoniana (língua urálica, finoúgrica)
Resumo:
A aula tratará das principais características gramaticais da língua estoniana, abrangendo fonologia, morfologia e sintaxe, em alguns momentos comparando-a com o finlandês, outra língua urálica muito próxima. Depois disso será lido um fragmento do romance Primavera (Kevade) de Oskar Luts, comentando sua tradução.

Referências:
Luts, Oskar (1937/2008). Kevade: Pildikesi koolipõlvest. (Primavera. Retratos de uma Escola). Tartu: Ilmamaa.
Chalvin, Antione; Rüütli, Malle; Talviste, Katre (2011). Manuel d’Estonien. Paris: L’Asiathèque.
Erelt, Mati (1996-2001). Estonian Typological Studies I-V. Tartu: Universidade de Tartu.
Oinas, Felix J. (1966). Basic Course in Estonian. Haia: Mouton & Co.
Siirak, Aino (1994). Eesti Keel Grammatika Tabelites (Gramática Estoniana em Tabelas). Tallinn: Pangloss.

Aula 9 (30.05.2022) – Prof. Dr. Carlos Afonso Monteiro Rabelo
Título: Uma perspectiva da tradução da literatura sueca no Brasil.
Resumo: Alguns pontos sobre a literatura sueca, em especial autores centrais como August Strindberg e Selma Lagerlöf. A literatura pop sueca, e o romance policial, com o exemplo da série Millenium. O hábito de leitura na Suécia. A dificuldade de se traduzir o sueco, diferenças culturais e a tradução de dramaturgia. Coloquialidade e prosa literária, diversos níveis de tonalidade entre o português e o sueco. Minha trajetória como tradutor, livros publicados e projetos futuros.

Referências:
LAGERLÖF, Selma. O Anel dos Löwensköld. Trad. Carlos Rabelo. São Paulo: Editora Wish, 2021.
SUND, Erik Axl. A garota-corvo. Trad. Carlos Rabelo. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2017
STRINDBERG, August. Trad. Carlos Rabelo. São Paulo: Ed. Hedra, 2006.

Aula 10 (01.06.2022) – Prof. Dr. Gleiton da Silva Lentz
Título: Traduzindo a Antiga Suméria.
Resumo: A civilização suméria, considerada uma das primeiras e mais antigas do mundo, se estabeleceu ao sul da Mesopotâmia, no Oriente Médio, por volta de 4500 a.C. Seu mundo veio à luz apenas em meados do século XIX, quando se encontraram vários sítios arqueológicos localizados no atual Iraque, e neles, centenas de tabuinhas de argila contendo antigas inscrições em formato de cunha. Após a sua decifração, descobriu-se que os sumérios não só falavam uma língua sem qualquer relação com outra semítica ou da região, como haviam criado o primeiro sistema de escrita humano conhecido até então: a escrita cuneiforme, que posteriormente seria adotada e adaptada também pelos povos acadianos, babilônicos, elamitas, hititas, assírios, entre outros; e segundo, na modernidade, com a sua consequente revelação e decifração, cujos estudos deram origem à área da Assiriologia. Esta aula de introdução à Antiga Suméria abordará não só a origem dessa civilização, pelo viés historiográfico e arqueológico, mas também o processo de criação e desenvolvimento da escrita cuneiforme durante os períodos sumério e acadiano (3500 a 2200 a.C.), incluindo exemplos de fonética e morfologia e de traduções ao português de autores mesopotâmicos, como En-hedu-Ana.

Referências:
ANÔNIMO. Senhora tingida como as estrelas celestes (Hino a Nisaba)|Nin-mul-an-gim. Trad. de Gleiton Lentz. (n.t.), n. 20, v. 1, jun. 2020, pp. 328-330.
EN-HEDU-ANA. Senhora de todos os me's (Exaltação a Inanna)|Nin-me-šara. Trad. de Gleiton Lentz. (n.t.), n. 15, 2020, p. 12-27.
KRAMER, S. N. Mesopotâmia, o berço da civilização. Trad. de Genolino Amado. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969.
KRAMER, S. N. The Sumerians: Their History, Culture, and Character. Chicago/London: The University of Chicago Press, 2010.


Aula 11 (19.10.2021) – Prof. Me. Alexandre Mazak
Título: A literatura Judaica em Alemão e o status da Língua Ídiche.
Resumo: Pretende-se tratar dos principais escritores alemães-judeus e da literatura judaica em alemão, da emancipação judaica e do êxodo judaico dos guetos na Europa dos séculos XVIII e XIX e também abordar as origens e o estatuto social e literário da língua ídiche.

Referências:
KRAUSZ, Luis S. 2012. Passagens. São Paulo: Edusp, 2012. 9788531413483.
—. 2017. Santuários Heterodoxos. São Paulo: Edusp, 2017. 978-85-314-1646-0.

Aula 12 (08.06.2022) – Profa. Dra. Solange Peixe Pinheiro de Carvalho
Título: A posição dos dialetos na literatura inglesa
Resumo: Entre linguistas, não há um consenso sobre a definição de dialeto; para os leigos, eles são formas “erradas” ou “inferiores” de uma língua. Entretanto, estudos feitos a partir da segunda metade do século XX mostram como essa concepção leiga é inadequada, pois dialetos são usados constantemente como forma de comunicação entre as pessoas em várias regiões do mundo. Se dialetos são frequentes nas fala e nas situações informais, vemos que na literatura eles podem ser empregados como um recurso para caracterização de personagens, com isso apresentando diversos desafios para o tradutor. Nesta aula, nos concentraremos no uso de dialeto em obras canônicas, dando destaque à tradução de romances da literatura inglesa publicadas no século XIX, mostrando algumas das possibilidades de inclusão de variantes linguísticas fora da norma usando recursos da língua portuguesa oral e escrita.

Referências:

BRETT, David. Eye Dialect. Translating the Untranslatable. In: Lost in Translation.
Testi e culture allo specchio. Annali della Facoltà. Vol. 6 Sassari, 2009. Disponível
em http://www.uniss.it/lingue/annali_file/vol_6/4_Brett_Lost.pdf.
CARVALHO, Solange Peixe Pinheiro de. A tradução do socioleto literário: um estudo
de Wuthering Heights. 2006. 218 f. Dissertação inédita apresentada para obtenção do
título de Mestre em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês na Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2007.
ECO, Umberto. Dire quasi la stessa cosa. Sperienze di traduzione. Milano: Bompiani, 2013.
FRANCIS, W.N. The Dialects of American English. In: _________. The Structure
of American English. New York: The Ronald Press Company, 1958. p. 480-543.
IVES, Sumner. A Theory of Literary Dialect. In: Tulane Studies in English. New
Orleans, v. 2, p. 137-182, 1950.
LANE-MERCIER, Gillian. Translating the untranslatable: the translator’s aesthetic,
ideological and political responsibility. Target, v. 9, n. 1, p. 43-68, 1997.
PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis da fala, um estudo sociolinguístico do diálogo
na literatura brasileira. 2 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1974.
PYM, Anthony. Translating Linguistic Variation. Disponível em usuaris.tinet.cat/
apym/on-line/translation/2000_authenticity.pdf.