Programa

Parte I: O legado clássico greco-romano e a apropriação da imitação no discurso da pintura na Idade Moderna. (Aulas 1 e 2)
A pintura enquanto imitação e suas vertentes: a teoria das belas-artes de Charles Batteux; o mito de Butades do surgimento da pintura na Naturalis Historia de Plínio, o Velho; a crítica à pintura na República de Platão (e a relação epistemológica entre a pintura, imagem e o mito da caverna de Platão), o princípio imitativo na Poética de Aristóteles; a conexão entre imitação e harmonia na Arte Poética de Horácio; a retomada do ideal clássico por Dubos na Era Moderna; a distinção entre natura naturans e natura naturata na teoria filosófica moderna, o estudo clássico de Winckelmman sobre a imitação da pintura nos gregos; a crítica de Goethe ao Ensaio sobre a pintura de Diderot; a defesa da pintura como arte liberal por Felix da Costa e a transição da imitação da natureza para a imitação do universal no Tratado da Pintura de Da Vinci.

Parte II: A crise da imitação na Modernidade
Crítica à pura imitação e o estatuto da pintura enquanto tentativa de ir além da natureza: o surgimento da metafísica cartesiana e o desenvolvimento da epistemologia moderna (Locke, Leibniz e Kant), a fama da pintura enquanto arte da ilusão no Renascimento; a crítica à superficialidade e ilusionismo da pintura em Herder; a crítica à mecanicidade da pintura em André Félibien; o ideal da imitação das expressões e das paixões na pintura; a conexão entre pintura e discurso em Da Vinci, Baumgarten e Lessing; o artista como gênio criador; as práticas de reconhecimento e subjetivação em Vermeer; a difusão da técnica do auto-retrato em Dürer e Rembrandt; a imposição da experiência do pintor sobre o objeto no caso de Artemisia; a retomada do conteúdo cristão e do cotidiano como reconhecimento de um sujeito universal em Hegel e Michelangelo e o prevalecimento da expressão do sujeito no exterior (Van Gogh) e do reconhecimento de si (Manet) no Modernismo.

Bibliografia 


BATTEUX, CHARLES. The Fine Arts Reduced to a Single Principle. Translation by James O. Young. Oxford University Press. Oxford, Uk. 2015.
BAUMGARTEN, A.G. Estética - A Lógica da Arte e do Poema. Tradução de Míriam Sutter Medeiros. Vozes, Petrópolis, 1993.
DA VINCI, L. Les Carnets de Léonard de Vinci, introdução, classificação e notas por E. MacCurdy, traduzido por L. Servien. Gallimard. Paris, França. 1942.
DÉMORIS, R. André Félibien, Entretiens… (I e II). Les Belles Lettres. Paris, França. 1987.
GOETHE, J. W. Escritos sobre arte. Trad. Marco Aurélio Werle. Humanitas. São Paulo, SP. 2008.
HEGEL, G.W.F. Cursos de Estética I, II, III e IV. Tradução de M.A. Werle e O. Tolle. Consultoria de V. Knoll. Edusp: São Paulo, 1999-2005.
HERDER, J.G. Plástica. Tradução de Pedro Augusto Franceschini e Marco Aurélio Werle. Edusp: São Paulo, 2018.
HORÁCIO. Ars Poética. In: ‘A Poética Clássica’, Aristóteles, Horácio, Longino. Tradução Jaime Bruna. Ed. Cultrix. São Paulo - SP. 2005.
LESSING, G.E. Laocoonte ou sobre as fronteiras da pintura e da poesia. Iluminuras: São Paulo, 2011.
LICHTENSTEIN, J. (org.). A Pintura (coleção), vol. I - XIV. Editora 34. São Paulo, SP. 2004.
PLINIO, O VELHO. "História natural. (Livro 35)". Tradução: Magnólia Costa (coord.). In: LICHTENSTEIN, J. (org.) A pintura. Vol. I. O mito da pintura. São Paulo: Ed. 34, 2004, p. 73-86. Fonte da tradução: Fonte: Plínio, o Velho, História natural, edição do texto latino in Pline l'Ancien, Histoire naturelle, Paris, Les Belles Lettres, 1985, I. XXXV, p. 63ss.
SULZER, J.G. Teoria geral das belas-artes (seleção de verbetes). Tradução de Juliana Ferraci Martone, Márcio Suzuki, Mário Videira e Oliver Tolle. Editora Clandestina, 2017, acessível em editoraclandestina.org
TOLLE, O. "Ideia sensível e imagem pictórica: a articulação dos gêneros artísticos na
estética alemã". In: Dois Pontos (UFPR), v. 11, pp. 67-78, 2014.
WINCKELMANN, J.J. Writings on Art. David Irwin (org.). Phaidon Press Limited. London, UK. 1972.

Obs.: Os casos de obras acima não mencionadas utilizadas serão disponibilizados em formato de excertos de traduções feitas pelo ministrante no decorrer do curso.