Programa

06/Fev – A formação do meio teatral elisabetano
Nessa primeira aula, abordaremos como se constituiu o meio teatral em que Shakespeare trabalhou. Buscaremos entender as raízes medievais e a multiplicação de espetáculos que desembocou na construção dos primeiros edifícios dedicados especificamente à apresentação de textos dramáticos ao fim do reinado elisabetano, na formação de companhias, profissionalização de atores e dramaturgos. A partir dos estudos de Wallace T. MacCaffrey e W. B. Wernham, também contemplaremos o envolvimento da Rainha Elisabete I no sistema de alianças entre as nações e o início da Guerra Anglo-Espanhola (1585-1604)

08/Fev – William Shakespeare: vida e obra
No segundo encontro, a partir da abordagem sociológica que emergiu com os Estudos Culturais, sobretudo o Novo Historicismo norte-americano e o Materialismo Cultural inglês, estudaremos como Shakespeare se integrou no meio teatral. Analisaremos a interlocução com outros colegas dramaturgos, seu estilo notado à época, e a implicação política de suas apresentações na corte.

10/Fev - A dramatização da geopolítica europeia no reinado elisabetano
No terceiro encontro, buscaremos entender como Shakespeare e sua companhia, Homens do Lorde Camareiro, representaram o sistema de alianças europeu e a participação da Inglaterra neste, marcando um posicionamento. A partir de experiências feitas pelos historiadores adeptos do Contextualismo Linguístico, como Quentin Skinner, analisaremos a construção retórica de alguns textos para detecção desse posicionamento.

13/Fev - A dramatização da geopolítica europeia no reinado jacobiano

Em nossa última reunião, avaliaremos a passagem de cetro de Elisabete I para Jaime Stuart, suas implicações na situação europeia e no teatro londrino. Novamente através da análise retórica das peças, analisaremos como Shakespeare e seu grupo se posicionaram diante dos novos dilemas que surgiram.

Bibliografia

ARMITAGE, David (ed). British Political Thought in History, Literature and Theory, 1500-1800. Edited by David Armitage. Cambridge, Cambridge University Press, 2006.
ARMITAGE, David; CONDREN, Conal; FITZMAURICE, Andrew (ed’s). Shakespeare and Early Modern Political Thought. Cambridge, CUP, 2009.
BEAUMONT, Francis; FLETCHER, John. The Dramatic Works in the Beaumont and Fletcher Canon. General Editor Fredson Bowers. 10 vol. Cambridge, Cambridge University Press, 1966-1996.
CARDOSO, Ricardo. ‘A ambiguidade como princípio retórico em Shakespeare - Muito Barulho por Nada (c. 1598) e Otelo (c. 1604): estudos de caso’. In.: Revista Letras, Santa Maria, Especial 2020, n. 02, pp. 93-106.
CARDOSO, Ricardo. A Invencível Armada na Pena de Shakespeare: diplomacia e dramaturgia na transição do século XVI para o XVII. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo. São Paulo: setembro de 2016. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-09122016-141257/pt… , acesso em: 29/10/2022.
DÍEZ, José A. Pérez. 'Gondomar and the Stage: Diego Sarmiento de Acuña and the Lost Theatrical Connection'. In.: The Review of English Studies, 2022, vol. 73, n. 309, pp. 264–288.
DUNTHORNE, Hugh. Britain and the Dutch Revolt 1560–1700. Cambridge, Cambridge University Press, 2013.
DUTTON, Richard. Shakespeare, Court Dramatist. Oxford, Oxford University Press, 2016.
GAJDA, Alexandra. 'Debating War and Peace in Late Elizabethan England'. In.: The Historical Journal, vol. 52, n. 4 (december 2009), pp. 851-878, pp. 868-874.
GRAZIA, Margreta De.; STALYBRASS, Peter S. ‘The Materiality of the Shakesperean Text’. In.: Shakespeare Quarterly, 44, n. 3, 1993. pp. 255-283.
GREENBLATT, Stephen. Como Shakespeare se Tornou Shakespeare. Tradução de Alexandre Boide. São Paulo, Companhia das Letras, 2011.
HAUSER, Arnold. História Social da Literatura e da Arte. 2 Tomos. Tradução de Walter H. Greenen. São Paulo, Editora Mestre Jou, [1951] 1972.
HONAN, Park. Shakespeare: uma vida. Tradução de Sonia Moreira. São Paulo, Companhia das Letras, 2001.
JONSON, Ben. The Cambridge Edition of the Works of Ben Jonson. Edited by David Bevington, Martin Butler and Ian Donaldson. 7 vol. Cambridge, Cambridge University Press, 2012.
KOSELLECK, R. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Trad. Wilma Patrícia Maas e Charles Almeida Pereira. Revisão técnica de César Benjamin. Rio de Janeiro: Contraponto; Editora da PUC-Rio, 2006.
MAcCAFFREY, Wallace T. Elizabeth I: War and Politics, 1588-1603. Princeton, Princeton University Press, 1992.
MALTBY, William S. The Black Legend in England: the development of anti-Spanish sentiment, 1558-1660. Durham, Duke University Press, 1971.
MIDDLETON, Thomas. The Collected Works. Edited by Gary Taylor and John Lavagnino. Oxford, Oxford Universty Press, 2007.
PAGDEN, Anthony. Lordes of All Worlds: ideologies of empire in Spain, Britain and France. c.1500. - c.1800. New Haven, Yale University Press, 1995.
RUSSEL, Conrad; CUST, Richard; THRUSH, Andrew. King James VI and I and His English Parliaments. Oxford, Oxford University Press, 2010.
SHAKESPEARE, William. Obras Completas. 3 volumes. Rio de janeiro, Nova Aguilar, [1969] 1989.
SHAKESPEARE, William. The Oxford Shakespeare: The Complete Works. General Editors Stanley Wells and Gary Taylor; editors Stanley Wells… [et al.]; with introductions by Stanley Wells. Oxford, Oxford University Press, 1987.
SKINNER, Quentin. Forensic Shakespeare. Oxford, OUP, 2014.
SKINNER, Quentin. As Fundações do Pensamento Político Moderno. Tradução de Renato Janine Ribeiro e Laura Teixeira Motta. São Paulo, Companhia das Letras, [1978] 2017.
WERNHAM, R.B. The Return of the Armadas: the last years of the Elizabethan war against Spain, 1595-1603. Oxford, Clarendon, 1994.
WIGGINS, Martin; RICHARDSON, Catherine. British Drama, 1533-1642: a catalogue. Oxford: OUP, 2007-atual.