Programa

1º encontro: 07/08/2023
Apresentação do curso: estrutura, organização, bibliografia, informes gerais. Profs.: Anderson Santos; Silvio Lima.
Aula 01: “A caminho do Oeste Paulista e a modernização crítica. Negatividade categorial: da crise do café
aos anos 1950”; Prof. Ministrante: Prof. Dr. Anselmo Alfredo.
Neste primeiro encontro, propomos discutir a forma da divisão internacional do trabalho que levaria à expansão
crítica da modernização capitalista no Oeste Paulista. Seguimos o argumento de Marx de que a reprodução do
capital se dá pela contradição entre a crise de valorização e sua expansão. Nesse sentido, ver em diferentes
momentos as determinações da crise nos processos expansivos do capital que conformaram a contradição campo
cidade nesta área paulista.
Bibliografia:
ALFREDO, Anselmo. Modernização e Fronteira na Cisão Campo e Cidade do Oeste Paulista. A
Particularidade da Divisão Social do trabalho numa Modernização Periférica. In: LEMOS, Amalia; GALVANI,
Emerson. Geografia: Tradições e Perspectivas. Homenagem ao Centenário do Nascimento de Pierre Monbeig. São
Paulo: CLACSO/Expressão Popular, 2009.
ALFREDO, Anselmo. Crítica à economia política do desenvolvimento e do espaço. São Paulo:
Annablume/Fapesp, 2013.
ALFREDO, Anselmo. Três estudos críticos: Kant, Hegel, Marx e o resgate da metafísica para a crítica à
economia política. A dialética sociedade natureza para a crítica social de Marx. Livre Docência – Universidade de
São Paulo – USP, São Paulo, 2017.
MONBEIG, Pierre. Pioneiros e Fazendeiros de São Paulo. São Paulo: Hucitec, Polis, 1998.

2º encontro: 08/08/2023
Aula 02: “A expansão do agrário paulista ao longo dos séculos XIX e XX: o desenvolvimento do capital em
uma realidade periférica”; Prof. Ministrante: Silvio Lima.
O desenvolvimento capitalista, em realidades gestadas a partir de processos de colonização, possui especificidades
que remetem à conformação dessas realidades à acumulação de capital alhures, nos centros industriais mundiais.
Partindo dessa premissa, discutiremos, neste segundo encontro, a expansão do agrário paulista como expressão
do caráter contraditório do desenvolvimento capitalista, processo que tolheria a acumulação em realidades
periféricas, como a brasileira, para que a mesma se efetive nas realidades industriais centrais. Nesse sentido, nos
propomos a pensar o desenvolvimento capitalista brasileiro situando-o na totalidade contraditória do capital que se
estabelece na simultaneidade entre acumulação e não acumulação.
Bibliografia:
LIMA, Silvio. Colonização e Crise: A racionalidade-irracional do capital na expansão do agrário paulista.
Dissertação (Mestrado), FFLCH-USP. São Paulo, 2017.
LIMA, Silvio. Capitalismo sem acumulação: a expansão do agrário paulista como processo de
desenvolvimento capitalista periférico (1880 -1970). In: ALFREDO, A. Geografia, crise e crítica social no capitalismo
periférico. São Paulo: Editorial Igrá Kniga, 2023. No prelo.

3º encontro: 09/08/2023
Aula 03: “O cinturão verde de São Paulo como expressão crítica do capital”; Prof. Ministrante: Walid El Khatib.
Neste encontro buscamos compreender o processo de formação do cinturão verde paulista não como processo
naturalizado, mas como expressão social da negatividade do capital. Aqui, a produção crítica de valor no interior da
forma social capitalista, engendrada pelo desenvolvimento social das forças produtivas e pela divisão social do
trabalho, se fenomeniza conformando o então chamado cinturão verde paulista, cisão entre cidade e campo, entre
metrópole e seu entorno. É nesse cinturão que a agricultura e o imobiliário confrontam-se, hoje, mediados pelo
capital financeiro. Desse modo, buscaremos a análise da relação entre renda fundiária, juro e lucro, por meio da
análise da agricultura do cinturão verde da metrópole paulista. A geografia dessa agricultura contempla em seu
curso histórico as contradições da elevação constitutiva do preço da terra, que por sua vez nos revela a sua
associação necessária entre a queda da taxa média de juros e a queda tendencial da taxa de lucro. A partir da
década de 1970, essa agricultura passa a ser financiada não mais por uma produção efetiva de valor capaz de
pagar os seus próprios custos, dentre eles o preço da terra, mas por uma massa de dinheiro creditício sem
substância, enquanto ficção de valor. Assim, esse desvelar crítico da formação do cinturão verde de São Paulo
torna explícito, sob o véu material da urbanização, o contrário da acumulação, uma vez que o desenvolvimento do
cinturão verde não se realiza como acumulação de capital e urbanização, mas como crise e negatividade imanentes
ao capital.

Bibliografia:
EL KHATIB, Walid. O cinturão verde de São Paulo: a relação cidade-campo como expressão crítica do capital
a partir da década de 1979. São Paulo, 2018. Dissertação (Mestrado), FFLCH-USP. São Paulo, 2018.
EL KHATIB, Walid. O cinturão verde de São Paulo como expressão crítica do capital. In: ALFREDO, A.
Geografia, crise e crítica social no capitalismo periférico. São Paulo: Editorial Igrá Kniga, 2023. No prelo.

4º encontro: 10/08/2023
Aula 04: “Novas feições do trabalho no campo paulista: crise e mobilidade do trabalho em uma região do
agronegócio”; Prof. Ministrante: Anderson Santos
O percurso deste encontro toma o fio condutor da crítica do capital, i.e., considera os aspectos críticos do processo
de acumulação e busca entender as contradições da reprodução capitalista na forma particular do campo paulista.
As reflexões emergem a partir de experiências e pesquisas no município de Itápolis, na região de Araraquara,
estado de São Paulo, antiga região citrícola que, atualmente, no início da década de 2010, se tornou importante
espaço de produção de cana-de-açúcar. Assim, o objetivo principal do encontro é o de compreender as atuais
transformações, enquanto abstrações reais, gestadas pela reprodução crítica do capital no campo paulista e seus
impactos sobre as relações de trabalho, particularmente sobre pequenos proprietários de terra e trabalhadores
volantes desta região de São Paulo.
Bibliografia:
ALFREDO, Anselmo. Modernização e Reprodução Crítica. Agroindústria do Leite e Contradições do
Processo de Acumulação. In: Geousp – Espaço e Tempo, Revista de Pós-Graduação, DG-FFLCH-USP, n. 24,
2008, p. 63-108.
SANTOS, Anderson. Da crítica da economia política à crítica da contradição campo-cidade: geografia,
metafísica e relação agrário-urbano no Brasil. In: ALFREDO, A. Geografia, crise e crítica social no capitalismo
periférico. São Paulo: Editorial Igrá Kniga, 2023. No prelo.
SANTOS, Anderson. Novas feições do trabalho no campo: crise e mobilidade do trabalho em uma região do
agronegócio paulista – Itápolis (SP) – 1990-2020, 2023. No prelo.

5º encontro: 11/08/2023
Aula 05: “O crescimento e a crise da economia brasileira no século XXI como crise da sociedade do
trabalho: bolha das commodities, capital fictício e crítica do valor-dissociação.”; Prof. Ministrante: Fábio Pitta.
O objetivo deste encontro é o de relacionar os fenômenos do crescimento econômico no Brasil a partir de 2003 e da
crise económica após 2012/2013 com a economia das bolhas financeiras alimentada pelo capital fictício, como um
momento de reprodução global do capitalismo contemporâneo na sua crise fundamental. Uma bolha nos mercados
financeiros de derivados de mercadorias, que levou a um aumento significativo dos preços, impulsionou as
exportações brasileiras de commodities, com impactos sobre o campo paulista. Isto levou à uma aceleração no
desenvolvimento das forças produtivas do campo, aumentando a composição orgânica do capital, e à uma
expulsão acelerada do trabalho vivo dos processos de produção – isto tem vindo a acontecer no Brasil desde os
anos 70, mas intensificou-se neste momento. Tais processos só puderam durar até ao rebentamento da bolha das
mercadorias entre 2011 e 2014, como consequência do rebentamento da bolha financeira global em 2008, que,
partindo de Robert Kurz, será entendida sob as determinações do capital fictício e da acumulação simulada.
Finalmente, a aula defende a necessidade da crítica radical da dissociação e do valor, que na sua crítica do capital,
da mercadoria e do trabalho visa ultrapassar esta mediação social.

Bibliografia

PITTA, Fábio. Modernização retardatária e agroindústria sucroalcooleira paulista: o Proálcool como
reprodução fictícia do capital em crise. Dissertação (Mestrado), FFLCH-USP. São Paulo, 2011.
PITTA, Fábio. As transformações na reprodução fictícia do capital na agroindústria canavieira paulista: do
Proálcool à crise de 2008. Tese (Doutorado), FFLCH-USP. São Paulo, 2016.
PITTA, Fábio. O crescimento e a crise da economia brasileira no século XXI como crise da sociedade do
trabalho: bolha das commodities, capital fictício e crítica do valor-dissociação. In: Revista SINAL DE MENOS, v. 1,
2020.
PITTA, Fábio; SILVA, Allan. A pandemia da crise fundamental do capital no Brasil de Bolsonaro: inflação
global, o estouro da mais recente bolha financeira mundial e desintegração social do capitalismo. In: ALFREDO, A.
Geografia, crise e crítica social no capitalismo periférico. São Paulo: Editorial Igrá Kniga, 2023. No prelo.
Encerramento: considerações finais. Profs.: Anderson Santos; Silvio Lima.
Bibliografia complementar:
ALFREDO, Anselmo. Crise imanente e abstração espacial. Fetiche do capital e sociabilidade crítica. In:
Revista Terra Livre, Associação de Geógrafos Brasileiros, Ano 26, vol. 01, nº 34, jan.-jun. 2010, p. 37-62.
ALFREDO, Anselmo. Crítica materialista e metafísica social sob as determinações críticas do capital. In:
Boletim Paulista de Geografia, v. 95, 2016.
GAUDEMAR, J. Mobilidade do trabalho e acumulação do capital. Lisboa: Estampa, 1977.
GROSSMANN, Henryk. La ley de la acumulación y del derrumbe del sistema capitalista. Una teoría de la
crisis. México: Siglo Veintiuno Editores, 1979.
KURZ, Robert. O Colapso da Modernização: da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia
mundial. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 2004.
LENIN, Vladimir. Imperialismo - Estágio superior do capitalismo. São Paulo: Expressão Popular, 2012.
MANDEL, Ernest. O Capitalismo Tardio. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política: Livro I: o processo de produção do capital. São Paulo:
Boitempo, 2013.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política: Livro II: o processo circulação do capital. Trad. De
Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2014.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política: Livro III: o processo global da produção capitalista. São
Paulo: Boitempo, 2017.