Aula 1: Pressupostos
A primeira aula lançará as bases metodológicas para nossa análise literária. Para tal, entraremos em contato com três textos centrais do exercício investigativo de Antonio Candido: “Um instrumento de descoberta e investigação” (1957), “Dialética da malandragem” (1970) e “Mundo desfeito e refeito” (1992). Além disso, será feita uma rápida introdução do romance Benjamim e de Chico Buarque enquanto autor.
Bibliografia:
CANDIDO, Antonio. Um instrumento de descoberta e investigação. Formação da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
________. Dialética da malandragem. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 8, 1970.
________. Mundo desfeito e refeito. Caderno de estudos linguísticos, Campinas, n. 22, 1992.
Aula 2: Narração
A segunda aula desenvolverá algumas reflexões a respeito do foco narrativo e da figura do narrador em Benjamim. Para tanto, serão lidos e discutidos por este prisma o primeiro e o último parágrafos da obra, bem como recortes de passagens relevantes para nosso debate. Servirão de balizas, neste momento, Norman Friedman e Walter Benjamim.
Bibliografia:
BENJAMIN, Walter. O narrador. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1985.
FRIEDMAN, Norman. Ponto de vista na ficção. Revista da USP, São Paulo, n. 53, 2002.
Aula 3: Personagens
Na terceira aula, será pensada a categoria personagem dentro do romance. Buscaremos identificar o quadro de forças dos sujeitos em Benjamim, identificando suas relações e implicações narrativas. Para aprofundar o estudo focaremos em três personagens (Ariela Masé, Benjamim Zambraia e Castana Beatriz), à luz novamente de Antonio Candido.
Bibliografia:
CANDIDO, Antonio. A personagem do romance. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2019.
Aula 4: Tempo
A quarta aula envolverá o questionamento do tempo na obra. Partindo das definições didáticas de Benedito Nunes, pensaremos a formatação do registro temporal em Benjamim. A partir disso, passaremos à interpretação ricoeuriana do tempo na narrativa, de forma a verificar a possibilidade de leitura do tempo como um dos dispositivos formais de maior relevância no romance.
Bibliografia:
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Loyola, 2013.
RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2020.
Aula 5: Memória e História em Benjamim
De forma a concluir o curso, a quinta aula recolherá as leituras produzidas sobre os elementos da narrativa trabalhados para pensar a elaboração da memória e da história em Benjamim. Esta aula centra-se na hipótese investigativa da memória enquanto um dispositivo estrutural e estruturante da obra, responsável pela construção de um possível discurso historiográfico a partir da elaboração do trauma da ditadura civil-militar brasileira e da redemocratização nacional pela forma estética do romance.
Bibliografia:
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1985.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Editora 34, 2018.
__________. História e narração em Walter Benjamin. São Paulo: Perspectiva, 2020.
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Editora da Unicamp, 2020.
WELTER, Juliane Vargas. Gostosa, quentinha, tapioca: forma literária em Benjamim, de Chico Buarque. Verbo de Minas, Juiz de Fora, v. 17, n. 29, 2016.
________. Onde andarão Castana, Matilde, Sergio, Domingos, Ariosto…? Os desaparecidos como princípio formal dos romances de Chico Buarque. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 66, 2017.
Bibliografia complementar:
ARAÚJO, Érica Tavares de. Benjamim, Ariela e Castana: vida, tempo e relações interpessoais no Benjamim de Chico Buarque. Anais do IV Colóquio Internacional Cidadania Cultural. Campina Grande: Editora EDUEPB, 2010.
CARNEIRO, Larissa Ferreira. A fragmentação do sujeito moderno: uma análise das personagens em Benjamim, romance de Chico Buarque. Macabéa, vol. 10, n. 1, jan./mar. 2021.
GARCIA, Walter. Um mapa para se estudar Chico Buarque. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, [S. l.], n. 43, 2006.
_______. De “A preta do acarajé” (Dorival Caymmi) a “Carioca” (Chico Buarque): canção popular e modernização capitalista no Brasil. Música Popular em Revista, Campinas, ano 1, v. 1, p. 30-57, jul.-dez. 2012.
LÖWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio. São Paulo: Boitempo, 2005.
MENDONÇA, Wilma Martins de. O arco do tempo: ficção, história e memória cultural em Chico Buarque. Revista Graphos, vol. 14, no 1, 2012. PPGL, UFPB.
OLIVEIRA, Cristiano Mello de. A representação do personagem “dessubjetivado” no romance Benjamim, de Chico Buarque. Revista Versalete, vol. 3, n. 5, jul./dez. 2015.
REIS, Mírian. Memória e olhar: a câmera subjetiva e a escrita cinematográfica em Benjamim, de Chico Buarque. Revista Garrafa, vol. 30, abr./jun. 2013.
RIDENTI, Marcelo. Visões do paraíso perdido: sociedade e política em Chico Buarque a partir de uma leitura de Benjamim. In: ______. Em busca do povo brasileiro. Rio de Janeiro: Record, 2000.
OTSUKA, Edu Teruki. Marcas da catástrofe: experiência urbana e indústria cultural em Rubem Fonseca, João Gilberto Noll e Chico Buarque. São Paulo: Nankin Editorial, 2001.
WELTER, Juliane Vargas. Anistias Inconscientes: as narrativas cíclicas de Onde andará Dulce Veiga? (1990) e Benjamim (1995). Revista Entrelaces, ano IV, n. 04, 2014.
________. Em busca do passado esquecido: Uma análise dos romances Onde andará Dulce Veiga?, de Caio Fernando Abreu, e Benjamim, de Chico Buarque. Tese, UFRGS, Porto Alegre, 2015.