História dos animais: os não humanos e a historiografia

O curso objetiva provocar reflexões que envolvam a historiografia e as relações com animais não humanos, contribuindo para construir perspectivas que os incluam nas pesquisas e narrativas sobre diferentes períodos e contextos históricos. Por meio da análise crítica de um conjunto de fontes, almeja indicar possibilidades de leitura e utilização de documentos que abarquem animais como agentes centrais para processos históricos e não meras entidades passivas, marginais ou reificadas. Formas de representação de animais não humanos ainda hegemônicas na cultura e no senso comum, que também impregnam o fazer historiográfico, serão abordadas com o propósito de problematizá-las, revelando seu caráter ideológico nos marcos do capitalismo, tanto quanto o viés eurocêntrico do antropocentrismo presente na história. Por fim, planeja-se uma discussão em torno da sensibilidade capitalista contemporânea em torno da ocultação social de animais como pombos
(vistos como “pragas”), ratos (peste ou cobaia) e bois (afastados da vista urbana) e outros entes indesejados nos espaços públicos de matriz burguesa. A intenção é avaliar se tal sensibilidade ainda interfere nas perguntas que historiadoras e historiadores lançam às evidências do passado de que dispõem, restringindo assim horizontes analíticos mais inclusivos às demais espécies com as quais sempre compartilhamos a biosfera.

As aulas serão ministradas pela plataforma Google Meet.